A preocupação com assaltos a farmácias praticados por criminosos interessados nas chamadas canetas emagrecedoras levou o comando do 5º BPM (Batalhão da Polícia Militar) a convocar uma reunião, nesta sexta-feira (28), com representantes destes estabelecimentos para debater medidas de segurança que podem ser adotadas pelas próprias redes.
O encontro ocorreu após a identificação de uma série de roubos ligados à busca por medicamentos de alto valor agregado, armazenados em áreas controladas dos estabelecimentos. Na primeira quinzena de novembro, quatro pessoas foram presas durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão visando justamente esses crimes. No caso a Polícia Civil identificou que os produtos roubados eram vendidos por um preço mais baixo, com pagamentos fora do caixa dos estabelecimentos.
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O comandante do 5º BPM, coronel Ricardo Eguedis explicou que a PM atua sob a filosofia de “polícia de proximidade”, que prevê diálogo constante com a sociedade e troca de informações para ações preventivas. “Verificamos que algumas dicas e soluções podem melhorar muito a segurança dessas empresas. Por isso convocamos os representantes das farmácias para estabelecer uma tratativa diferenciada com quem compareceu”, afirmou.
Segundo ele, a meta é diminuir furtos e roubos, reduzir o medo entre funcionários e fortalecer a convivência entre os estabelecimentos e a comunidade.
PATRULHAMENTO INTENSIFICADO
O comandante destacou que a corporação já intensificou o patrulhamento e passou a atuar com base em denúncias enviadas pela população, o que permitiu identificar suspeitos e a localizar o veículo usado nos crimes. A polícia apura agora a atuação de receptadores e o destino dos produtos roubados. “Percebemos que é uma organização que provavelmente não é de Londrina nem do Paraná. Estamos trabalhando para identificar quem lucra com esses roubos”, disse.
Eguedis alertou que as canetas emagrecedoras, além de serem rastreáveis, perdem o efeito se forem armazenadas fora das condições adequadas e podem oferecer grande risco à saúde quando adulteradas.
O coronel ressalta que houve casos em que criminosos substituíram o medicamento por insulina, expondo os compradores ao risco de morte. “Quem usa produto de origem duvidosa corre risco de vida. A dosagem pode estar errada e hpa casos em que só uma diálise reverte o quadro”, afirmou.
Ele reforçou que adquirir mercadorias desviadas também pode levar o consumidor a responder criminalmente por receptação.
Segundo Eguedis, os roubos têm maior incidência na região central de Londrina, pelo grande fluxo de pessoas, mas podem ocorrer em qualquer bairro. A PM quer, inclusive, entender melhor os sistemas internos de distribuição e armazenamento das redes de farmácias para orientar mudanças que dificultem a ação de criminosos. “Quando falamos de segurança, todas as empresas podem estar unidas”, disse.
Representantes das redes também expuseram suas preocupações. Marcelo Ferreira de Freitas, coordenador de prevenção de perdas, explicou que o setor lida diariamente com furtos diversos — desde desodorantes e shampoos até itens de menor valor, como gomas de mascar — mas que o roubo das canetas ocorre de forma distinta, pois exige ameaça ou violência. “Elas ficam guardadas em geladeira no estoque. Para ter acesso, tem que ser roubo mesmo. Não é como um furto de prateleira”, relatou. Segundo ele, muitos desvios pequenos só são descobertos posteriormente, durante inventários.
Para Freitas, a reunião fortalece a comunicação entre as redes e a PM, essencial diante do atual cenário. “Estamos tentando trabalhar a prevenção de todos os tipos de perda. A troca de informações ajuda muito”, afirmou.
Eguedis reafirmou o compromisso da corporação com o setor. “É nosso papel garantir a segurança de quem trabalha nesses estabelecimentos. Vamos manter essa aproximação para melhorar a qualidade de vida e reduzir o medo”, disse.
Preocupação das redes
A Abrafarma (Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias) disse que ainda não tem dados específicos sobre os crimes envolvendo este tipo de medicamento, porque as notificações precisam partir das próprias redes.
Entretanto, a entidade criou um GT (Grupo Temático) de Segurança, com representantes das 29 redes associadas, para debater a “crescente incidência de furtos e roubos nesses estabelecimentos”.
O objetivo, segundo a assessoria de imprensa da associação, é dar mais amplitude ao acompanhamento de dados e casos sobre essas práticas criminosas, promover o compartilhamento de inteligência interna e sugerir atitudes preventivas.
“Há tempos já realizamos estudos semestrais de prevenção de perdas para benchmarking interno. Nunca na história da entidade cogitou-se qualquer abordagem nessa área, mas essa mudança de olhar demonstra a gravidade e insegurança dos tempos atuais”, adverte Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma.
A associação já conduziu reuniões com autoridades de segurança para debater estratégias de combate aos roubos e furtos. “Embora cada rede associada tenha sua política de prevenção própria e independente, nos sentimos no dever de apoiá-lo na resolução desse problema, especialmente considerando a utilidade pública da farmácia e o grande fluxo de clientes que passam diariamente pelas redes”, reforça.