A Polícia Civil investiga o envolvimento de policiais militares nos assassinatos em série de 12 pessoas ocorridos em um prazo de cinco horas, entre a noite de domingo e a madrugada desta segunda-feira, 13, em bairros de uma mesma região da periferia de Campinas. As mortes, todas com características de execução, aconteceram horas depois de um policial militar de folga ser morto com um tiro na cabeça em uma tentativa de assalto próximo do local dos crimes, no bairro Ouro Verde.
"Não descartamos execução, vingança nem conflito entre criminosos", afirmou o delegado Licurgo Nunes Costa, do Departamento de Polícia Judiciária do Interior de Campinas (Deinter-2). "É uma sequência de fatos, em uma mesma região, com ocorrências próximas de horários, que temos que considerar a relação."
Metade dos mortos tinha passagem pela polícia. Entre as vítimas há um adolescente de 17 anos e um não foi identificado. Os demais têm entre 20 e 30 anos. Alguns respondiam por crimes como homicídio, roubo, tráfico de drogas e receptação.
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A irmã de uma das vítimas afirmou que os assassinos estavam em dois carros, um prata e um preto. Os veículos foram vistos por testemunhas também nos locais de pelo dois outros crimes. Os criminosos usavam capuz na cabeça, sobretudo escuro e coturnos.
"O cunhado do meu irmão estava junto e ele é menor de idade. Os homens mandaram ele entrar e atiraram depois", afirmou a irmã, que pediu para não ser identificada. No local, no bairro Vida Nova, foram três mortes. Próximo dali, no mesmo bairro, outros dois corpos foram encontrados.
Os mesmos veículos e homens encapuzados foram vistos também em um outro local onde quatro vítimas foram assassinadas enquanto comiam pizza na frente da casa de um deles.
Nos locais dos crimes foram localizadas cápsulas de pistola 9 mm e de revólver calibre 380. As vítimas tinham tiros na cabeça e tórax, alguns com mais de cinco perfurações pelo corpo.
As outras três mortes ocorreram em locais diferentes na mesma região do Ouro Verde. "Não estamos descartando nada. Consideramos também alguma participação de organização criminosa ou questão isolada", afirmou o delegado.
Os assassinatos em série ocorreram horas depois do policial militar Arides Luis dos Santos, de 44 anos, que estava com a mulher abastecendo o carro na região, ter sido abordado por criminosos. Ele tentou desarmar um dos bandidos e levou um tiro na cabeça. Seu corpo foi enterrado nesta segunda.
Reação
Pela manhã, enquanto a região foi tomada por viaturas da polícia e imprensa, o terminal de transporte urbano do bairro Vida Nova foi invadido por pelo menos 15 pessoas. Três ônibus foram incendiados e sete apedrejados. A cabine do terminal e um carro que estava no local também foram incendiados.
A Polícia Militar enviou a tropa de choque ao local, que acabou prendendo duas pessoas que jogavam bombas contra os policiais.