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Cinefagia indigesta

Carlos Eduardo Lourenço Jorge - Folha de Londrina
09 nov 2007 às 09:47

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- Divulgação
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No Brasil chamadas de ''poeiras'', as salas de cinema ''grindhouse'', que funcionaram nos Estados Unidos até quase uma década atrás em quase todas as cidades daquele país, eram especializadas em filmes da série B, b de budget, orçamento, e orçamento sempre baixo. Os programadores faziam sessões corridas em que podiam ser encontrados filmes de artes marciais seguidos por um de zumbis ou por um faroeste espagueti.

Os diretores Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, fanáticos confessos por esses gêneros, decidiram em 2003 levar adiante um projeto de programa duplo batizado de ''Grindhouse''.

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Nele, Rodriguez dirigiria ''Planeta Terror'', e Tarantino ''À Prova da Morte''. E a sessão seria completada com vários trailers falsos rodados por coleguinhas destes folguedos, como Eli Roth (''Albergue'') e Rob Zombie (''A Casa dos 1000 Corpos''), entre outros.

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O arrepiante fracasso de bilheteria nos EUA, em boa parte devido ao estranho formato da sessão, obrigou os produtores a estrear os dois filmes em separado no mercado internacional. Hoje chega às telas brasileiras ''Planeta Terror'', e ''À Prova da Morte'' só deve estrear em março de 2008.

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Em ''Planeta Terror'', o texano Rodriguez se deixa levar pelo excesso e pela autoparódia ao narrar como uma pequena cidade da América profunda se transforma no próprio inferno - aliás é dele ''Um Drinque no Inferno'', aquelas orgia de vampiros num saloon de fronteira.


Uma experiência militar secreta causa a infecção e transformação dos habitantes em zumbis. A bailarina Cherry Darling (Rose McGowan, a ''Dália Negra'' de De Palma) e seu ex-namorado, o misterioso mecânico Wray (Freddy Rodriguez), enfrentam os zumbis.

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Cherry perde uma perna, que é rapidamente substituída por uma metralhadora com lança-granadas. O casal lidera pequeno grupo de sobreviventes e tenta acabar com o caos e a destruição que ameaçam o resto do mundo.


O resultado deste trash movie que se sustenta basicamente de um cardápio de homenagens e referências não propriamente cinéfilas, mas de cinefagia (desde Sergio Leone a Samuel Fuller, passando pelo cinema de Hong Kong ou pelo blaxploitation - cinema de e para negros) é uma comédia negra de ação frenética, com amputações várias, disputa matrimonial, violência de cartoon, cientista maluco, lesbianismo de gosto duvidoso, castrações, tudo salpicado aqui e ali de nus variados, além do sangue, obviamente.

No conjunto, ''Planeta Terror'' resulta muito pouco original. Um ponto mais ou menos a favor é o tratamento humorístico, e como piada-tributo é até suportável. O destaque bizarro é a sexy Rose McGowan com sua perna-metralhadora.


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