O deputado Marcos Rogério (PDT-RO), relator do processo contra o deputado Luiz Argôlo (SD-BA) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, cogita convidar a depor a contadora Meire Bonfim Poza.
Segundo reportagem da revista Veja divulgada nesta semana, Meire era contadora do doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava Jato, da Polícia Federal. Ela teria declarado que Argôlo estava entre os parlamentares que recebiam pagamento do doleiro.
Conforme a revista, Meire afirmou que "Luiz Argôlo era cliente e ao mesmo tempo sócio de Beto" (apelido de Alberto Youssef). A ex-contadora teria dito ainda que os dois "tinham parcerias em obras e negócios" e que ela, pessoalmente, teria feito muitos pagamentos para Argôlo. "Ele vivia no escritório", teria afirmado Meire Poza.
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Marcos Rogério disse que, diante da gravidade das afirmações da contadora, é importante ouvi-la no Conselho de Ética. "Tem muita coisa ainda para ser esclarecida nesse processo e acho que seria interessante convidá-la ao conselho. Estou analisando apenas os aspectos formais para este convite, porque eu já tinha encerrado a parte das testemunhas do relator. Eu já tinha anunciado o início da oitiva das testemunhas de defesa. Então, estou vendo apenas essa questão formal", declarou.
Desde maio, o Conselho de Ética analisa dois pedidos de investigação contra Luiz Argôlo, um do PPS e outro da Mesa Diretora da Câmara, ambos com base em reportagens da revista Veja e do jornal Folha de S.Paulo que citam mensagens trocadas entre Youssef e Argôlo sobre a transferência de R$ 120 mil para a conta do chefe de gabinete do parlamentar, Vanilton Bezerra.
De acordo com a Folha, Argôlo também teria recebido do doleiro dois caminhões de gado. Em depoimento no Conselho de Ética, na semana passada, Bezerra negou ter recebido dinheiro.
O relator do caso, Marcos Rogério, disse que as representações propostas no Conselho de Ética pelo PPS e pela Mesa Diretora poderão ser unificadas. Por conta disso, seu parecer deverá ser apresentado na primeira quinzena de setembro.
Defesa preliminar
Luiz Argôlo já apresentou ao conselho duas defesas preliminares – uma para cada representação. Segundo o relator, os documentos tratam de questões como nulidades, prazos e ilegalidades de provas, sem entrar no mérito das acusações. O depoimento do parlamentar só terá data confirmada após os depoimentos das testemunhas listadas pela defesa e pelo relator.
Nesta quarta-feira, o Conselho de Ética ouvirá o funcionário da Caixa Econômica Federal Douglas Alberto Bento, testemunha de defesa de Argôlo.