Ela vai de encontro aos conceitos popularizados de que a arquitetura deve propor uma aparência limpa e perfeita. É nessa contramão que a arquitetura brutalista tem revelado um outro olhar sobre os projetos, sugerindo a aparência de concretos e demais recursos estruturais em busca de um resultado estético.
Le Corbusier, um dos mais importantes arquitetos do século XX é apontado como prenunciador do movimento brutalismo que, no Brasil, teve forte influência nos representantes da Escola Paulista, entre eles, nomes conhecidos como Paulo Mendes da Rocha e Ruy Ohtake.
''A ideia de se expor materiais de construção não é nova, vem de algumas correntes estéticas como o brutalismo e o tecnicismo, que são sempre uma fonte de inspiração, já que o momento atual nos faz refletir sobre a função, a aparência e o ornamento'', diz o arquiteto Guilherme Torres, que optou por deixar bem claro sua inclinação por esta corrente de arquitetura, em sua residência em Londrina.
''Decidi deixar todos os materiais desnudos em minha casa por uma questão prática. Fiz a reforma por ter vários problemas relacionados à umidade e quando percebi que seria necessário remover todo o reboco das paredes, optei por deixar o tom do mesmo'', explica.
A mesma ideia se aplicou às instalações elétricas. ''O imóvel é antigo e não suportava mais nenhum upgrade na rede existente. Cancelei tudo e refiz tudo aparente para criar algumas linhas e dar movimento na arquitetura'', conta Guilherme, justificando que a sinceridade e integridade de qualquer material é o que mais lhe atrai. ''Todo material tem sua beleza e explorá-la com propriedade é nosso maior desafio'', diz.
Inspirado também por este estilo, o arquiteto Vitor Penha, que atua em São Paulo, pensou em revelar paredes criando uma linha simples, porém muito provocativa e conceitual, para o Manioca, um espaço de eventos do conhecido restaurante Maní.
''É um projeto preciso, pensado no improviso do nascimento espontâneo e na busca da beleza no simples. Um ambiente que já nasce produzido pela própria concepção arquitetônica'', completa.
Para o espaço, que tem um total de 337 metros quadrados e comporta 200 pessoas, Vitor focou no reaproveitamento de materiais e na capacidade de reinventar, descascando paredes de tijolos que alojam o bar e a cozinha, em uma referência clara às nossas origens.
Na residência do arquiteto Guilherme Torres em Londrina, destaque para os tubos de energia aparentes e o tom de reboco nas paredes
O arquiteto Guilherme Torres optou em deixar materiais desnudos por uma questão prática, o que resultou também em efeitos estéticos em sua residência
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Para o espaço de eventos Manioca, em São Paulo, o arquiteto Vitor Penha descascou paredes de tijolos e utilizou pisos de cimento queimado
Os ambientes do Manioca também ganharam personalidade através dos revestimentos de madeiras de demolição com pinturas naturais (direita)
No detalhe a esquerda, os tubos de energia aparentes e o tom de reboco na parede do quarto do arquiteto Guilherme Torres