O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público de São Paulo e a Polícia Federal deflagraram, na manhã desta quinta-feira (23), a Operação Red Flag, que investiga um esquema milionário de tráfico de drogas transportadas por aeronaves. As ações, que envolveram dezenas de agentes, incluíram o cumprimento de mandados judiciais em Londrina, Curitiba e Toledo, além de outros municípios de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Ao todo, foram expedidos 33 mandados de busca e apreensão, oito de prisão preventiva e um de prisão temporária pela 2ª Vara Criminal de Birigui (SP). A operação é resultado de uma força-tarefa entre a PF e o Gaeco, com apoio do Ministério Público de São Paulo, e teve como foco desarticular a estrutura logística e financeira de uma organização criminosa que usava a aviação privada para transportar cocaína entre diferentes estados.
As investigações começaram há cerca de um ano, após a identificação de um piloto da região de Araçatuba (SP) suspeito de transportar drogas em aeronaves agrícolas a serviço do grupo. De acordo com a PF, os voos partiam principalmente de oficinas e hangares localizados em Birigui, onde os aviões eram preparados para o transporte do entorpecente.
O esquema contava com uma estrutura complexa e hierarquizada, composta por núcleos responsáveis pela logística aérea e terrestre, gerenciamento financeiro e assessoria para ocultação de bens e valores. Em apenas uma das ações criminosas, no final de 2024, o grupo transportou quase uma tonelada de cocaína em aeronaves agrícolas que sobrevoaram o interior do Paraná.
Entre os investigados estão pilotos e empresários ligados à aviação privada, apontados como operadores logísticos e financiadores do transporte aéreo da droga.
Movimentações suspeitas
As apurações revelaram que o grupo movimentou mais de R$ 160 milhões em transações financeiras suspeitas nos últimos anos, utilizando contas bancárias de pessoas físicas, empresas vinculadas e terceiros para dissimular a origem ilícita dos recursos. O dinheiro seria proveniente da venda de grandes carregamentos de cocaína e reinvestido na compra de imóveis de luxo, propriedades rurais, veículos, embarcações e aeronaves.
Com a deflagração da operação, além das prisões e buscas, a Justiça determinou medidas cautelares para bloquear bens e interromper as atividades financeiras do grupo criminoso. Todo o material apreendido — incluindo documentos, equipamentos eletrônicos e veículos — será encaminhado à sede da Polícia Federal em Araçatuba para análise.
Os presos passarão por audiência de custódia e permanecerão à disposição da Justiça Estadual de Birigui. Eles poderão responder por tráfico de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Ação nacional
A Operação Red Flag teve alvos nas cidades de Araçatuba, Birigui, Vera Cruz, Catanduva e Garça (São Paulo); Curitiba, Londrina e Toledo (Paraná); Aral Moreira e Campo Grande (Mato Grosso do Sul); e Colíder (em Mato Grosso).
De acordo com a Polícia Federal, o nome da operação faz referência ao termo “red flag” (“bandeira vermelha”, em inglês), usado para indicar alertas de perigo ou atividades suspeitas, simbolizando o monitoramento de movimentações irregulares no espaço aéreo brasileiro.