Apesar de representarem problemas de segurança e funcionamento, instalações inadequadas ocasionam um desperdício de energia bem menor, quando comparado ao que resulta dos hábitos de consumo e de alguns tipos de iluminação e eletrodomésticos de baixa eficiência.
Para estimar a perda média de energia ocasionada por incorreções em instalações residenciais, o engenheiro eletricista Ricardo Santos d'Avila reuniu em sua pesquisa dados disponibilizados por outros estudos e associações de fabricantes, com resultados obtidos em experimentos realizados nos laboratórios da Seção Técnica de Altas Correntes do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da Universidade de São Paulo (USP).
O cálculo foi feito considerando-se apartamentos de 50 até 100 metros quadrados que apresentassem inadequações em componentes das instalações (interruptores, plugues, tomadas, disjuntores e emendas) e na seção (calibre) do fio de cobre utilizado.
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A espessura do fio de cobre escolhido para uma instalação deve ser apropriada à corrente elétrica que vai passar por ele, como explica o engenheiro: ''Fios de menor seção representam economia imediata, já que o cobre é um material caro, que vem sofrendo sucessivas altas de preço nos últimos anos. Apesar disso, fios muito finos, usados para passagem de altas correntes, ocasionam superaquecimento do material, o que pode trazer perda de energia e, principalmente, riscos à segurança''.
De acordo com o pesquisador, a questão da segurança de equipamentos e peças evoluiu bastante no Brasil - para ser comercializados esses produtos devem levar o selo de segurança do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). ''O problema é que os materiais, mesmo certificados, passam sempre pela intervenção da mão-de-obra de eletricistas e operários, que muitas vezes não têm a qualificação necessária para realizar a instalação'', ressalta.
Para diminuir este problema, organizações de engenheiros, fabricantes, bombeiros e sindicatos têm promovido programas de orientação, qualificação da mão-de-obra e também de inspeções de instalações para diagnosticar erros e propor ajustes. Como exemplo, ele cita o Programa Casa Segura, uma parceria desses grupos que busca orientar a população sobre a necessidade de se modernizar as instalações elétricas.
Eletrodomésticos ineficientes
Hábitos pouco econômicos dos consumidores, como banhos demorados e com o chuveiro na chave ''inverno'' durante o verão, portas de geladeira abertas várias vezes ao dia, sem necessidade, luzes - principalmente as incandescentes - acesas de dia, e máquinas de lavar roupas ligadas sem estarem cheias, precisam ser mudados. Mas eletrodomésticos ineficientes também têm grande parcela de culpa no desperdício de energia.
''O conceito de eficiência energética é ligado à conversão da energia: a quantidade do consumo para aquecimento, resfriamento, movimento, etc. - com as menores perdas possíveis. As perdas sempre ocorrem por questões físicas, em função das chamadas Leis da Termodinâmica'', esclarece o engenheiro, acrescentando que defeitos nas vedações e isolações térmicas destes aparelhos podem trazer o mesmo problema.
Na mesma pesquisa, d'Avila também avaliou perdas em outros tipos de condutores, usados em instalações onde há maior gasto de energia, como indústrias e edifícios. Este é o caso dos chamados barramentos blindados, que são linhas elétricas pré-fabricadas para instalações industriais - por onde circulam, geralmente, elevadas correntes elétricas -, além de propiciarem facilidades de implementação e utilização em instalações elétricas de imóveis comerciais e residenciais.