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Tenha cuidado!

Qualidade das praias brasileiras cai ao pior nível já registrado

João Pedro Pitombo, Aléxia Sousa e Marina Pinhoni - Folhapress
21 dez 2024 às 20:30

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- Reprodução/Canva
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O Brasil registrou neste ano uma piora na qualidade das suas praias e atingiu o menor patamar de trechos próprias para banho durante o ano inteiro desde 2016, aponta levantamento da Folha de S.Paulo. O cenário demanda cuidados aos banhistas, que devem tomar a costa brasileira no verão que começa neste sábado (21).


Levando em conta as 861 praias que tiveram a sua balneabilidade medida em todos os anos de 2016 a 2019 e de 2021 a 2024, apenas 258 estiveram próprias durante todas as medições deste ano, por isso, são consideradas boas.

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É o menor número da série histórica que contempla oito dos nove últimos anos -a exceção é 2020, quando houve um apagão nos dados sobre balneabilidade em meio à pandemia da Covid-19.

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Em 2016, quando os dados de balneabilidade começaram a ser compilados pela Folha de S.Paulo, 384 destas mesmas praias foram classificadas como boas, ou seja, tiveram apenas classificações próprias durante o ano.

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Uma das praias que registraram classificação ruim no levantamento é o trecho do Leblon próximo à rua Afrânio de Melo Franco, na zona sul do Rio de Janeiro. A situação já tinha acontecido no ano passado.

Um semblante de decepção toma conta do rosto da advogada Camila Queiroz ao saber disso. Ela saiu com a família do bairro de Botafogo, onde mora há 14 anos, em busca do mar do Leblon ao meio-dia de uma quinta-feira, em meio ao de dezembro.

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"Que pena saber disso porque é bonito demais. Às vezes a água está clarinha, transparente, engana muito", afirma Camila ao ser informada sobre a condição imprópria para banho da praia que é um dos cartões-postais do Rio de Janeiro.

Os dados apontam para uma progressiva queda na qualidade da água dentre o universo de praias que mantiveram constância na aferição da balneabilidade. Há nove anos, 44% delas foram consideradas próprias o ano todo, percentual que caiu para 30% em 2024.

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Dentre as praias que tiveram queda na qualidade da água estão alguns destinos turísticos badalados como Morro de São Paulo, no baixo-sul da Bahia.


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Primeiro boletim aponta que 92% das praias do Paraná estão aptas para banho
O primeiro boletim de balneabilidade da temporada de verão 2024/2025, divulgado nesta sexta-feira (20) pelo IAT revelou que 92% dos pontos analisados, no Litoral e nas prainhas de água doce do interior, estão próprios para banho.


Em 2016, as 3ª e 4ª praias do balneário eram consideradas boas, mas neste ano elas foram respectivamente classificadas como ruim - imprópria em mais de 25% das medições - e péssima - imprópria em mais da metade dos testes realizados ao longo do ano.

A Embasa, empresa de água e saneamento da Bahia, informou que moradores e empreendimentos lançam esgoto e lixo no riacho da Biquinha, que deságua na 1ª praia, o que compromete a balneabilidade na região. A estatal destacou que realiza fiscalizações periódicas.

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No Rio de Janeiro, praias que em 2023 estavam próprias o ano todo chegaram rapidamente ao outro extremo, sendo classificadas como péssimas. Foi o que aconteceu com as praias de Lagomar, em Macaé, e a do centro de Rio das Ostras, ambas na Região dos Lagos.

O mesmo aconteceu com três praias de São Francisco de Itabapoana, cidade do norte fluminense onde desemboca o rio Paraíba do Sul, um dos mais importantes do Sudeste. As praias de Gargaú, Itaperuna e Tropical, todas classificadas como boas no ano passado, agora foram consideradas péssimas.

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O Instituto Estadual do Ambiente informou que a estiagem modificou a foz do rio Paraíba do Sul, influenciando a balneabilidade das praias em seu entorno. Sobre o Leblon, na capital, destacou que o trecho impróprio fica próximo à foz do canal do Jardim de Alah, onde ocorre a troca de água entre o mar e a lagoa Rodrigo de Freitas.

