Poucos discutem se "O Resgate do Soldado Ryan" é ou não um marco na era moderna dos filmes de guerra. O fato é que Steven Spielberg, de forma bem sucedida, transportou o público a um destino e a uma época nem um pouco agradáveis: o campo de batalha na praia de Omaha, um local de horror e carnificina. Nos primeiros 30 minutos, através de uma descrição gráfica do combate ocorrido na Segunda Guerra Mundial, Spielberg mostrou a definição de guerra. Com uma autenticidade estonteante, a seqüência tornou-se inesquecível.
As cenas que abrem "Círculo de Fogo", mais um épico sobre a Segunda Grande Guerra em cartaz, garantem uma comparação com aquela primeira meia hora de "O Resgate do Soldado Ryan". O filme inicia com a pouco divulgada, mas sangrenta, Batalha de Stalingrado. Neste cenário encontra-se, de um lado, Vassili Zaitsev (Jude Law, de "O Talentoso Ripley"), um jovem militar russo treinado pelo avô para caçar lobos desde os cinco anos de idade, e seus compatriotas da resistência soviética.
Do outro lado, o temível exército alemão, com seus bem posicionados atiradores, arrasa a milícia russa. Com sangue de russo derramado para tudo quanto é lado, a seqüência é de tirar o fôlego, mérito que deve ser creditado a efeitos especiais extremamente bem realizados e a um primor de edição de imagens que, com perfeição, captura todo o frenesi da batalha. De um ponto de vista técnico, portanto, o diretor e co-roteirista francês Jean-Jacques Annaud ("Sete Anos no Tibete" e "O Nome da Rosa") criou uma surpreendente obra cinematográfica.
Vassili sobrevive ao massacre e, entre corpos dilacerados, encontra o oficial político Danilov (Joseph Fiennes, de "Shakespeare Apaixonado" e "Elizabeth"), que testemunhou sua incrível habilidade com o rifle, uma vez que o jovem atirador, sozinho, derrubou meia dúzia de nazistas durante o combate. Assim como o espectador, Danilov ficou de queixo caído com a mira do rapaz e não pensou duas vezes na hora de fazer propaganda sobre seu triunfo por toda Stalingrado.
Danilov tornou-se uma espécie de Washington Olivetto e Vassili uma celebridade entre seus camaradas, um herói, uma esperança para um exército com muitas baixas. O roteiro, em algumas ocasiões chega a ser piegas, mas não perde credibilidade por manter seu foco em uma fábula local ao invés de se ater aos fatos históricos. Pelo contrário, as cenas envolvendo o exímio atirador russo e seu carrasco alemão (Ed Harris, indicado ao Oscar 2001 por "Pollock"), o qual tem a única missão de eliminá-lo, são cheias de suspense e tensão.
Os vários momentos de revelação, a hora da verdade, entre os dois experientes atiradores são de arrepiar os cabelos da platéia e servem ainda para mostrar Jude Law e Ed Harris em atuações excepcionais. Law, o bon-vivant que virou vítima do camaleônico Matt Damon em "O Talentoso Ripley", tem aqui uma performance sólida como o jovem atirador russo. O galã loiro prova, novamente, que não é apenas mais um rostinho bonito nas telas de cinema, mas isso o espectador já sabia.
Seu rival em cena, o ator Ed Harris concede à sua personagem, o major König, um ar de distinção e nobreza. Quando o atirador nazista poderia apresentar apenas um caráter cruel e implacável, a marca de um ator veterano e escolado na profissão se faz notar. Assim como a maioria do elenco, formado principalmente por britânicos, Harris não tem um sotaque apropriado. Se o público fechar os olhos e prestar atenção somente nas falas, o exército russo parece mais estar sendo atacado por ingleses e não por nazistas alemães.
Se o espectador não for chato o bastante para ficar encucando com o sotaque do elenco, vai ter a chance de aproveitar um dos pouquíssimos filmes nestes últimos dois anos do qual se pode afirmar: esse é bom. Quem vai assistir a "Círculo de Fogo" sai satisfeito de um jeito ou de outro: o filme reúne com maestria ação, suspense, drama e romance, além de ser um alívio para os amantes da sétima arte. Afinal de contas, não dava mais para agüentar os norte-americanos levando todos os méritos por salvar a humanidade das atrocidades cometidas pelos nazi-facistas décadas atrás.
