As polêmicas em torno do filme "Chatô" parecem não ter fim. O longa dirigido por Guilherme Fontes finalmente estreou na última semana, após quase 20 anos do início da produção e ainda com um processo pendente na justiça, mas o ator e cineasta terá um novo problema pela frente: Philippe Bandeira de Mello, o neto de Assis Chateaubriand, acusa Fontes de retratar o magnata das comunicações de forma deturpada e ofensiva em seu longa-metragem, e ameaça iniciar um processo judicial.
Ao UOL o advogado Fredímio Biasotto Trotta disse que a família de Chatô está horrorizada com o filme e que tomará as medidas judiciais cabíveis.
Trotta afirma que uma notificação extrajudicial foi enviada a três redes de cinema --Cinemark, Cinépolis e Grupo Estação--, pedindo a suspensão da exibição até que as cenas caluniosas fossem retiradas. "A notificação foi feita antes de a família assistir ao longa, mas o cenário é bem pior do que imaginávamos. O filme retrata Chatô como um pedófilo. É uma situação completamente absurda", disse o advogado. O UOL também entrou em contato com as redes citadas pelo advogado, que se pronunciaram afirmando que não foram notificadas até o momento.
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Entre as supostas injúrias que o advogado aponta no filme estão os muitos filhos não reconhecidos de Chateaubriand e insinuações de assassinatos. "O filme não mostra os feitos do Chatô e a vida dele vira um julgamento 'chaqrinhesco', no qual Guilherme Fontes tenta descaracterizar a alcunha 'de rei do Brasil'. A família vai tomar as medidas cabíveis. A liberdade de expressão não dá direito de ofender o próximo". Diante do cenário, o advogado diz que a família estuda mover um processo judicial contra a produção.
Procurado pela reportagem, Guilherme Fontes afirma que tratou o personagem com "dignidade e importância", e que não coloca Chatô como assassino. "Eu não considero o que ele [neto do Chatô] está dizendo. Eu trato o personagem com a maior dignidade e importância".
Em sua página no Facebook, Fernando Morais, autor do livro no qual o filme se inspira, defendeu o cineasta. "Os herdeiros alegam que no filme Chateaubriand é acusado de matar o presidente da república e de seduzir e estuprar uma menor de idade. Não sei que filme os herdeiros de Chatô assistiram, mas certamente não foi o que eu e centenas de pessoas vimos anteontem em São Paulo. No filme (e no livro), Chatô não mata ninguém", disse o escritor. "Quanto à 'menor', Chatô não seduziu nem estuprou. Ele, aos 42 anos, casou-se com a garota, que tinha então 16 anos. Os herdeiros de Chatô talvez não saibam, mas a ditadura acabou há trinta anos e com ela, felizmente, a censura", concluiu.
(com informações do site UOL)