O presidente Lula (PT) disse que o papel do Estado é atender à população pobre do Brasil, e não megaempresários que "só servem para pedir bilhões". Em evento no Rio de Janeiro, o chefe do Planalto fez um paralelo entre pessoas de baixa renda que compram fiado -isto é, pagam depois- e ricos que pedem empréstimos ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
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"O pobre é o seguinte: quando ele compra o pão e o leite fiado e ele não pode pagar, ele para de passar na frente da padaria. Ele tem medo de falarem que está devendo", disse Lula, que completou:
"O rico, não. O rico gosta de dizer que está devendo. Para ele é uma coisa charmosa de dizer: 'eu peguei R$ 5 bilhões do BNDES, juros de longo prazo, cinco anos de carência e vou pagar em 15 anos'."
As declarações do presidente vão em sentido contrário ao programa anunciado por ele próprio, no início de janeiro, para impulsionar a indústria. Batizado de Nova Indústria Brasil, o plano prevê incentivos e empréstimos, inclusive do BNDES, para o desenvolvimento do setor nacional.
No programa, O BNDES vai gerenciar R$ 250 bilhões em projetos focados em produtividade, inovação, digitalização e descarbornização na indústria nacional. Economistas, porém, apontam que o plano pode inchar o banco de desenvolvimento.
Lula participou, nesta quarta-feira (7), da inauguração da escola municipal que ficará no lugar da antiga Arena 3, no Parque Olímpico, zona oeste do Rio. Em seu discurso, o presidente voltou a defender que a prioridade do governo é a população de baixa renda.
"Tem gente que não precisa do Estado, mas tem muita gente que precisa e é para essa gente que o Estado precisa existir. [...] O Estado tem obrigação de garantir oportunidade para que todas as pessoas possam vencer na vida. Esse é o papel do Estado. Não é para atender megaempresários, que cada vez que vão à presidência só servem para pedir bilhões, bilhões e bilhões", enfatizou Lula.
INVESTIMENTOS DO NOVO PAC
O evento no Rio inaugurou o Ginásio Educacional Olímpico Isabel Salgado, cujo nome é uma homenagem à jogadora e treinadora de vôlei homônima que morreu em 2022 em decorrência de uma síndrome aguda respiratória. A atleta foi homenageada no evento e citada por Lula em seu discurso.
O presidente também lançou a pedra fundamental do que será o campus Parque Olímpico/Cidade de Deus do IFRJ (Instituto Federal do Rio de Janeiro). Ele ficará onde era a Arena 2. Para a construção do espaço, serão investidos R$ 15 milhões.
À tarde, Lula também anunciará o início da construção do campus do IFRJ no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio. O investimento também será de R$ 15 milhões, oriundos do Ministério da Educação. Os terrenos para os centros de ensino técnicos foram cedidos pela prefeitura do Rio.
Na terça-feira (6), o presidente também anunciou que vai fazer campus do IFRJ em Belford Roxo, Magé, São Gonçalo e Teresópolis.
Os recursos das obras estão previstos no novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que prevê uma verba de R$ 3,9 bilhões para a construção de 100 unidades dos institutos federais.
"Eu queria que houvesse a compreensão dos setores mais altos da sociedade de compreender que o que a gente está fazendo é tentar elevar a classe brasileira, a sociedade brasileira, a subir um degrau da escala social. Ninguém gosta de ser pobre", disse Lula nesta quarta.
O presidente está no Rio de Janeiro desde terça-feira. No primeiro dia de sua visita ao Rio, Lula optou por agendas em Magé e Belford Roxo, cidades da Baixada Fluminense que são redutos bolsonaristas com uma grande parcela da população evangélica.
No primeiro evento, Lula trocou afagos com o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) -repetindo a estratégia que fez na semana passada, quando também fez acenas a outro governador próximo do ex-mandatário, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo.
Já na segunda agenda, em Belford Roxo, o petista deixou de lado sua promessa de cessar os ataques ao antecessor e chamou Bolsonaro de maluco, aloprado e ignorante.