Alguns antigos padrões da arquitetura de interiores seguem ficando para trás. Se antes os ambientes eram compartimentados por paredes, hoje a integração de
ambientes trouxe fluidez e o entendimento sobre a proposta de cada ambiente pensada para o décor. E nessa desconstrução de arquétipos, o sofá deixou de estar, necessariamente, com as costas sempre voltadas para uma parede. No layout de um conceito aberto, o móvel pode, e deve, agregar outras atribuições, como o elemento que demarca as salas de estar e jantar. Mas como valorizar esse novo olhar e, ao mesmo tempo, preservar o incômodo de ver apenas as costas do sofá expostas?
Para a arquiteta Marina Carvalho, responsável pelo escritório que leva seu nome, esse espaço que se encontra livre, muitas vezes, é a área que faltava para adicionar uma peça que deixa de ser apenas decorativa, mas também funcional. “O sofá é um mobiliário volumoso e não valorizar suas costas pode torná-lo uma peça perdida no meio do imóvel. Para que isso não aconteça, lançamos mão de algumas técnicas para preencher o vazio que fica, mas tudo vai depender do espaço existente, da circulação e do formato da sala, entre outros fatores”, explica. Ela ainda acrescenta que, se mal planejado, o local pode transmitir um aspecto sobrecarregado e atrapalhar o dia a dia dos moradores.
Segundo a profissional, um mobiliário com medidas alinhadas às dimensões do sofá é a melhor equação. No tocante à altura, a indicação é que siga a mesma orientação, podendo ser, até mesmo, ligeiramente inferior:
Aparador: Um dos itens mais queridinhos dos projetos, é perfeito para organizar e receber objetivos decorativos que complementam o estilo do décor. Produzido em diversos materiais, os mais comuns são aqueles em madeira, vidro, alumínio pintado com laca ou revestido com espelhos;
Buffet: Semelhante ao aparador, uma vez que também oferece espaço para os artigos de decoração, ele presenteia os moradores com portas e gavetas que acomodam os utensílios especiais que compõem o universo da sala de jantar. Entretanto, essa aplicabilidade implica em um volume maior no ambiente por conta da profundidade do móvel;
Banco: Dispondo mais opções de assentos na área social, o banco de madeira é uma alternativa interessante. Contudo, Marina ressalta a importância de observar as medidas para que não aparente desproporcionalidade e atrapalhe e circulação. Se for pequeno demais, pode perder a função de delimitar e preencher o local. “Nessas circunstâncias, a saída é complementar com luminárias de piso, cestos ou mesmo a adição de outro banco menor para completar o espaço”, recomenda;
Estante: Pequenas estantes ou nichos em madeira dão mais praticidade e elegância quando instalados atrás do sofá. Para o morador, a oportunidade de organizar livros ou outros objetivos que, em vias de regra, não haveria onde colocá-los.
Com as costas do sofá livre, outros ambientes podem ser criados no décor de interiores. Em aptos pequenos, acomodar uma espécie de mesa com gavetas se configura como a solução para o home office dos adultos ou as atividades escolares dos pequenos. Caso os residentes optem por uma mesa, o local pode se transformar em uma mini sala de jantar, dividindo bem as áreas de multimídia e refeição. “A mesa atrás do sofá não precisa ser muito grande e pode ser muito parecida com um aparador. A ideia aqui é de algo compacto, porém confortável e charmoso, acompanhado por dois bancos ou cadeiras”, aconselha a arquiteta.
Trabalhando nessa mesma linha de raciocínio, também é possível posicionar um barzinho para apoiar bebidas, copos e taças. Em salas grandes, o móvel atrás do sofá pode vir acompanhado por poltronas e cadeiras em uma ambiência agradável para degustar um drinque.
Um universo de formatações e itens decorativos podem deixar a parte traseira do sofá mais bonita e convidativa. Na superfície de aparadores e estantes, as plantas são sempre boa escolha na decoração, pois além de trazerem um pouco mais de cor, dão vida ao local. Apostando na praticidade, as luminárias são bem-vindas, tanto pelos modelos com designs modernos e arrojados, quanto para prover iluminação complementar em necessidades relacionadas ao trabalho e estudo em casa, além dos momentos de leitura.
Sempre em alta, o décor afetivo é outro caminho acertado: colocar objetos que fazem parte da história pessoal dos habitantes da casa são sempre motivos para um brilho no olhar, sorrisos e recordações que preenchem o coração com amor. “Porta-retratos, lembranças de viagem, coleções e objetos antigos são maneiras de expressar a personalidade do projeto. A única ressalta que não posso deixar de fazer é o alerta para não posicionar itens muito altos para não se configurarem como obstáculos visuais entre dois ambientes”, orienta Marina. Junto a isso, o excesso ou peças com materiais frágeis também devem ser evitados.