Para todos os gostos
Depois da dobradinha em "Forrest Gump - O Contador de Histórias" - rendendo cinco prêmios da Academia Cinematográfica de Hollywood para o diretor Robert Zemeckis e o Oscar de melhor ator para o protagonista Tom Hanks - os dois voltam em um novo trabalho conjunto, o longa-metragem "Náufrago".
Um verdadeiro deleite para o bom humor e encabeçando a lista dos filmes recentes mais engraçados ao lado de "Entrando Numa Fria", "Náufrago", sem dúvida, diverte o público, apesar de não ser essa a intenção. A produção imaginava um conto dramático que exaltasse o espírito de sobrevivência humano. Mesmo assim, cinema também é entretenimento, e ainda que Tom Hanks e Robert Zemeckis não tivessem a menor idéia de que estavam criando uma comédia, isso não deve ser considerado um ponto negativo.
O trailer do filme não esconde nada da trama. Hanks é Chuck Noland, um executivo sério e exigente que trabalha para a FedEx e em uma de suas constantes viagens acaba sendo o único sobrevivente de um acidente aéreo no oceano pacífico. Por sorte, seu bote salva-vidas é arrastado pelas ondas até uma ilha deserta, onde ele permanece por quatro anos após ser definitivamente dado como morto.
Tom Hanks teve a idéia original do filme há seis anos, a qual, do ponto de vista de um ator, tinha de ser irresistível. Que jeito melhor de conquistar o terceiro Oscar do que passar dois terços do filme representando o único ser humano no telão? E que jeito melhor de provar sua seriedade como artista do que perder mais de vinte e cinco quilos e deixar crescer uma barba enorme? Depois de receber o Globo de Ouro 2001 de melhor ator, será praticamente impossível não ganhar o prêmio da Academia.
Robert Zemeckis, por sua vez, é um grande cineasta e é por isso que, apesar do conceito primordial do filme ter sido mal conduzido, "Náufrago" é qualquer coisa menos incompetente. De fato, os primeiros trinta minutos que precederam o isolamento de Hanks na ilha foram muito bem feitos. A cena do acidente aéreo é o melhor exemplo. Chuck está viajando em um avião de carga da empresa e quando tudo parecia normal, seu vôo entra em uma turbulência e, pouco tempo depois, colide com o oceano. Aqueles que morrem de medo de viajar de avião vão ficar ‘rebobinando’ essa seqüência do filme em seus pesadelos.
É a partir daí que começa a melhor parte do filme. Para realizar as cenas na ilha, Zemeckis empregou uma estratégia realística no uso do som. Ele permite que a ilha fale por si mesma. Não há trilha sonora, somente os barulhos que surgem desse pedaço de terra e do mar. Hanks dá um show de performance com noventa minutos de duração. Ele é tão bom que o público esquece que está assistindo a um ator milionário perambulando de um lado para o outro, fingindo ser a única pessoa a viver naquele lugar, mesmo estando a poucos metros de uma numerosa equipe de produção, um camarim confortável e um refeitório de primeira.
Hanks é um comediante nato e uma figura carismática. A cada trapalhada sua os espectadores rolam de rir. Cada uma de suas tentativas mal-sucedidas de achar o que comer, fazer fogo ou escapar da ilha, provoca risadas histéricas como há muito não se ouvia. "Náufrago" revela-se um filme no qual Hanks passa quarenta e cinco minutos falando com uma bola de vôlei, a qual ele deu o nome de Wilson. Você não viu nada até presenciar Tom Hanks, com o rosto coberto por pêlos, se desculpando para uma bola ou chorando porque ela desapareceu.
Cenas como essas não são meramente gratuitas, elas têm um propósito: mostrar o desespero de Chuck, um homem comum isolado do mundo e de qualquer contato social. E não é só isso, elas ainda deixam bem claro até que ponto um ator pode chegar para ser nomeado ao Oscar. Mas Hanks não chega a ser um ‘fominha’ completo pelo simples motivo de Helen Hunt fazer parte do elenco.
A atriz, que já ganhou o Oscar por sua atuação em "Melhor É Impossível", interpreta Kelly Frears, a mulher que Chuck ama e espera poder ver novamente. Sua interpretação é adorável e afetuosa, simples e serena. Mas a parte final do filme tenta elevar o clima do enredo à uma complexidade filosófica, a um sentimentalismo fora de contexto que não deixa outra alternativa à personagem de Hunt a não ser guardar uma admiração pela coragem e nobreza do herói da história, Tom Hanks. É dessa mesma forma que os realizadores do filme esperam que o público reaja.
