O Núcleo de Proteção e Defesa do Consumidor de Londrina (Procon-Ld) e a Vigilância Sanitária, órgão vinculado à SMS (Secretaria Municipal de Saúde) realizaram, nesta segunda-feira (6), uma operação conjunta de fiscalização a três distribuidoras de bebidas de Londrina. A ação tem como pano de fundo o aumento de casos suspeitos e confirmados de intoxicação por metanol em todo o Brasil. Em Londrina não há casos suspeitos ou confirmados até o momento.
A ação desta segunda deu continuidade às atividades realizadas na sexta-feira (3), em que oito estabelecimentos foram averiguados. Desta vez, após iniciarem em uma distribuidora localizada na Rua Benjamin Constant, os fiscais seguiram para outros dois estabelecimentos, nas avenidas Maringá e Higienópolis. Segundo o órgão de proteção ao consumidor, a operação deve continuar nos próximos dias.
De acordo com o diretor executivo do Procon-Ld Bruno Lopes Sebastião, na operação de sexta não foram identificadas irregularidades nos estabelecimentos visitados. Embora a fiscalização esteja intensificada pelo alerta nacional de intoxicação, trata-se de uma ação de rotina com objetivo de orientar os fornecedores.
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“É uma ação preventiva, nesse primeiro momento, para verificar a questão da procedência da bebida em si. Toda a sua cadeia de distribuição, bem como as rotulagens, características do produto pra ver se a gente consegue identificar qualquer tipo de irregularidade no momento da fiscalização”, explica Sebastião.
Nos estabelecimentos, os fiscais verificam a validade do alvará de funcionamento e solicitam as notas fiscais dos produtos em estoque. Na sequência, inspecionam visualmente as garrafas, em um procedimento que pode ser reproduzido por qualquer consumidor: analisar a inviolabilidade do lacre, a data de validade do produto e a qualidade de impressão dos rótulos.
“O metanol é de difícil constatação. Ele não tem cheiro e gosto específicos. Então é complicado o consumidor fazer essa constatação de imediato. Mas os indícios de adulteração, que geralmente vêm agregados a uma possível falsificação, ele pode sim ficar atento antes de consumir”, alerta.
Bebidas adulteradas
Um levantamento feito em abril pelo Núcleo de Pesquisas e Estatísticas da Fhoresp (Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo (FHORESP), concluiu que 36% das bebidas comercializadas no Brasil são falsas, adulteradas ou contrabandeadas.
O gerente de Vigilância Sanitária da SMS Márcio Adriano Porfírio acrescenta que a prática de adulterar bebidas é antiga e comum, embora ilegal. Entretanto, os casos envolvendo metanol são diferentes pela gravidade. “É diferente daquelas falsificações grosseiras que nós tínhamos antes, que a pessoa pegava uma bebida barata, de menor qualidade, colocava lá um aditivo corante e vendia como se fosse uma bebida melhor. A gente vê isso num nível mais perigoso”, lamenta.
A respeito dos critérios utilizados para selecionar os estabelecimentos a serem fiscalizados, Porfírio explica que, neste momento, os esforços serão destinados ao comércio de bebidas em geral, mas que a Vigilância Sanitária sempre atua de forma contínua na inspeção da cadeira de distribuição de diferentes produtos, como alimentos, medicamentos e cosméticos. Na quinta-feira (2), o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) deflagrou uma operação para apurar a comercialização de cosméticos falsificados na cidade.
Até o fechamento desta matéria, dois casos foram confirmados no Paraná: dois homens de 60 e 71 anos de Curitiba. Outros quatro seguem sob suspeita: um homem de 36 anos, de Curitiba; uma mulher de 31 anos, de Foz do Iguaçu (Região Oeste); um homem de 19 anos, de Cruzeiro do Oeste (Noroeste); e um homem de 27 anos, de Maringá (Noroeste).
Penalidades
O diretor executivo do Procon-Ld destaca que o órgão firmou parceria com o Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) para destinação de bebidas suspeitas a um laboratório localizado em Londrina, agilizando o processo de apuração de possíveis adulterações. Havendo confirmação, o fornecedor do produto pode ser responsabilizado integralmente pelos danos que causar ao consumidor.
“O fornecedor que deliberadamente faz essa aquisição de forma duvidosa e coloca esse produto para consumo, ele é integralmente responsável por todos os danos que vier a causar. Se o consumidor sofrer sequelas, se vier a óbito, o fornecedor é responsável. No Código de Defesa do Consumidor nós chamamos de responsabilidade objetiva. Ou seja, independente de culpa, ele [fornecedor] deveria suspeitar, uma vez que não está de acordo com as normas técnicas de aquisição”, explica.
Sebastião ressalta, contudo, que se o comerciante adquiriu as bebidas de forma regular, com nota fiscal e de fabricantes idôneos, e mesmo assim o produto causou danos ao consumidor, ele não deve ser responsabilizado.
“Ele [comerciante] não consegue fazer essa análise também. Então, quanto à responsabilidade do Procon em questão de intoxicação, ele em tese não será responsabilizado. Haja vista que ele não tem meios para procurar a questão do metanol. Exigir isso do estabelecimento que comprou de fabricante idôneo não seria razoável”, argumenta.
COMO PROCEDER
Até seis horas após a ingestão, os principais sintomas da intoxicação por metanol são sonolência, dificuldade motora e dificuldade de andar, tontura, dor abdominal, náuseas, vômitos, cefaleia, confusão mental, taquicardia e hipotensão.
Entre seis a 24 horas após a ingestão, a pessoa intoxicada pode apresentar visão turva, fotofobia, dilatação da pupila, perda da visão das cores, convulsões e coma.
A qualquer sinal de intoxicação, a orientação é procurar imediatamente uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) ou um hospital.
DENÚNCIAS
Denúncias de irregularidades ou suspeitas podem ser feitas ao Procon-Ld pelos telefones 151 ou (43) 3372-4824, das 09h às 17h, de segunda a sexta-feira. Ou diretamente para a Vigilância Sanitária de Londrina pelo telefone (43) 3372-9400 das 7h30 às 13h, de segunda a sexta-feira.
O Procon-Ld também disponibilizou uma recomendação administrativa com orientações a fornecedores e a consumidores sobre adulteração de bebidas alcoólicas com metanol e medidas preventivas.