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Menos receptiva

Brasil tem somente três participações em Cannes

Agência Estado
17 mai 2017 às 09:03
- Reprodução/Instagram
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Em Berlim, em fevereiro, houve expressiva participação brasileira nas diferentes seções do festival. Cannes não está sendo tão receptiva. Teremos um brasileiro na presidência do júri - da mostra Semana da Crítica. O prestígio talvez seja mais de Kleber Mendonça Filho, o diretor de O Som ao Redor e Aquarius, que concorreu no ano passado.

A mostra Semana da Crítica é a mais compacta de Cannes - sete longas e alguns curtas. É a única seção deste ano que terá filme brasileiro. Gabriel e a Montanha há tempos era um projeto que falava ao coração do diretor Fellipe Barbosa. Terminou atropelando o que deveria ter sido seu longa após Casa Grande. De alguma forma, Casa Grande se inscreveu na vertente de O Som ao Redor, de Kleber Mendonça, e Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert, que discutem relações 'de classe’ no Brasil.

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Na sequência, Barbosa planejava um filme no Rio Grande do Sul, mas Gabriel e a Montanha terminou por se impor. Inspira-se numa história tristemente real. O Gabriel do título é, ou era, Gabriel Buchmann, amigo do diretor do colégio e da faculdade no Rio. Gabriel, 'o cérebro mais brilhante da PUC’, resolveu pesquisar a pobreza no mundo. Foi à África. E morreu na tal montanha do título - o Monte Mulanje, onde, conta a lenda, JRR Tolkien teve a inspiração para O Senhor dos Anéis.

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Le Palais se prépare... The Palais is getting ready... #Cannes2017 #lights #RuePrincipale #Palais

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Fellipe Barbosa parte em busca do amigo. À reportagem, declarou que achava, inicialmente, que o filme talvez fosse um corpo meio estranho em sua obra ainda jovem. Ele vê perfeitamente as conexões entre O Som ao Redor, Casa Grande e Que Horas Ela Volta? A propósito, garante que o fato de Kleber Mendonça Filho ocupar a presidência do júri da Semana da Crítica "não tem nada a ver. Admiro-o, e ele sabe, mas tenho certeza que isso não vai influir em nada". Barbosa achava que seria diferente, mas agora, com o novo filme pronto, já consegue unir as pontas.


"Casa Grande terminava com o garoto na janela, encarando o mundo. Gabriel e a Montanha vai um passo adiante. O garoto agora é um homem e está no meio da África, tentando se entender a si mesmo e ao mundo."

Talvez o que tenha motivado Barbosa foi o e-mail que recebeu de Gabriel Buchmann, pouco antes de sua morte. "Os colegas achavam loucura ele querer estudar a pobreza na África, mas Gabriel estava feliz. Acho que essa felicidade é o que quero resgatar." Haverá também um curta brasileiro na mostra Cinéfondation, dedicada a filmes de universitários. Vazio do Lado de Fora tem direção de Eduardo Brandão Filho, da Universidade Federal Fluminense.


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