Um verdadeiro deleite para o bom humor e encabeçando a lista dos filmes recentes mais engraçados ao lado de "Entrando Numa Fria", "Náufrago", sem dúvida, diverte o público, apesar de não ser essa a intenção. A produção imaginava um conto dramático que exaltasse o espírito de sobrevivência humano. Mesmo assim, cinema também é entretenimento, e ainda que Tom Hanks e Robert Zemeckis não tivessem a menor idéia de que estavam criando uma comédia, isso não deve ser considerado um ponto negativo.
O trailer do filme não esconde nada da trama. Hanks é Chuck Noland, um executivo sério e exigente que trabalha para a FedEx e em uma de suas constantes viagens acaba sendo o único sobrevivente de um acidente aéreo no oceano pacífico. Por sorte, seu bote salva-vidas é arrastado pelas ondas até uma ilha deserta, onde ele permanece por quatro anos após ser definitivamente dado como morto.
Tom Hanks teve a idéia original do filme há seis anos, a qual, do ponto de vista de um ator, tinha de ser irresistível. Que jeito melhor de conquistar o terceiro Oscar do que passar dois terços do filme representando o único ser humano no telão? E que jeito melhor de provar sua seriedade como artista do que perder mais de vinte e cinco quilos e deixar crescer uma barba enorme? Depois de receber o Globo de Ouro 2001 de melhor ator, será praticamente impossível não ganhar o prêmio da Academia.
Robert Zemeckis, por sua vez, é um grande cineasta e é por isso que, apesar do conceito primordial do filme ter sido mal conduzido, "Náufrago" é qualquer coisa menos incompetente. De fato, os primeiros trinta minutos que precederam o isolamento de Hanks na ilha foram muito bem feitos. A cena do acidente aéreo é o melhor exemplo. Chuck está viajando em um avião de carga da empresa e quando tudo parecia normal, seu vôo entra em uma turbulência e, pouco tempo depois, colide com o oceano. Aqueles que morrem de medo de viajar de avião vão ficar ‘rebobinando’ essa seqüência do filme em seus pesadelos.
É a partir daí que começa a melhor parte do filme. Para realizar as cenas na ilha, Zemeckis empregou uma estratégia realística no uso do som. Ele permite que a ilha fale por si mesma. Não há trilha sonora, somente os barulhos que surgem desse pedaço de terra e do mar. Hanks dá um show de performance com noventa minutos de duração. Ele é tão bom que o público esquece que está assistindo a um ator milionário perambulando de um lado para o outro, fingindo ser a única pessoa a viver naquele lugar, mesmo estando a poucos metros de uma numerosa equipe de produção, um camarim confortável e um refeitório de primeira.
Hanks é um comediante nato e uma figura carismática. A cada trapalhada sua os espectadores rolam de rir. Cada uma de suas tentativas mal-sucedidas de achar o que comer, fazer fogo ou escapar da ilha, provoca risadas histéricas como há muito não se ouvia. "Náufrago" revela-se um filme no qual Hanks passa quarenta e cinco minutos falando com uma bola de vôlei, a qual ele deu o nome de Wilson. Você não viu nada até presenciar Tom Hanks, com o rosto coberto por pêlos, se desculpando para uma bola ou chorando porque ela desapareceu.
Cenas como essas não são meramente gratuitas, elas têm um propósito: mostrar o desespero de Chuck, um homem comum isolado do mundo e de qualquer contato social. E não é só isso, elas ainda deixam bem claro até que ponto um ator pode chegar para ser nomeado ao Oscar. Mas Hanks não chega a ser um ‘fominha’ completo pelo simples motivo de Helen Hunt fazer parte do elenco.
A atriz, que já ganhou o Oscar por sua atuação em "Melhor É Impossível", interpreta Kelly Frears, a mulher que Chuck ama e espera poder ver novamente. Sua interpretação é adorável e afetuosa, simples e serena. Mas a parte final do filme tenta elevar o clima do enredo à uma complexidade filosófica, a um sentimentalismo fora de contexto que não deixa outra alternativa à personagem de Hunt a não ser guardar uma admiração pela coragem e nobreza do herói da história, Tom Hanks. É dessa mesma forma que os realizadores do filme esperam que o público reaja.