Em menos de um mês (entre setembro e outubro) foram registrados no Estado de Minas Gerais dois casos de mortes por envenenamento. A causa? A ingestão da planta conhecida como Couve do Mato ou Charuto do Rei. O que assusta é que, nos dois casos, a planta foi ingerida depois de ser confundida com a couve que usamos como alimento.
Em entrevista ao jornal Hoje em Dia, o biólogo Eduardo Silas Gonçalves disse que essa planta contém alcaloides e alto índice de nicotina e por isso faz mal ao organismo. "São poucos os casos de intoxicação em humanos registrados oficialmente nas literaturas biológicas. Mesmo sendo raro, a maioria das pessoas morreram", esclareceu.
Os principais sintomas apresentados são problemas gastrointestinais, com náuseas, vômitos, diarreia. "Dependendo da quantidade ingerida, pode atingir também o sistema nervoso, além de ataques cardiorrespiratórios", explicou Gonçalves.
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Altamente tóxica, a Couve do Mato ou Charuto do Rei é facilmente confundida com a variedade comestível
Paisagismo
Essa semelhança entre espécies de plantas é muito comum, por isso, a paisagista ErlyHooper alerta: "Na hora de escolher as plantas para ter em casa é preciso pesquisar e conhecer. Muitas espécies se parecem. A Alocasia, por exemplo, é muito semelhante à Taioba, que é consumida na alimentação". Nessa caso em específico, ainda é necessário ficar atento à uma variação: a Taioba Brava, que também é tóxica. Veja como diferenciá-las:
Na Taioba Brava (à direita) os talos são escuros e a parte de cima do 'coração' termina antes de começar o talo. Já a taioba comestível (à esquerda) possui um tom de verde mais claro, tanto o talo quanto a folha, nervuras claras em Y e lobos que se juntam exatamente onde começa o talo (embora isto também aconteça com outras variedades bravas, mas com talos bem roxos, que é um bom parâmetro para diferenciá-las).
Alocasia
Taioba comestível
Embora para um leigo seja difícil diferenciar uma planta da outra, Erly dá uma orientação. "É importante ter atenção especial às plantas de seiva leitosa, pois geralmente, elas são tóxicas". É o caso da famosa Comigo-Ninguém-Pode, cuja má fama já foi amplamente difundida, mas que não deixa de estar presente nos lares. E ela não está sozinha. "A Ripsalis, por exemplo, está sendo muito utilizada em ambientes internos devido à sua alta resistência e ao seu poder escultórico, e é extremamente tóxica", conta Erly. E a lista de ameaças não para por aí, Tirucalis, Tinhorão, Coroa de Cristo, Espirradeira, Copo de Leite e várias outras espécies apresentam riscos à saúde de pessoas e animais e, em alguns casos, podem levar à morte.
Por isso, para quem quer ter planta em casa, a paisagista orienta a seguir alguns cuidados especiais, como fazer uma pesquisa para conhecer as espécies desejadas, orientar as crianças a não brincarem com folhas, não tomar chás ou remédios caseiros sem orientação, usar luvas e proteger os olhos ao podar e manusear plantas. "Em caso de se optar por uma planta tóxica devido à sua beleza, mantenha-a em local inacessível a crianças e animais", finaliza Erly.
Por suas folhas abundantes e coloridas, o Tinhorão é muito apreciado nos jardins