O banimento do presidente dos EUA, Donald Trump, do Twitter, a remoção do aplicativo Parler (uma espécie de Twitter conservador) das lojas virtuais e a atualização dos termos de uso do WhatsApp levaram nomes da direita em todo o mundo a migrar para o Telegram.
O app de mensagens criptografas registrou nas últimas 72 horas 25 milhões de novos usuários em todo o mundo. A direita no Brasil, que vê na plataforma regras mais flexíveis, seguiu a tendência e, desde o fim de semana, divulga links para seus canais no Telegram.
O aplicativo funciona como o WhatsApp e permite a criação de canais para divulgação de mensagens pelo titular, sem que haja interação de quem o segue na plataforma.
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Esta foi a opção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que nesta terça-feira (12) anunciou seu canal e conclamou seus seguidores no Twitter a acompanhá-lo também no Telegram. Em 24 horas, na manhã desta quarta-feira (13), Bolsonaro já tinha quase 135 mil pessoas o acompanhando.
Durante cerimônia no Palácio do Planalto, Bolsonaro lamentou o que chamou de "censura às mídias sociais". "Minha adorada imprensa, vocês nunca tiveram tanta liberdade como em meu governo. Nunca se ouviu falar em meu governo em controle social da mídia ou democratização da mesma", disse o presidente.
"Vocês têm liberdade demais, de sobra. Eu lamento o fechamento, a censura às mídias sociais. Elas não concorrem com vocês, não. Uma estimula a outra."
Bolsonaro, que é um crítico da imprensa profissional, não citou Trump em seu discurso, mas sua condenação à "censura" das mídias sociais ocorre em meio a um intenso debate sobre a decisão de empresas de tecnologia de restringir o alcance de contas associadas ao presidente americano.
A ação das empresas ocorreu após Trump ter incitado, em 6 de janeiro, uma multidão a marchar rumo ao Congresso americano em Washington sob a alegação –sem provas– de que as eleições presidenciais haviam sido fraudadas.
Na semana passada, o Twitter baniu de modo permanente a conta de Trump na rede social. O argumento usado pela companhia é que o perfil apresentava risco de "mais incitação à violência".
Outras plataformas seguiram o mesmo caminho. O Facebook suspendeu o republicano de sua rede até pelo menos a posse de Biden.
A ação das gigantes de mídias sociais gerou fortes queixas de grupos conservadores, entre eles apoiadores de Bolsonaro.
Filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) trocou sua imagem de perfil no Twitter por uma fotografia de Trump em protesto ao que classificou como ato autoritário da rede social.
Aliados de Jair Bolsonaro criaram contas no Telegram e canais de transmissão. É o caso do secretário da Pesca, Jorge Seif, do ministro do Turismo, Gilson Machado, e dos assessores especiais Filipe Martins e Tercio Arnaud, que integra o suposto "gabinete do ódio".
A deputada Bia Kicis (PSL-DF) diz que ela e outros nomes da direita foram impelidos a fazer a migração como uma prevenção às decisões adotadas pelas companhias de mídias sociais nos últimos dias.
"É muito abuso, é muita tirania. A gente precisa se proteger", afirmou a parlamentar.
A suspensão de Trump das redes sociais gerou questionamentos até mesmo de críticos do americano.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, manifestou, por exemplo, preocupação com a decisão do Twitter e disse que ela era "problemática". Um porta-voz da líder alemã afirmou que o direito à liberdade de opinião é de "importância fundamental".