As cenas que abrem "Círculo de Fogo", mais um épico sobre a Segunda Grande Guerra em cartaz, garantem uma comparação com aquela primeira meia hora de "O Resgate do Soldado Ryan". O filme inicia com a pouco divulgada, mas sangrenta, Batalha de Stalingrado. Neste cenário encontra-se, de um lado, Vassili Zaitsev (Jude Law, de "O Talentoso Ripley"), um jovem militar russo treinado pelo avô para caçar lobos desde os cinco anos de idade, e seus compatriotas da resistência soviética.
Do outro lado, o temível exército alemão, com seus bem posicionados atiradores, arrasa a milícia russa. Com sangue de russo derramado para tudo quanto é lado, a seqüência é de tirar o fôlego, mérito que deve ser creditado a efeitos especiais extremamente bem realizados e a um primor de edição de imagens que, com perfeição, captura todo o frenesi da batalha. De um ponto de vista técnico, portanto, o diretor e co-roteirista francês Jean-Jacques Annaud ("Sete Anos no Tibete" e "O Nome da Rosa") criou uma surpreendente obra cinematográfica.
Vassili sobrevive ao massacre e, entre corpos dilacerados, encontra o oficial político Danilov (Joseph Fiennes, de "Shakespeare Apaixonado" e "Elizabeth"), que testemunhou sua incrível habilidade com o rifle, uma vez que o jovem atirador, sozinho, derrubou meia dúzia de nazistas durante o combate. Assim como o espectador, Danilov ficou de queixo caído com a mira do rapaz e não pensou duas vezes na hora de fazer propaganda sobre seu triunfo por toda Stalingrado.
Danilov tornou-se uma espécie de Washington Olivetto e Vassili uma celebridade entre seus camaradas, um herói, uma esperança para um exército com muitas baixas. O roteiro, em algumas ocasiões chega a ser piegas, mas não perde credibilidade por manter seu foco em uma fábula local ao invés de se ater aos fatos históricos. Pelo contrário, as cenas envolvendo o exímio atirador russo e seu carrasco alemão (Ed Harris, indicado ao Oscar 2001 por "Pollock"), o qual tem a única missão de eliminá-lo, são cheias de suspense e tensão.
Os vários momentos de revelação, a hora da verdade, entre os dois experientes atiradores são de arrepiar os cabelos da platéia e servem ainda para mostrar Jude Law e Ed Harris em atuações excepcionais. Law, o bon-vivant que virou vítima do camaleônico Matt Damon em "O Talentoso Ripley", tem aqui uma performance sólida como o jovem atirador russo. O galã loiro prova, novamente, que não é apenas mais um rostinho bonito nas telas de cinema, mas isso o espectador já sabia.
Seu rival em cena, o ator Ed Harris concede à sua personagem, o major König, um ar de distinção e nobreza. Quando o atirador nazista poderia apresentar apenas um caráter cruel e implacável, a marca de um ator veterano e escolado na profissão se faz notar. Assim como a maioria do elenco, formado principalmente por britânicos, Harris não tem um sotaque apropriado. Se o público fechar os olhos e prestar atenção somente nas falas, o exército russo parece mais estar sendo atacado por ingleses e não por nazistas alemães.
Se o espectador não for chato o bastante para ficar encucando com o sotaque do elenco, vai ter a chance de aproveitar um dos pouquíssimos filmes nestes últimos dois anos do qual se pode afirmar: esse é bom. Quem vai assistir a "Círculo de Fogo" sai satisfeito de um jeito ou de outro: o filme reúne com maestria ação, suspense, drama e romance, além de ser um alívio para os amantes da sétima arte. Afinal de contas, não dava mais para agüentar os norte-americanos levando todos os méritos por salvar a humanidade das atrocidades cometidas pelos nazi-facistas décadas atrás.