Seja para trabalhar em casa ou em espaços corporativos, o mobiliário de escritório vem passando por mudanças para atender ambientes cada vez mais plurais e colaborativos. Especialistas no assunto, a arquiteta Luciana Sobral e o designer José Machado, à frente da Novidário, empresa responsável por desenhar e comercializar peças para diversas marcas de design brasileiras, acreditam que a grande mudança ainda está por vir.
"O isolamento social nos mostrou várias possibilidades, adiantou processos, mas acreditamos que ainda estamos só no começo”, afirma Luciana. "Hoje, observamos que as escolas e os escritórios serão usados de formas mais racionais, tornando-se locais onde o encontro das pessoas é o principal foco. Nesse momento de encontro é que acontecerão trocas ricas e objetivas”, complementa Luciana. "Acredito que já estávamos no caminho de propor novas formas de convívio no ambiente de trabalho muito antes da pandemia, isso não mudou para nós em termos de projeto, apenas acelerou a demanda”, afirma José Machado.
Para eles, nesse período aprendemos que muitos trabalhos podem ser feitos em casa, há muito conteúdo que pode ser aprendido individualmente. No entanto, a hora da reunião, de sentir a presença do grupo, se mostra como o grande momento de troca de ideias e os ambientes devem ser preparados para isso. Móveis adequados e layouts bem pensados serão o grande diferencial.
Pensando nisso, José Machado e Luciana Sobral reuniram diversas dicas e sugestões para acertar na escolha do mobiliário de ambientes corporativos e home office.
Alternância de postura em busca de bem-estar
Cada vez mais em alta, o conceito de flexibilidade passou a traduzir a necessidade de uma sociedade dinâmica, que preza por espaços colaborativos e estimulantes. Por isso, o mobiliário e as estações de trabalho devem atender aos espaços que demandam de frequentes mudanças de layout. Seja para as funções do dia a dia ou breves reuniões, um pequeno balcão para trabalhar em pé, pode fazer a diferença.
"O mobiliário, além de se adaptar a diferentes usos, deve proporcionar melhor postura para quem o utiliza. Atualmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que adotar diferentes posições durante o trabalho é essencial para a saúde do trabalhador”, aponta José Machado. Ainda segundo a OMS, uma pessoa deveria ter a possibilidade de assumir diferentes posturas, alternando entre momentos sentados e em pé. "Intervalos de 10, 15 minutos são importantes para quem trabalha a maior parte do tempo sentado. Além das vantagens para o corpo, isso contribui para a concentração”, indica Luciana.
De olho na ergonomia
Indispensáveis, os estudos de ergonomia ajudam a criar um ambiente de trabalho confortável e saudável, favorecendo o bem-estar e, consequentemente, a produtividade. Por isso não podem ficar de fora os cuidados com cada móvel, como exemplo, a cadeira, que tem função essencial no dia a dia.
"Uma boa cadeira de escritório deve seguir normas e dispor de características indispensáveis, evitando má postura”, indica Luciana Sobral. Para um escritório, é necessário que elas possuam apoio para braço, auxiliando na sustentação e aliviando a tensão dos ombros e coluna. Deve-se pensar ainda na regulagem de altura e profundidade do assento, adaptando a peça para diferentes pessoas e permitindo que os pés estejam sempre apoiados no chão. "Cuidado com o encosto, que deve ter apoio para a curvatura da coluna vertebral, com regulagem de altura do apoio lombar”, recomenda José Machado.
Para uma cadeira com ergonomia perfeita, Luciana e José, da Novidário, indicam também a escolha de peças com espumas do estofamento de alta resistência, que não deformem com o uso. O assento deve distribuir o peso do corpo, sem ser muito profundo ou excessivamente macio.
Conforto também é prioridade
Além da preocupação ergonômica, alguns cuidados devem ser considerados na hora de escolher uma boa cadeira. Entre eles, o assento deve estar a 45 cm do chão para uma mesa de 76 cm de altura, por exemplo.
Também vale prestar atenção na posição dos pés, que devem estar totalmente apoiados no piso ou em um apoio próprio. As pernas podem ficar em 90° ou levemente posicionadas para a frente em cima do apoio para os pés, enquanto os braços precisam estar em 90° com punhos apoiados na mesa ou no notebook. Importante que os cotovelos também se mantenham em 90º em direção à mesa e a 20 cm de distância da peça. "Essa posição cansa menos os músculos e não prejudica a coluna”, explica Luciana.
Vale preocupar-se também com a altura do monitor, deixando que o queixo fique em 90° em relação ao piso. "Isso evita dores musculares e problemas na cervical. Quem usa notebook pode optar por um suporte para elevar o equipamento”, indica a arquiteta Luciana Sobra, da Novidário.