Política

PGR: Bolsonaro sabia e concordou com plano de matar Lula, Alckmin e Moraes

19 fev 2025 às 09:08

A denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), apresentada na noite de terça-feira (18) ao STF (Supremo Tribunal Federal), evidencia que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava ciente e concordou com o planejamento e a execução de ações para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes. 


Conforme o procurador-geral da República, Paulo Gonet, o plano intitulado “Punhal Verde Amarelo” foi arquitetado e levado ao conhecimento do então presidente da República, “que a ele anuiu, ao tempo em que era divulgado relatório em que o Ministério da Defesa se via na contingência de reconhecer a inexistência de detecção de fraude nas eleições”.


“O plano se desdobrava em minuciosas atividades, requintadas nas suas virtualidades perniciosas. Tinha no Supremo Tribunal Federal o alvo a ser “neutralizado”. Cogitava o uso de armas bélicas contra o ministro Alexandre de Moraes e a morte por envenenamento de Luiz Inácio Lula da Silva”, frisa Gonet.


Além de Bolsonaro, a denúncia da PGR inclui outras 33 pessoas pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. As acusações envolvem militares, entre eles Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. 


A denúncia da PGR destaca ainda que outros planos foram encontrados em posse dos denunciados. Um deles se encerrava com a frase: “Lula não sobe a rampa”.


A prova de que a situação não ficou apenas na fase de planejamento seria a execução inicial da Operação Copa 2022.


“Foram levadas a cabo ações de monitoramento dos alvos de neutralização, o ministro Alexandre de Moraes e o presidente eleito Lula da Silva. O plano contemplava a morte dos envolvidos, admitindo-se meios como explosivos, instrumentos bélicos ou envenenamento”, informa o procurador-geral da República.


Segundo a denúncia ao STF, no dia 15 de dezembro de 2022, os operadores do planejado, com todos os preparativos completos, só não ultimaram o combinado por não terem conseguido, na última hora, cooptar o Comando do Exército.


O dia 9 de novembro de 2022 seria o início da fase mais violenta do plano de golpe de Estado. Foi quando o plano “Punhal Verde Amarelo" foi impresso dentro do Palácio do Planalto pelo e-assessor da Presidência da República e general do Exército Mário Fernandes, preso nas investigações.


O documento foi levado por Fernandes no mesmo dia ao Palácio da Alvorada. As investigações da Polícia Federal denotam registro de entrada de Fernandes no Alvorada à 17h48 do dia 9 de novembro. 


“A ciência do plano pelo presidente da República e sua anuência a ele são evidenciadas por diálogos posteriores, comprobatórios de que Jair Bolsonaro acompanhou a evolução do esquema e a possível data de sua execução integral”, pontua Gonet.


Um áudio de WhatsApp obtido por policiais federais denota que Mário Fernandes relata a Mauro Cid que havia estado pessoalmente com Jair Bolsonaro e debatido o momento ideal de serem ultimadas as ações tramadas, conforme a seguinte descrição: “Durante a conversa que tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo. Mas (...), ai na hora, eu disse, pô presidente, mas o quanto antes, a gente já perdeu tantas oportunidades.”


O procurador-geral da República também destaca na denúncia que o documento apresentado a Bolsonaro indicava a existência de ações de monitoramento já em curso, o que igualmente reforça a ciência prévia da alta cúpula da organização criminosa sobre a ideia que passou a ser operacionalizada segundo o plano “Punhal Verde Amarelo”.


Continue lendo