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Legado do mestre

Livro desvenda a obra de Oscar Niemeyer

Liliana Onozato - Folha Casa & Conforto
31 dez 1969 às 21:33
Em primeiro plano, vista do topo da escada revela a rocha que foi incorporada ao projeto. Ao fundo, a sala de estar - Arquivo Pessoal do autor
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Se a luz foi para Oscar Niemeyer elemento norteador de projetos, uma vez que eles se caracterizam pela experiência com distintas camadas de opacidade e transparência, a poética de sua utilização inspirou outro arquiteto a abordá-la em dissertação e tese. Agora, Paulo Marcos Mottos Barnabé, docente do departamento de Arquitetura da Universidade Estadual de Londrina, lança pela Eduel o livro que levanta uma discussão sobre a obra desse artista.
Sobre alguns aspectos da obra - ''Poética da Luz Natural na Obra de Oscar Niemeyer'' - Barnabé falou à Casa & Conforto, dando destaque à arquitetura de residências, a qual permitiu que Niemeyer mantivesse um distanciamento das composições racionalistas. Confira os principais trechos da entrevista.

Qual seu interesse pelo legado de Oscar Niemeyer?
Professor há mais de 23 anos na UEL, tenho pesquisado sobre o processo de concepção em arquitetura, estudando arquitetos renomados com qualidades comprovadas em sua produção. Oscar Niemeyer é um desses mestres. Amado e odiado, figura controvertida, sobre cuja obra muito se escreveu, mas da qual ainda muito pouco se esclareceu. Aos 100 anos, seu nome ainda consegue imprimir sobre a crítica um juízo favorável, excluindo diversos de sua geração com produção arquitetônica efêmera. Niemeyer é um dos arquitetos que em seus projetos extrapola as questões apenas higienicistas ou de conforto, para caracterizar o uso da luz natural também como elemento de valorização ambiental e plástica.

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Como ele conseguiu aliar beleza e conforto térmico nos projetos residenciais uma vez que o concreto está sempre evidente em seu trabalho?
Pode-se obter uma construção confortável independentemente do material de que é feita. Isso depende de como se usa esse material. A Casa das Canoas é um exemplo disso; mais que bela, é extremamente confortável, adequando-se ao clima carioca, aproveitando e voltando-se para as brisas do mar, protegendo-se sob as sombras da floresta. As grandes lajes de concreto sombreiam as paredes verticais; as paredes grossas, com grande inércia térmica, auxiliam na redução da temperatura, além, é claro, de o arquiteto ter usado a ventilação cruzada e aproveitado as brisas do mar.

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O que Niemeyer trouxe de inovador nos projetos residenciais?
Muitos falam que Niemeyer não é um arquiteto contextualista, que não considera os aspectos relevantes do local. Em relação às casas que projetou, isso se mostra extremamente inverídico. Suas casas foram respostas às condicionantes locais. Quando se estuda a Casa das Canoas, cosntruída para a sua família, percebe-se que ela se adapta ao clima do Rio de Janeiro e suas paisagens maravilhosas: parte da Floresta da Tijuca e o mar inferior, a praia de São Conrado. A grande contribuição do arquiteto foi justamente adequar-se ao contexto, ao ser humano que a irá vivenciar. E mais, não se conformar em repetir modelos, criar sobre suas referências. Caracterizar espaços de intimidade e de sociabilidade através da manipulação de poucos elementos construídos.

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Fale um pouco sobre a exploração da luz nos projetos residenciais do arquiteto.
A luz natural foi para Niemeyer matéria-prima para criar arquitetura. Ele a considerou no momento da concepção como mais um elemento construtivo, assim como o mármore ou o concreto, base fundamental para agregar valor ao objeto construído. Fez isso de forma primorosa na Casa das Canoas: primeiro a luz foi trabalhada para enriquecer nossa experiência ao percorrer seus espaços, aquilo que chamamos de ''promenade arquiteturale''. Chega-se por caminhos sombreados pela mata e avista-se a casa como um ponto focal luminoso branco no meio de uma clareira. Para cada luminosidade necessária foi projetado um tipo de abertura: panos de vidro do piso ao teto e à meia altura, janelas pontuais pequenas, de 20 cm de diâmetro, janelas projetantes com venezianas, janelas embutidas em rasgos na alvenaria, etc.


A respeito da ventilação cruzada, de que modo ela é aplicada nos projetos dele?
A arquitetura de Niemeyer se mostra mestiça: grandes planos de vidro que se abrem e propiciam ventilação cruzada; outros volumes, fechados para preservar a intimidade. Muitas vezes, existem duas peles sobrepostas, uma pele de vidro e uma vazada - inspirada nos muxarabis e treliçados coloniais - que garantem o contato visual com o exterior, a ventilação cruzada e a privacidade.

É possível citar pontos negativos, de modo geral, nas obras de Niemeyer?
Não conheço nenhuma obra de arquitetura ou de engenharia que não tenha pontos negativos. Muito menos obras vernaculares. Alguns críticos citam que em algumas obras Niemeyer negligenciou questões funcionais e de conforto ambiental, em detrimento de suas qualidades espaciais e formais. Algumas têm mesmo alguns problemas, mas elas sempre apresentam tantas outras qualidades que se sobrepõem a esses aspectos. Muitos dos grandes arquitetos tiveram que eleger prioridades, questões que se sobrepunham a algumas necessidades mais imediatas para tornar suas obras perenes, com qualidades que transcendessem ao uso imediato e momentâneo. Achar que uma obra possa responder a todas as questões é uma ingenuidade.


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