Uma obra iniciada do zero ou a execução de reformas são momentos que fazem parte da vida das pessoas. Mas, principalmente durante a pandemia, esses processos tornaram-se ainda mais evidentes: a necessidade de desempenhar em casa todas as atividades gerou uma profunda transformação no morar. Muitas famílias trocaram de residências, seja na própria cidade ou para iniciar uma vida nova em outro município, ou implementaram reformas onde já habitavam para adequar a antiga estrutura em uma nova demanda.
Porém, orquestrar uma obra sem o planejamento das etapas e o orçamento implica em conviver com preocupações, surpresas indesejáveis e, até mesmo, dívidas que podem impactar o bem-estar esperado. “Pode parecer uma fase chata, mas eu afirmo, não há como fugir. E fazendo a lição de casa, tudo prossegue com tranquilidade”, afirma a arquiteta Isabella Nalon, à frente do escritório que leva o seu nome.
Mas em que implica o verbo planejar? E como não errar? Segundo a arquiteta, estabelecer o projeto com a planta baixa, elétrica, iluminação, hidráulica, gesso, paginação de piso e ar-condicionado são alguns dos tantos pontos que precisam ser definidos com antecedência. Com a devida preparação e a contratação de profissionais capacitados para a execução, tudo conflui para que a casa fique exatamente do gosto do morador, proporcionando maior conforto para toda a família.
Os materiais que serão utilizados na obra devem ser escolhidos na fase de planejamento para que o morador possa ter uma percepção clara dos valores. Esse cuidado é relevante, haja vista um mesmo item, como um revestimento, pode registrar uma variação muito alta de preço. De acordo com a profissional, a pesquisa deve considerar não apenas o valor financeiro, mas também as características. “Ainda exemplificando com um revestimento, um produto pode ser ideal para área interna, enquanto o outro é indicado para o lado de fora. Com a grande oferta de produtos, não é incomum que o proprietário se sinta perdido e, sozinho, compre mais que o necessário ou o material errado”, aborda.
Na complexidade de uma obra, uma lista enorme de insumos são fundamentais para que o projeto alcance a expectativa esperada. Embora considerados como secundários, os acabamentos precisam ser escolhidos com a mesma seriedade, pois são responsáveis por imprimir a personalidade esperada. Dessa forma, um conselho de Isabella é evitar essa decisão em dois contextos: quando o morador está cansado, tanto físico, quanto mentalmente, ou quando o orçamento estiver apertado. “Sem dúvidas, essas sensações prejudicam as deliberações, incorrendo em equívocos”, acrescenta a arquiteta.
Morar no imóvel durante a obra
Um dos grandes erros dos proprietários é permanecer morando na residência durante a obra. Com a certeza de que ninguém aprecia viver no meio de poeira e profissionais trabalhando, essa convivência ocasiona ansiedade, preocupações e alergias, entre outros problemas, que são excluídos quando o morador consegue se ausentar do imóvel. Caso não tenha outro local para ficar e se a única opção for conviver com o trabalho de reforma, é preciso tomar alguns cuidados para não atrapalhar o andamento da obra e nem prejudicar a rotina do proprietário.
Para a arquiteta, a primeira dica é reformar um cômodo de cada vez: assim é possível que os profissionais façam o seu trabalho enquanto os moradores estão acomodados em outro ambiente. Outro ponto importante é estabelecer horários para que o barulho e o fluxo de pessoas aconteçam na hora certa e, pensando que a obra sempre vem acompanhada de poeira e resíduos, manter as portas fechadas e o lixo organizado são atribuições que contribuem para amenizar o incômodo. “Também não podemos nos esquecer dos móveis, que precisam ser retirados de um ambiente para o outro e cobertos para que não sejam danificados”, alerta.
Obras também contam com imprevistos como vazamentos, materiais que acabam antes do previsto ou até uma inspeção surpresa. Por essa razão, uma reserva em dinheiro é muito assertiva para que estes problemas sejam reparados rapidamente sem que comprometam o andamento da obra. De acordo com Isabella Nalon, o percentual recomendado é uma retenção de 10 a 15% do orçamento para as possíveis emergências. “Como já citei, a obra tem que ser bem planejada e isso também se aplica a ter um caixa, já que ninguém quer passar pelo estresse do endividamento ou não ter como realizar algo que é definitivamente necessário”, finaliza.