Polícia

Motorista é acusado de acidente em que mulher morreu afogada

22 fev 2019 às 09:29

Mais de seis meses depois de um acidente que tirou a vida de Carmelita Gonçalves dos Santos, 43 anos, o Ministério Público apontou no final de janeiro o então esposo dela, Adilson Lemes Cunha, como responsável pela queda em julho de 2018 do Polo vermelho nas águas do Ribeirão Três Bocas, zona sul de Londrina. A mulher morreu afogada por não ter conseguido desgarrar do cinto de segurança enquanto o carro afundava. O homem, que estava sem a proteção, foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros em uma das margens do córrego sentindo dores no tórax. Ele foi encaminhado ao Hospital Evangélico e sobreviveu.


O veículo só pôde ser retirado no dia seguinte. No Instituto Médico Legal, o laudo assinado pelo médico legista João Nelsi Lukenczuk confirmou que Carmelita faleceu por asfixia mecânica por afogamento em água doce. O delegado Algacir Ramos levou quase um mês para terminar o inquérito. No encerramento dele, indiciou Cunha por homicídio culposo na direção de automóvel. O policial assegura ter chegado a esta conclusão após refazer os passos anteriores ao acidente do casal.


Segundo a investigação, Adilson e Carmelita, juntos há seis anos, foram para a Usina Três Bocas visitar um amigo, mas resolveram parar em um restaurante do patrimônio rural para almoçar. Lá bateram papo com outro casal conhecido por uma hora. Durante interrogatório na Delegacia de Trânsito, o motorista confessou que pediu um chopp e uma caipirinha de limão com vodca preta, bebida que teria dividido com a esposa. Conversa vai, conversa vem, decidiram sair do estabelecimento comercial perto de 16h. "Quando saímos, ela (Carmelita) colocou o cinto, mas eu não. Fiz a primeira curvinha para chegar na ponte, mas não sei o que aconteceu depois. O carro foi para o lado esquerdo, resvalou em um matagal e caiu no rio com os rodados para cima. Eu desmaiei e vi os meus colegas que estavam com a gente no restaurante voltando para ver o que havia ocorrido. Foi aí que chamaram o Siate", disse o acusado.


O condutor afirmou ainda que "dirigia em baixa velocidade, perto de 40 km/h. O acidente não teve nada a ver com a caneca de chopp que tomei. Não sei quem tirou a Carmelita do Polo. Naquele dia, tomei uma latinha às 7h, mas não tenho esse costume. Só bebi pra acompanhar meu vizinho", comentou Cunha. A reportagem não conseguiu localizá-lo. Ele, que não ficou preso, também não tinha constituído advogado pelo sistema de consulta do Tribunal de Justiça do Paraná.


Porém, a oitiva de outra testemunha coletada pela polícia contesta a versão do motorista. O rapaz, que terá a identidade preservada, informou que tinha ido de moto buscar sua esposa no restaurante onde Adilson e Carmelita estavam, já que ela trabalha como cozinheira. Quando voltavam, parou porque um homem, no caso Cunha, disse que precisava de ajuda porque seu carro tinha caído no ribeirão. "É possível que ele estivesse em alta velocidade, já que foi lançado fora do automóvel. A bebida pode ter contribuído para o fato dele ter possivelmente ter perdido o controle da direção", contou.


Também em depoimento, a filha de Carmelita, uma jovem de 26 anos, comentou "que recebeu uma notícia pelo WhatsApp de que um Polo igual ao da sua mãe havia caído na ponte de um riozinho na Usina Três Bocas. Naquele momento, pressenti que era o dela. Já comecei a chorar, mas só recebi a confirmação depois que me ligaram lá do IML. Registrei um boletim de ocorrência de falecimento dela na 10ª Subdivisão Policial. Não tenho a menor dúvida de que o Adilson foi irresponsável ao beber e sair feito louco do restaurante para perder o controle e cair dentro do rio. Quero que ele seja punido caso realmente fique comprovada a culpa".

No fim de janeiro, o promotor Ricardo Domingues denunciou Cunha por homicídio qualificado e pediu que ele vá a júri popular. Além disso, caso seja condenado, deverá ressarcir a família da vítima. A ação foi aceita pela juíza que conduz o caso, Elisabeth Kather, que encaminhou ofícios questionando o comparecimento de órgãos de segurança, como Polícia Militar, no local da morte. O chefe do Instituto de Criminalística de Londrina, Luciano Bucharles, já informou que a perícia não foi chamada. Na sexta passada (15), a magistrada deu 10 dias para que o acusado responda o apontamento do Ministério Público.


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