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ELEIÇÕES 2022

PT vê federação com PSB em crise e já se prepara para ter candidatos próprios nos estados

Mônica Bergamo - Folhapress
11 fev 2022 às 11:55

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- Instituto Lula/Ricardo Stuckert
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O PT (Partido dos Trabalhadores) já não deposita todas as fichas na formação de uma federação partidária com o PSB (Partido Socialista Brasileiro), que selaria a aliança em torno da chapa de Lula para presidente e Geraldo Alckmin como vice e obrigaria os dois partidos a atuarem juntos em todos os estados do país.


A reunião da direção do partido, na quinta (10), com dirigentes do PSB e também do PV (Partido Verde) e do PC do B (Partido Comunista do Brasil), que integrariam o acordo, foi considerada desanimadora.

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Os petistas que participaram da conversa já fizeram o relato a Lula, que concordou com o prognóstico de que a federação, embora ainda desejada, pode ser inviável.

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As negociações seguem intensas e não serão interrompidas. Mas as pedras no caminho seriam várias.

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Para os petistas, a principal delas é a postura do ex-governador de São Paulo Márcio França, que mantém a pré-candidatura ao governo de SP e defende que Fernando Haddad abra mão da pretensão de também disputar o cargo para apoiá-lo.


França tem afirmado a lideranças que, embora Haddad esteja na frente nas pesquisas de intenção de votos, teria mais dificuldades em vencer a direita no estado no segundo turno por causa da rejeição de parte significativa do eleitorado ao PT.

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Já os petistas informaram ao PSB que podem abrir mão de candidaturas em praticamente todos os estados -menos em São Paulo.


Lula, em entrevistas nesta semana, já deixou explícito que a candidatura de Haddad é irreversível.

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As lideranças do PT lembram ainda que abriram mão da candidatura ao governo de Pernambuco, onde o senador Humberto Costa (PT-PE) liderava com folga, para apoiar um nome do PSB no estado.


O PT imaginava que França sinalizaria com um recuo nesta semana em troca, por exemplo, de ser candidato ao Senado e ministro de um eventual governo Lula.

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Mas isso não ocorreu. Pelo contrário.


Na reunião de dirigentes partidários de quinta-feira, enquanto a maioria dos integrantes do PSB mostrava simpatia pela ideia da federação e já negociava detalhes de seu funcionamento, França jogou um balde de água fria nos ânimos.

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Ao pedir a palavra, ele afirmou que as regras da federação debatidas ali não tinham maior relevância e poderiam ser discutidas por três ou quatro pessoas. O importante de fato, frisou, seriam os gestos políticos dos diversos partidos que pretendem integrá-la.


A leitura foi a de que ele deseja do PT o "gesto político" de apoiá-lo para concorrer ao governo de São Paulo.

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O impasse com o ex-governador, portanto, permanece.


Outra pedra no caminho seria o prefeito do Recife, João Campos (PSB-PE). Ele não estaria empenhado na formação da federação porque ela dificultaria a pretensão de sua namorada, a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), de sair candidata à Prefeitura de São Paulo em 2024.


Como uma eventual federação unindo PT, PSB e os outros partidos só poderia lançar um nome na capital, ela dificilmente seria a escolhida.


Além disso, Campos não estaria confortável com a possibilidade de ter que conviver com sua prima e deputada federal Marília Arraes (PT-PE) na mesma federação, sendo obrigado até a apoiá-la em alguma eleição no futuro. Os dois são adversários figadais.


Um outro obstáculo seria o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB-ES). Buscando a simpatia de eleitores de centro-direita e direita, ele receberá no sábado (12) o ex-juiz Sergio Moro para conversar.


Já a base do PSB, especialmente a bancada de deputados federais, defende enfaticamente a formação de uma federação com o PT. Eles acreditam que o acordo fortaleceria o campo de centro-esquerda e facilitaria a reeleição da maioria deles.


A pressão dos parlamentares socialistas sobre os dirigentes do PSB tem sido intensa, o que poderia reverter as dificuldades apresentadas até agora pelos caciques.


França e Campos, no entanto, têm forte influência no diretório nacional da legenda, que tem a última palavra sobre o assunto.


Daí o relativo desânimo de Lula e do PT. Sem a federação, o quadro muda na maioria dos estados.


Os petistas poderiam voltar a lançar o senador Humberto Costa em Pernambuco.


No Espírito Santo, a possibilidade de apoio à reeleição do governador Renato Casagrande seria enterrada. E o PT lançaria a candidatura do senador Fabiano Contarato (PT-ES) à sucessão no estado.


No Rio Grande do Sul, onde se discutia uma aliança com o PSB na cabeça de chapa, o PT lançaria o deputado estadual Edegar Pretto (PT-RS) ao governo.


No Rio de Janeiro, Lula pretende seguir apoiando a candidatura do deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) ao governo do estado, independentemente de aliança ou federação com o PSB.


Mas haverá tensão, já que petistas que resistem a Freixo, como o presidente estadual da legenda, Washington Quaquá, ganhariam força.


A crise poderia chegar até mesmo ao Maranhão. Com a federação, o PT e Lula engrossariam a campanha do atual vice-governador do estado, Carlos Brandão (PSB-MA), lançado pelo atual governador Flávio Dino a sua sucessão.


Sem ela, poderia apoiar o senador Weverton Rocha (PDT-MA), que é próximo do partido.


A única certeza é que, com ou sem federação, Geraldo Alckmin tem lugar garantido como vice de Lula.

 Inicialmente negociando para entrar no PSB, ele já tem convites de outras legendas, como o PV, para se filiar e disputar a eleição na chapa.

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