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Prático e contemporâneo

Cimento queimado, o bruto que também tem classe

Folha Casa & Conforto
02 nov 2010 às 11:54
- Fábio Ciquini, Olga Leiria e Marco Pinto
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Na memória da maioria das pessoas, o cimento queimado pode estar associado aos pisos vermelhos das casas de cidades do interior ou regiões rurais, em que o aspecto brilho encerado era sinônimo de capricho e zelo com as áreas externas da casa.

Hoje, quando se fala no uso do material bruto de cor cinza, a ideia que se tem é de um produto que combina com o estilo contemporâneo e prático, sem perder em elegância, como apontam os arquitetos Antonio Ferreira Jr. e Mario Celso Bernardes. Versatilidade de uso e facilidade de manutenção são outras facetas positivas do cimento, aponta o arquiteto Fernando Biagi.

No entanto, algumas características devem ser levadas em conta na hora de optar pelo material. Segundo Fernando, é preciso aceitar que o cimento queimado apresenta características ''impossíveis de superação'', tais como microfissuras e nuances, também chamadas de manchas. Por isso, o arquiteto recomenda lixar e impermeabilizar o cimento que vai em pisos como medida preventiva.

Mas o assunto divide opiniões. O arquiteto Guilherme Torres gosta tanto de cimento que optou pelo uso do material em sua casa e escritórios. ''Aprovo e recomendo. Meus clientes adoram'', ressalta. Para ele, as ''imperfeições'' caracterizam o produto como rústico, e portanto são seu principal atrativo. ''Infelizmente as pessoas querem resultados impossíveis em soluções simples. Acho engraçado quando falam isso. Afinal, se as pessoas têm manchas na pele e rugas, por que o piso não teria?'', opina.

A sugestão de Guilherme, nos casos em que o cliente prefere uma alternativa sem fissuras, é optar pela escolha do cimento polimérico, que tem base elástica, impedindo a formação de trincas. O produto é aplicado como se fosse uma massa corrida sobre qualquer superfície, mas tem custo mais alto, de aproximadamente R$ 130/m2.

O custo do cimento queimado comum é variável, avisa o arquiteto. Tudo vai depender da fase em que o produto será aplicado. No caso de uma reforma, a obra ficará mais cara, pois será preciso levar em conta a mão de obra de demolição dos pisos existentes, regularização do contrapiso, entre outros detalhes. ''Em contrapartida, em uma construção nova a base de cimento é a fase de preparo para receber qualquer tipo de revestimento, ou seja, já estará inclusa no custo global de mão de obra'', explica.


No living da casa do arquiteto Guilherme Torres, o cimento queimado aparece no piso e reveste paredes e mesa de jantar, que funciona também como área de trabalho. A escolha garantiu unidade e ampliou o espaço, destacando os objetos da casa. A mesa Half, da linha de mobiliário de Guilherme, foi reproduzida com estrutura em concreto.

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Fábio Ciquini, Olga Leiria e Marco Pinto
Fábio Ciquini, Olga Leiria e Marco Pinto


A reforma da casa de Guilherme Torres, que durou 50 dias, resultou em uma linguagem rústica, despreocupada com os acabamentos e de fácil manutenção. A tubulação aparente e o cimento queimado traduzem a mudança, já que não exigem pintura e quebra-quebra de paredes.

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Fábio Ciquini, Olga Leiria e Marco Pinto
Fábio Ciquini, Olga Leiria e Marco Pinto


A bancada construída no hall de entrada do escritório de Guilherme em Londrina foi revestida de cimento queimado.

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Fábio Ciquini, Olga Leiria e Marco Pinto
Fábio Ciquini, Olga Leiria e Marco Pinto


Para atender ao pedido dos clientes - um casal sem filhos acostumados a receber amigos para jantares - os arquitetos Antonio Ferreira Jr. e Mario Celso Bernardes decidiram projetar a área social com poucas paredes. A cozinha é integrada às salas, com piso feito em cimento queimado e paredes com blocos de concreto aparente.


Fábio Ciquini, Olga Leiria e Marco Pinto
Fábio Ciquini, Olga Leiria e Marco Pinto


Na parte íntima da casa (piso superior), onde ficam quarto, sala de TV e banheiro, foi mantido o estilo rústico e clean.

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Fábio Ciquini, Olga Leiria e Marco Pinto
Fábio Ciquini, Olga Leiria e Marco Pinto


Na loja Di Biagi, localizada no Shopping Com-Tour, os arquitetos Fernando Biagi e Fernando Kurique aplicaram cimento queimado ao piso, com juntas de dilatação de 1m x 1m, para evitar fissuras. O aspecto rústico foi um pedido do cliente, por isso a escolha pelo revestimento de madeira das paredes onde ficam as araras.


Fábio Ciquini, Olga Leiria e Marco Pinto
Fábio Ciquini, Olga Leiria e Marco Pinto


No fundo da loja, a escada que interliga os pisos também recebeu cimento queimado, assim como os vasos do jardim. Segundo Fernando Biagi, para chegar à cor ideal, foram misturadas porções de cimento nos tons de ''cinza'' e branco.

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Recomendações


● Durante a execução, caso apareçam bolhas, elas devem ser estouradas e retocadas com a própria desempenadeira de aço;

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● Para dar acabamento brilhante, aproximadamente sete dias depois é recomendável aplicar produto selador para concreto, impermeabilizantes à base de poliuretano, vernizes especiais para piso e cera para ardósia ou cera líquida transparente. A ação ajuda a fechar os poros, protegendo-os da umidade;


● Piso de cimento queimado não é indicado em áreas molhadas e externas, pois deixam a superfície escorregadia;

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● O pó utilizado para queimar o cimentado deve estar seco e ser bem misturado. Caso a mistura não seja homogênea, corre-se o risco de aparecerem manchas;


● Para obter colorações diferenciadas, pode-se adicionar à argamassa bases corantes na proporção indicada pelo fabricante. Recomenda-se a execução de uma pequena área experimental na qual será feito o acerto da proporção de cimento e pigmento a ser empregado;


● Em áreas externas, o cuidado com a cura deve ser redobrado, pois se a argamassa secar muito rápido podem ocorrer microfissuras por retração.


(Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland)


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