A reportagem seguiu normas federais no levantamento. Um trecho é considerado próprio se não tiver registrado mais de 1.000 coliformes fecais para cada 100 ml de água na semana de análise e nas quatro anteriores.

Foram apurados dados das praias de 14 estados no período de 12 meses entre novembro de 2022 e outubro de 2023. As praias do Amapá, Piauí e Pará ficaram de fora porque não medem a qualidade da água.

Para a avaliação anual, foi adotado o método da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), que classifica as praias a partir dos testes semanais. Nos dois extremos estão as boas, próprias em todas as medições, e as péssimas, impróprias em mais da metade das medições.

Nadar em áreas impróprias pode causar problemas de saúde, sobretudo doenças gastrointestinais ou de pele, como micoses. Outros focos de contaminação, como a presença de lixo e óleo no mar, que não são considerados nesta análise.

O lançamento de água sem tratamento ao mar também afeta o ecossistema local, podendo contaminar organismos que servem como alimentos, caso de ostras, sururus, vôngoles e mariscos. O aumento da turbidez da água pode ser um problema para organismos sensíveis, como os corais.


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De todos os 1.361 pontos do litoral brasileiro que disponibilizaram dados sobre balneabilidade em 2024, só 416 foram considerados bons o ano todo (30,6%). Outros 447 foram avaliados como ruins ou péssimos (32,8%) e 416 regulares (30,6%). Há ainda 82 pontos sem medição (6%).

Entre as regiões, o Sul concentra o maior percentual de praias boas (36,3%). Os destaques são os estados do Rio Grande do Sul, com 81,4% de praias próprias o ano inteiro, e Paraná, com 63,6%.

Santa Catarina vai na contramão com apenas 21% das praias classificadas como boas neste ano. Um dos principais destinos turísticos do estado, Balneário Camboriú teve apenas 3 dos 15 pontos de medição considerados bons. Dentre os demais, 1 estava regular, 7 ruins e 4 péssimos.

Dentre os estados Nordeste, Maranhão e Bahia concentram a maioria das praias consideradas ruins ou péssimas. Em Salvador, as praias da Pituba, Corsário e Cantagalo passaram a figurar entre as péssimas, ou seja, impróprias em mais da metade das medições.

A Bahia ampliou os pontos de medição da balneabilidade em 2024, incluindo praias turísticas como Pratigi, em Cairu, Arraial D'Ajuda, em Porto Seguro, e Santo Antônio, em Mata de São João.

Foi um movimento na contramão de Pernambuco, onde não houve medição em metade dos pontos de monitoramento. O estado ainda não retomou a análise em pontos cuja qualidade da água era medida antes da pandemia.

Embora o Sudeste esteja próximo à média nacional, o Rio de Janeiro se destaca como o estado em todo o país com o pior percentual de praias classificadas em 2024 como ruins ou péssimas: 43,4%.

A cidade de Santos, por sua vez, viu melhorar a qualidade das suas praias neste ano. Pela primeira vez desde 2016, a principal cidade da Baixada Santista não teve nenhuma praia péssima.

Dos sete pontos analisados pela Cetesb (agência ambiental paulista), cinco foram classificados como ruins e dois, como regulares. Em 2023, foram quatro péssimos e três ruins e, no ano anterior, todos estavam péssimos.

O avanço da urbanização de áreas litorâneas sem planejamento, associado a gargalos no saneamento básico e no descarte irregular das águas da chuva, estão entre os fatores centrais para a queda na qualidade da água das praias brasileiras.

"As cidades cresceram, aumentou a vazão das águas lançadas sem tratamento, ou com tratamento primário, nas redes pluviais ou na drenagem diretamente nos corpos d'água que desembocam no oceano. É uma realidade em quase todas as cidades litorâneas", avalia o biólogo Clemente Coelho, professor da Universidade de Pernambuco.

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