O delegado de Cambé, Roberto Fernandes de Lima, resolveu indiciar nesta segunda-feira (17) Abraão Issa Nader, 37 anos, por tentar matar Janete Pereira dos Santos, 40, ao amarrá-la nas mãos e pés com fios elétricos, colocá-la no porta-malas de um carro e jogá-la de uma ponte de aproximadamente quatro metros de altura que corta o Ribeirão Vermelho, no km 36 da Estrada da Prata. Ela conseguiu se desgarrar e pediu socorro em uma fazenda. Uma pessoa que passava pelo local notou a mulher machucada e chamou a polícia.
O caso aconteceu na noite do dia 8 de junho. Os investigadores de Cambé descobriram que o homem possuía uma dívida de R$ 30 com a vítima, que era sua inquilina. "Estamos convictos que ele agiu por motivo fútil, já que ele queria que a Janete saísse do imóvel que tinha alugado. Outro fator que pesou no indiciamento foi a execução do crime, pela mulher ter sido amarrada, recurso que impossibilitou sua defesa. Mesmo o suspeito negando ter carregado ela no porta-malas, os indícios de autoria são fortes porque ele foi reconhecido, assim como o veículo", explicou Lima.
Segundo o delegado, Abraão confessou que havia brigado com Janete em um bar. Mas o depoimento de sua esposa, uma jovem de 21 anos, desmente parcialmente a versão dele. Ela informou ter visto o companheiro amarrando a mulher e colocando-a no bagageiro. Disse que voltou para casa, mas não encontrou o marido, que voltou horas depois. "Somente na manhã seguinte fiquei sabendo do que realmente aconteceu", afirmou.
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Um laudo do IML (Instituto Médico Legal) de Londrina confirmou que Janete tinha lesões por todo o corpo, como face, pescoço, ombros, braços e tornozelos. Segundo o médico legista Pedro Cresio Mariquito Filho, responsável pelo exame, "pode-se afirmar que o agressor teve intenção de matar a vítima e que o mesmo agiu de forma bastante cruel. Houve claro perigo de vida, alto risco de morte por afogamento ou trauma grave pela altura que foi jogada, já que ela não sabia nadar".
Agora indiciado por tentativa de homicídio qualificado, Abraão Nader pode ser condenado em até 16 anos e oito meses. Ele já foi preso por roubo e furto e usava tornozeleira eletrônica. Para despistar o monitoramento, a Polícia Civil acredita que o equipamento "apagou" cerca de quatro a cinco horas. "Bate exatamente com o período que ele pegou a Janete e retornou para casa. Certamente fez um envelopamento para que o sinal não fosse captado", finalizou Roberto Fernandes.
Procurado, o advogado Bruno Vinícius Alves Passos não quis se manifestar, mas adiantou que a defesa entrou com pedido de revogação da prisão preventiva na Justiça de Cambé. A solicitação ainda não foi analisada. O Ministério Público pode ou não oferecer denúncia contra Abraão Nader.