O doleiro Alberto Youssef e o ex-secretário da Casa Civil maranhense João Guilherme Abreu foram denunciados à Justiça pelo Ministério Público do Estado por envolvimento em fraude no pagamento de um precatório. Segundo a denúncia, Youssef ofertou R$ 3 milhões em propina a servidores públicos estaduais para que a construtora UTC/Constran "furasse" a fila de pagamento dos precatórios do Tribunal de Justiça do Maranhão e recebesse um título de dívida pública no valor de R$ 113,3 milhões.
A denúncia foi oferecida pela 5.ª Promotoria Criminal do Maranhão e, por correr em segredo de Justiça, o Ministério Público informou que a promotora responsável não vai se manifestar sobre o caso envolvendo a UTC.
Além do doleiro e do ex-secretário maranhense, também foram denunciados Rafael Ângulo Lopez e Adarico Negromonte Filho, apontados como "funcionários" de Youssef, e o corretor Marco Antonio Ziegert. Adarico é irmão do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte.
A ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), que chegou a ser apontada como suspeita no caso, ficou de fora da denúncia.
Leia mais:
PF mira Carlos Bolsonaro em depoimento de ex-ministro sobre caso Abin paralela
Concessão de Praça da Juventude é retirado da pauta da sessão da Câmara de Londrina
Fábio Cavazotti defende aprovação de nova sede para Codel e Ippul nesta quinta
Prefeitos da região articulam grupo para o fortalecer o Norte do Paraná
Assinada pela promotora Lise de Maria Brandão de Sá Costa, a denúncia afirma que o acerto para pagamento da propina foi feito entre Youssef, Ziegert e Abreu, mas que coube a Ângulo e Adarico entregar os valores. Ângulo teria feito duas entregas diretamente ao ex-secretário - acusado de corrupção passiva - no Palácio dos Leões, sede do governo estadual.
Ângulo admitiu ainda que levava maços de dinheiro presos ao corpo e em meiões de futebol e que, em uma das entregas, ele e Adarico chegaram a transportar, cada um, R$ 300 mil em notas de R$ 100.
Além de pedir que os denunciados respondam por corrupção, o Ministério Público requereu que 14 testemunhas sejam ouvidas, entre elas o empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC, que teria pedido para Youssef interceder no caso e que posteriormente também se tornou um dos delatores da Operação Lava Jato.
Prisão
Em março de 2014, Youssef estava no Maranhão para acertar detalhes do pagamento quando foi preso em um quarto de hotel pela Polícia Federal durante uma das primeiras ações da Operação Lava Jato. Youssef chegou a dar dinheiro, poucas horas antes de ser detido, para Ziegert, que estava em outro quarto no mesmo hotel e saiu sem ser visto pela polícia.
O doleiro foi um dos primeiros investigados e fazer acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato.
No ano passado, o processo relativo ao caso UTC/Constran iniciou sua tramitação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma vez que Roseana Sarney - suspeita de negociar com o doleiro Alberto Youssef - tinha foro privilegiado por ser governadora do Maranhão.
Após a renúncia de Roseana ao cargo, em dezembro de 2014, o processo foi enviado para o Tribunal de Justiça do Maranhão. O nome da ex-governadora chegou a ser citado uma vez na denúncia, quando o Ministério Público relembrou que o inquérito começou no Superior Tribunal de Justiça.
Defesa
Os advogados do ex-secretário da Casa Civil do Maranhão João Guilherme Abreu, Aldenor Rebouças e Vinicius Berredo, não atenderam às ligações da reportagem. O advogado do doleiro Alberto Youssef, Antônio Figueiredo Basto, não foi localizado em seu escritório. O Estado também não conseguiu localizar os representantes legais de Rafael Ângulo, Adarico Negromonte Filho e Marco Antonio Ziegert. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.