O ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), 47, foi eleito neste domingo (30) o novo governador do estado de São Paulo, derrotando Fernando Haddad (PT) e pondo fim aos quase 30 anos de hegemonia do PSDB no Palácio dos Bandeirantes.
Com 90,43% das urnas apuradas, Tarcísio obteve 55,4% dos votos válidos, ante 44,6% de Haddad.
A candidatura de Tarcísio foi patrocinada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que designou seu auxiliar na pasta da Infraestrutura para concorrer em São Paulo, apesar de o ex-ministro ter nascido no Rio de Janeiro e vivido em Brasília.
Leia mais:
Filho de autor de atentado em Brasília presta depoimento à PF em Londrina
Diretor-geral da PF endossa Moraes e relaciona atentado ao 8 de janeiro
Bolsonaro fala em 'fato isolado' e diz que explosões em Brasília devem levar a reflexão
Novo Código de Obras é debatido em audiência pública na Câmara
A vitória inaugura uma experiência inédita do bolsonarismo à frente do estado mais rico e mais populoso do país. O vice-governador eleito, Felicio Ramuth (PSD), é ex-prefeito de São José dos Campos (SP).
O novo governador terá ampla maioria na Assembleia Legislativa de São Paulo -os partidos que o apoiam somam 63 das 94 cadeiras da Casa.
Tarcísio foi eleito neste domingo em meio ao andamento da investigação a respeito de um tiroteio que interrompeu sua agenda em Paraisópolis, no último dia 17, no qual uma pessoa morreu. O jornal Folha de S.Paulo revelou que um membro da equipe de Tarcísio mandou um cinegrafista apagar imagens do confronto. Haddad explorou o tema, afirmando tratar-se de dificultar a apuração da polícia.
TARCÍSIO DEVE SEGUIR EM PARTE A CARTILHA BOLSONARISTA
Aliados do governador eleito ouvidos pela reportagem dizem acreditar que, mesmo sob uma eventual Presidência de Bolsonaro, Tarcísio faria um governo independente: ou seja, sem subordinação ao político do PL, mas alinhado a ele. A expectativa é que Tarcísio conduza uma gestão comprometida com a direita e com o conservadorismo, acenando para a base que o elegeu.
Apesar de apresentar-se como técnico e não encampar todas as teses do bolsonarismo, como a de fraude nas urnas, por exemplo, Tarcísio apresentou planos que seguiam a cartilha ideológica. Chegou a afirmar que irá rever as câmeras de policiais, privatizar a Sabesp, desobrigar a vacinação de servidores e de crianças, extinguir a Secretaria de Segurança e trabalhar pela redução da maioridade penal.
Ele acabou voltando atrás em algumas medidas, como no caso das câmeras e da extinção da secretaria, após repercussão negativa. Em relação à Sabesp, afirma que só venderá a empresa se isso não tornar a conta de água mais cara.
Ainda de acordo com o entorno de Tarcísio, o ex-ministro deve atender indicações dos partidos de sua aliança para preencher o governo, mas levará em conta o currículo de cada um. Ele procurou afastar especulações de que bolsonaristas e nomes polêmicos que estiveram próximos dele na campanha iriam ocupar seu secretariado.
Além de Bolsonaro, Gilberto Kassab, presidente do PSD, foi um patrocinador político de Tarcísio. O governador eleito também se ancorou no centrão, com Republicanos, PL e PP. No segundo turno, obteve adesão do PSDB, MDB, União Brasil, Podemos e outras siglas. O governador Rodrigo Garcia (PSDB), que não passou para o segundo turno, deu seu apoio pessoal a Tarcísio e Bolsonaro.
Na primeira etapa da votação, o bolsonarista teve 42,32% dos votos válidos; o petista, 35,7%, e o tucano, 18,4%.
Na campanha, Tarcísio chegou a citar possíveis nomes do seu secretariado, como o ex-secretário Guilherme Afif (PSD), o ex-deputado e ex-presidente da Associação Médica Brasileira Eleuses Paiva (PSD) na Saúde; a deputada federal Rosana Valle (PL-SP) em uma pasta de Mulheres; o economista Samuel Kinoshita e Rafael Benini, que foi diretor da Artesp.