Mais ou menos como em ''O Sexto Sentido'', aquele filme de M. Night Shyamalan com Bruce Willis e o garoto que via gente morta, ''O Amigo Oculto'' é um desses filmes com uma retumbante e fundamental guinada em seu terço final, aquela reviravolta que se espera seja mantida em absoluto sigilo para que o espectador que vier depois receba o mesmo surpreendente impacto.
Mas o tal segredo para que isto aconteça é que o filme que se está assistindo seja interessante, tanto antes como depois da revelação bombástica.
Isto, porém, não acontece com quase sempre incoerente e ''Amigo Oculto'': mentirosa trama de ''Hyde and Seek'', cujos melhores momentos só chegam quando Rober De Niro se cansa de bancar o psiquiatra chato e, de faca em punho, incorpora o bom e velho espírito do Jack Nicholson de ''O Iluminado''. Mas isto, claro, será logo depois da referida guinada.
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Filme de terror imaginado para um público que não é sócio de carteirinha do gênero, a maior atração aqui é o primeiro papel para Robert De Niro. Quem surge a seu lado é a garota Dakota Fanning, recém saída do celeiro de pequenas-revelações-quase-celebridades hollywoodianas, vista há pouco em ''Chamas da Vingança''.
Eles são pai e filha, mais unidos depois do suicídio da mãe (Amy Irving). Para atenuar o trauma da menina pela perda da mãe, papai De Niro se muda para um casarão no campo, que pode tanto ser o local ideal para a cura do espírito como para acirrar o terror psicológico.
Como rezam os gastos manuais de clichês, há vários personagens secundários, embaixadores e/ou eventuais autores do terror que se avizinha. Alguns morrem, outros são preservados como peças essenciais para a carta na manga ao final. E também a trilha sonora não deixará de lembrar, a todo momento, que o terror virá mesmo, de qualquer maneira.
Não há muito mais para dizer de ''O Amigo Oculto'' sem comprometer o desfrute trash de seu final freak e infeliz. Abúlico e ostensivamente trapaceiro, o filme se qualifica como mais uma demonstração de que há mais de uma década De Niro perdeu a confiança no cinema sério. E que nós, que o admiramos há muito mais tempo, estamos perdendo a confiança nele.