Edson dos Santos Rodrigues, mais conhecido como 'Zoza', começou a ser ouvido por volta das 15h desta quinta-feira (17), em seu próprio julgamento no Tribunal do Júri de Londrina. Em depoimento, 'Zoza' afirmou: "nunca cometi um assassinato ou mandei matar alguém". No entanto, admitiu ter cometido diversos furtos e ter se envolvido com o tráfico de drogas no Jardim Nossa Senhora da Paz, zona oeste de Londrina.
O réu é acusado de ter mandado matar cinco pessoas, entre 2011 e 2012. Ele responde à acusação com mais quatro pessoas. De acordo com o Ministério Público (MP), quatro das cinco vítimas morreram. O único sobrevivente é o detento Leandro Dallbello, que cumpre pena em Carazinho, no interior do Rio Grande do Sul.
Segundo a Polícia Civil, 'Zoza' ordenou os assassinatos de dentro da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL). Atualmente ele está detido no presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
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Durante seu depoimento, 'Zoza' relatou também ter tido uma infância difícil com um pai que não tinha capacidade de ensinar a ele e ao irmão a diferença entre o certo e o errado. Mencionou três passagens por atos infracionais quando era adolescente. Ao se estender no detalhamento de sua vida, o MP interferiu e pediu objetividade.
Depoimentos
O delegado Paulo Henrique Costa, que comandava o setor de Homicídios da 10ª Subdivisão Policial (10º SDP), na época em que 'Zoza' teria ordenado a morte de cinco pessoas, foi o primeiro a depor nesta quinta-feira (17).
O delegado afirmou que a primeira vítima, identificada como Josuel Alves, o 'Pepeu', era comparsa de 'Zoza' no tráfico. Segundo ele, 'Pepeu' ficou incumbido de entregar R$ 160 mil para outro traficante. No entanto, a Polícia Militar (PM) apreendeu o dinheiro durante uma abordagem na BR-369, na saída para Ibiporã.
Conforme o delegado, mesmo preso, 'Zoza' ficou sabendo que a transferência foi malsucedida e ordenou a morte de Josuel Alves.
O último assassinato foi de José Carlos Vieira. Segundo o delegado, ele prestou depoimento durante uma tarde inteira na Delegacia de Homicídios. Na ocasião, confirmou aos investigadores que estaria sendo ameaçado pelos comparsas de 'Zoza'. Costa reiterou que chegou a oferecer proteção policial à Vieira, o que foi recusado. Na madrugada seguinte, ele foi morto com vários disparos de arma de fogo em sua residência.
O investigador Cláudio Santana, lotado na época na Delegacia de Homicídios, foi o segundo a prestar esclarecimentos no julgamento. Depois, o único sobrevivente da série de ataques, o detento Leandro Dalbello, disse que conhecia 'Zoza' apenas de vista porque moravam no mesmo bairro, o Jardim Nossa Senhora da Paz.
Dalbello também afirmou que não tem nenhum envolvimento com os demais réus. Ele estava no mesmo carro que Josuel Alves, o primeiro a ser assassinado. No depoimento, Dalbello reiterou que duas pessoas passaram de moto atirando. Ele avaliou que "mesmo preso, continua recebendo ameaças da polícia". "Nunca tive desavença com o 'Zoza'."
Um parente de 'Zoza', arrolado como testemunha de defesa, também foi ouvido durante a tarde.
(Com informações de Rafael Machado e Celso Felizardo do Grupo Folha)