Toda cadeia de produção moveleira deve crescer 5% em exportações e 10% no mercado interno neste segundo semestre, representando um acumulado de 15% de aquecimento econômico para o setor. Este crescimento está sendo puxado pelo setor de construção civil, que anuncia investimentos pesados em moradias para todas as faixas de consumo da população. A previsão é de José Luiz Dias Fernandes, presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel). Só no ano passado, o setor contabilizou um faturamento nacional de US$ 1,1 bilhão. Na esteira desta boa nova, empresas que oferecem madeira para produção de móveis, estão empilhando matéria-prima a céu aberto para dar conta dos bons ventos que sopram no setor.
Oferecendo madeira para 22 empresas moveleiras, a Rebnic Madeiras Ltda, de Jandaia do Sul, está secando madeira em estufas industriais e no tempo. A imagem é insólita ao chegar próximo a empresa, as madeiras empilhadas lembram de longe um conjunto habitacional, 'prédios' de até 5 metros de madeira empilhada. O gerente da Rebnic, Marcos Donizete da Silva, informa que a empresa investiu nos últimos doze meses R$ 1,5 milhão para dar conta da demanda da indústria. ''A venda de madeira para indústria moveleira vai crescer 10% até o final deste ano'', comemora.
O crescimento também é impulsinado pela troca de madeira de lei, como o Angelim, por madeira de pinus. Um metro cúbico de madeira de lei não sai por menos de R$ 1,3 mil, enquanto a mesma quantidade de pinus chega a custar até R$ 320,00. A secagem da madeira é crucial neste negócio, não podendo exceder a 14% de umidade. Para o serviço a empresa optou pela contratação de mulheres. ''Elas (funcionárias) são mais pacientes e precisas para empilhar no prumo a madeira'', descreve Silva. Ele acrescentar que a empresa está tendo dificuldades para encontrar mão-de-obra, tanto masculinha quanto feminina.
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A empresa produz 1,6 mil metros cúbicos de madeira ou 320 mil metros lineares por mês. ''Toda produção já tem endereço certo'', afirma Silva. Segundo ele, serão necessários produzir até 2 mil metros cúbicos por mês neste segundo semestre, para dar conta da demanda. A empresa aproveita a serragem da madeira beneficiada e seus detritos nas fornalhas que sustentam as estufas da empresa, outra parte é vendida para indústria em geral.
O setor moveleiro emprega 206,3 mil pessoas e possui 16,1 mil empresas em todo País. No Paraná, respectivamente, 29 mil empregados e 2,1 mil empresas. ''O primeiro semestre foi ruim, devido ao crédito escasso no mercado'', declara Fernandes, presidente da Abimóvel. Segundo ele, o setor volta a respirar com o aquecimento da construção civil. ''Toda moradia necessita de móveis'', declara, ao falar que o setor vem a reboque também pelo acesso ao consumo de outras faixas da população.
Construção civil
A construção civil deve registrar 12% de crescimento até o final deste ano no País. Só em Londrina, está previsto a construção de 2 mil residências neste período. O motivo deste impulso na construção de imóveis no valor de até R$ 200 mil, está ligado aos juros baixos praticados pela construção civil, que variam de 7% a 8% mais a TR. ''Cresceríamos mais se o governo diminuísse seus gastos e baixasse os juros'', declara Osmar Ceolin Alves, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Londrina (Sinduscon).
Alves descreve uma onda de crescimento que deve se estender até o ano 2017. ''O crescimento não será uniforme, mas na média será de ascenção na construção de mais moradias, devido a demanda reprimida''. Ele, entretanto, alfineta a política de juros praticada pelo governo. ''Investimento em imóveis fica mais atrativo com juros baixo''. O presidente do Sinduscom concorda com a previsão de crescimento no setor mobiliário. ''É o que sempre acontece quando a construção civil vai bem'', resume Alves.