O projeto de arquitetura de interiores pede atenção em todos os detalhes. Dando início às etapas de acabamento, os revestimentos para pisos e paredes devem ser pensados com antecedência – e muito bem –, já que se tornam definitivos no ambiente. "Sempre digo para meus clientes que a decisão precisa ser ajustada com muita certeza, já que uma possível troca implica em uma nova obra”, explica a arquiteta Karina Korn, à frente do escritório que leva seu nome.
Mas como decidir e não pairar dúvidas nessa composição? Para a profissional, piso e parede não são coadjuvantes, mas sim atores principais na composição dos ambientes onde serão usados.
Nos projetos que realiza, Karina explica que o processo de escolha tem início na análise que realiza com os futuros moradores. Compreender os desejos, as predileções e o alinhamento de expectativas é o primeiro passo. "Olhar o ambiente como um todo também é outro caminho muito bacana. Com o estilo de decoração adotado, vamos eliminando o revestimento que não cabe para aquele cômodo”, relativiza a arquiteta.
Cada ambiente carrega suas peculiaridades. No banheiro, os revestimentos devem ser resistentes à absorção de água, bem como a alta incidência de vapor e mofo. Já na cozinha, é primordial que facilitem a limpeza de gorduras e respingos.
A sala é um capítulo à parte, pois permite um toque de ousadia com revestimentos arrojados e que chamem atenção, mesmo que não disponham de uma alta resistência técnica. "Gosto de dizer que cada ambiente e projeto são únicos e que não há uma regra do certo ou errado. Bom senso e coerência conduzem nossa especificação”, pondera Karina.
Quando a decoração é montada do zero, a arquiteta sugere uma maior autonomia na seleção. "Neste caso, indico elaborarmos um moodboard com várias opções de revestimentos de pisos e de paredes, bem como cores e tecidos. Isso nos ajuda a criar um quebra-cabeça que nos levará ao resultado esperado”, revela Karina.
Porém, algumas percepções necessitam prevalecer. O piso, por exemplo, deve ser sempre resistente e pautado na coerência. Não adianta aplicar um piso de madeira na área do box do banheiro e, da mesma maneira, um revestimento para área interna não pode integrar o lado externo. Por conta da finalidade que a indústria indica para cada modelo, usar de forma errada compromete a performance, bem como pode provocar acidentes. "Por isso, a dica é sempre verificar a especificação do produto indicada pelo fabricante”, orienta a arquiteta.
Por serem peças de longo prazo, ou seja, de difícil alteração após o projeto executado, é preciso que a escolha prossiga além da funcionalidade, traduzindo o gosto pessoal de quem estará todos os dias no ambiente "Embora seja muito interessante estar de olho nas tendências do mercado, nem sempre aderir por modismos seja o mais indicado, pois em pouco tempo o material pode enjoar”, compartilha Karina.
Dentro das tendências para o piso, a mistura está em alta. Cores fortes, tons pastel, mistura de formatos, retos, curvos, geométricos e desconstrutivos estão entre os preferidos. Seguir o bom e velho tom sobre tom também continua como forte aliado, além de revestimentos que imitam a madeira e cimento queimado. "Vale lembrar que os tons brilhantes foram deixados um pouco de lado, abrindo frente para os acabamentos foscos ", aconselha Karina Korn.