A história de "Atlantis" gira em torno da obsessão do lingüista Milo Thatch em encontrar a cidade perdida de Atlântida. A trama traz todo o misticismo que envolve a lendária cidade submersa, mas não chega a empolgar. Boa parte do relativo fracasso do desenho (perdeu feio para o concorrente "Shrek" nas bilheterias americanas e brasileiras) se deve à sua equivocada pretensão de atrair o público adolescente.
"Atlantis" não cativa as crianças e ao mesmo tempo é bobinho demais para a turma mais velha. Mais ou menos como Titan A.E., que também apostou nessa faixa etária e se deu mal.
Lógico que o filme, como toda produção Disney, dá um show na parte visual. O estúdio usa e abusa dos traços quase caricaturais, ao contrário do ultra-realismo computadorizado de "Shrek". Disney sabe o que faz e impõe seu estilo como ninguém. O visual new age dos habitantes de Atlantis é uma grande sacada e as panorâmicas da cidade submersa são de cair o queixo. Um virtuosismo que chega a ser desconcertante tamanho o apuro técnico da animação. Dá vontade do cinema ter tecla "pause" na cadeira, só para podermos observar com cuidado os detalhes dos cenários.
Mas e a história? Há alguns furos decepcionantes, ao menos para quem faz questão de roteiros bem redondinhos. Um exemplo: quando a expedição está deixando Atlantis, onde está o médico da tropa? Não dá para entender. O grupo ia deixá-lo para trás? Pelo que tudo indica, não, mas é isso que o buraco no roteiro sugere. Quem não estiver muito atento talvez não note os descuidos, mas o filme está cheio deles. Diversão garantida para quem gosta de caçar incoerências e erros de continuidade.
Outro problema é que a maioria dos personagens de "Atlantis" não têm um desenvolvimento muito consistente. A exceção é o casal protagonista, o desajeitado Milo e a pin up mística Kida. Os demais não chamam a atenção: nenhum "coadjuvante" rouba a cena, como costuma acontecer nos desenhos Disney. Todos parecem estar ali para tapar os buracos do roteiro inconsistente e não para conquistar um espaço na memória do público, como os neo-hippies Timão e Pumba de "O Rei Leão" ou o dragãozinho Mushu de "Mulan".
O pouco humor do filme fica por conta de uma velha telefonista que passa o filme todo com um cigarro na boca. Ela provoca algumas risadas mas acaba por se tornar repetitiva. E os vilões de "Atlantis" são fichinha perto de outros da galeria Disney. É só lembrar do cinismo de Scar em "O Rei Leão" ou do sarcasmo da bruxa Ursula em "A Pequena Sereia" para sentir saudades desses personagens. Aliás, qual é mesmo o nome dos vilões de "Atlantis"?
Mesmo com todos os defeitos do roteiro, "Atlantis" ainda é um bom programa para quem gosta de animações. Descontado o erro de apostar no público teen, o desenho é tecnicamente imbatível, como nenhum outro estúdio sabe fazer.
"Atlantis" não cativa as crianças e ao mesmo tempo é bobinho demais para a turma mais velha. Mais ou menos como Titan A.E., que também apostou nessa faixa etária e se deu mal.
Lógico que o filme, como toda produção Disney, dá um show na parte visual. O estúdio usa e abusa dos traços quase caricaturais, ao contrário do ultra-realismo computadorizado de "Shrek". Disney sabe o que faz e impõe seu estilo como ninguém. O visual new age dos habitantes de Atlantis é uma grande sacada e as panorâmicas da cidade submersa são de cair o queixo. Um virtuosismo que chega a ser desconcertante tamanho o apuro técnico da animação. Dá vontade do cinema ter tecla "pause" na cadeira, só para podermos observar com cuidado os detalhes dos cenários.
Mas e a história? Há alguns furos decepcionantes, ao menos para quem faz questão de roteiros bem redondinhos. Um exemplo: quando a expedição está deixando Atlantis, onde está o médico da tropa? Não dá para entender. O grupo ia deixá-lo para trás? Pelo que tudo indica, não, mas é isso que o buraco no roteiro sugere. Quem não estiver muito atento talvez não note os descuidos, mas o filme está cheio deles. Diversão garantida para quem gosta de caçar incoerências e erros de continuidade.
Outro problema é que a maioria dos personagens de "Atlantis" não têm um desenvolvimento muito consistente. A exceção é o casal protagonista, o desajeitado Milo e a pin up mística Kida. Os demais não chamam a atenção: nenhum "coadjuvante" rouba a cena, como costuma acontecer nos desenhos Disney. Todos parecem estar ali para tapar os buracos do roteiro inconsistente e não para conquistar um espaço na memória do público, como os neo-hippies Timão e Pumba de "O Rei Leão" ou o dragãozinho Mushu de "Mulan".
O pouco humor do filme fica por conta de uma velha telefonista que passa o filme todo com um cigarro na boca. Ela provoca algumas risadas mas acaba por se tornar repetitiva. E os vilões de "Atlantis" são fichinha perto de outros da galeria Disney. É só lembrar do cinismo de Scar em "O Rei Leão" ou do sarcasmo da bruxa Ursula em "A Pequena Sereia" para sentir saudades desses personagens. Aliás, qual é mesmo o nome dos vilões de "Atlantis"?
Mesmo com todos os defeitos do roteiro, "Atlantis" ainda é um bom programa para quem gosta de animações. Descontado o erro de apostar no público teen, o desenho é tecnicamente imbatível, como nenhum outro estúdio sabe fazer.