Polícia

Tribunal do Júri define data de julgamento do caso Eduarda Shiguematsu em Maringá

18 mar 2025 às 16:08

O Tribunal do Júri da Comarca de Maringá (Noroeste) definiu, na última sexta-feira (14), que o julgamento do pai e da avó de Eduarda Shigematsu - assassinada por estrangulamento em 27 de abril de 2019 - acontecerá às 8h30 de 20 de maio, no município. A definição da data ocorre após diversas discordâncias sobre o local de julgamento, inicialmente repassado de Rolândia (região metropolitana de Londrina) - onde o crime foi consumado - para Londrina e, em seguida, para a Cidade Canção.


No julgamento feito pelo Júri, cidadãos comuns decidem se um réu é culpado ou inocente em crimes como o de Eduarda. O julgamento é feito em sessão pública, com a presença do juiz, promotor, advogado de defesa e jurados sorteados. Após a apresentação das provas e debates, os jurados se reúnem em segredo para votar, e a decisão final é proferida pelo juiz com base no veredito.


O corpo de Eduarda foi encontrado pela Polícia Civil três dias após o anúncio do desaparecimento, feito em 24 de abril de 2019. O MPPR (Ministério Público do Paraná) - que denunciou o pai, Ricardo Seidi, em 2019 - solicitou a inclusão de Terezinha Guinaia, a avó, como acusada devido ao suposto falso boletim de ocorrência feito por ela na época do desaparecimento. De acordo com a tese do órgão, ela tinha a guarda da criança desde 2014 e também "foi omissa ao permitir a relação do pai com a filha mesmo sabendo dos riscos". O corpo de Eduarda foi enterrado clandestinamente em um imóvel da família, em Rolândia.


Jéssica Pires, a mãe da vítima, teve um relacionamento de 4 anos com o acusado, resultando no nascimento da menina. Ela estava em São Paulo (SP) quando o crime ocorreu.


Nesta terça-feira (18), o Portal Bonde entrou em contato com os advogados dos réus e o representante da mãe de Eduarda.


De acordo com Roberto Ekuni, advogado do pai da criança, a defesa também será composta por Douglas Rocha, Guilherme Marzola e Almeri Pedro. Ele explicou que o grupo tem consciência da complexidade do processo, mas que estão preparados para a realização da sessão de julgamento no dia designado. "Esperamos um julgamento justo e imparcial pelo conselho de sentença. O Ricardo teve só uma versão durante todo o processo e demonstraremos com provas técnicas que ele fala a verdade", disse Ekuni.


Já Mauro Valdevino, que representa Terezinha, destacou que o juízo da Vara do Tribunal do Júri de Rolândia, que acompanhou todos os depoimentos e a primeira fase, já havia a inocentado, antes da apelação do MPPR ao TJPR, quando Terezinha foi impronunciada, ou seja, liberada do julgamento. Entretanto, a decisão foi contestada pelo MPPR, que conseguiu reverter a condição. Apesar dos imbróglios, Valdevino garante que a defesa confia na absolvição.


Hugo Zuan, advogado representante da mãe de Eduarda e assistente de acusação, foi procurado e responderá à reportagem em nome da mãe, que não apresentou condições para comentar o assunto. 


Segundo ele, Jéssica Pires recebeu com alívio a decisão que marcou o dia e o horário para que os réus sejam julgados pelos jurados, quase seis anos após os fatos que desencadearam na morte da criança.


Zuan pontuou que fará, no dia do julgamento, novamente a exposição do caso "em busca da realização da Justiça, com a punição devida aos réus, ocasião em que se espera que a Justiça Penal seja efetivamente concretizada, confirmando-se a condenação de Ricardo pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, falsidade ideológica e ocultação de cadáver, e de Terezinha pelos crimes de falsidade ideológica e ocultação de cadáver".


O advogado ainda destacou que os crimes praticados contra Eduarda Shigematsu, que tinha 11 anos na época, "são injustificáveis sob qualquer ponto de vista, sobretudo quando há desfecho tão trágico quanto à perda de sua vida, bem como um conjunto probatório robusto para permitir que os réus sejam condenados".


O MPPR também foi questionado sobre o andamento do processo e as expectativas sobre o julgamento de maio, mas respondeu que ainda não há promotor designado para responder sobre o assunto.


O crime


Ricardo teria atacado a filha em casa por volta do meio-dia de 24 de abril de 2019. As gravações das câmeras de segurança da residência foram desligadas antes do crime e reativadas após a morte. Dias antes, o acusado teria preparado o local onde o corpo foi enterrado.


O corpo de Eduarda foi levado à chácara da família em um Volkswagen Gol e enterrado em um buraco preparado anteriormente. De acordo com o MPPR, o pai e a avó registraram um boletim de desaparecimento mesmo sabendo da morte da menina.


Nos depoimentos, testemunhas apontaram contradições. Um dos fatos que mais chamou a atenção do órgão sobre a possibilidade de culpa da avó foi um pedido de perdão dela à mãe da criança, mencionando que o pai era "doente".


Com a denúncia do MPPR acatada, Ricardo teve a prisão convertida em preventiva. Terezinha, inicialmente, foi impronunciada - ou seja, liberada do julgamento do Júri -, mas depois foi incluída pelo TJPR (Tribunal de Justiça do Paraná) nos crimes de falsidade ideológica - pelo falso boletim de ocorrência - e ocultação de cadáver.


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