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Investigação do MP

Membro de congregação evangélica é suspeito de abuso sexual em Londrina

Diego Prazeres - Folha de Londrina
04 nov 2014 às 07:48
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O Ministério Público (MP) de Londrina abriu inquérito para investigar dois supostos casos de abuso sexual que teriam sido cometidos contra dois menores por um membro de uma congregação evangélica da cidade. O processo corre em sigilo. A promotora de Justiça da 6ª Vara Criminal, Susana Feitosa de Lacerda, colheu na última sexta-feira os depoimentos de uma das vítimas – um adolescente de 15 anos – e da mãe dele. A outra vítima, que também seria um adolescente da mesma idade, deve ser a próxima a ser ouvida. "Foram identificados dois casos. Para mim já está configurada a situação de abuso nesse primeiro caso. Vou ouvir quantas pessoas for necessário para oferecer a denúncia", afirmou a promotora.

A denúncia contra o membro da congregação evangélica foi relatada de forma anônima há cerca de um mês na 6ª Vara Criminal. Em conversa com a Folha de Londrina após os depoimentos ao MP, na última sexta-feira, uma das vítimas e a mãe dele disseram que o abuso ocorreu na casa de um frequentador da congregação, enquanto o adolescente dormia na sala. O acusado, um rapaz na faixa etária dos 25 anos, teria tocado as partes íntimas do garoto, por cima da roupa. O adolescente disse que acordou assustado e tirou satisfação com o acusado, que, segundo o garoto, fingiu que estaria dormindo. Tanto a vítima quanto a mãe dele afirmaram que o rapaz é pastor na igreja e lidera o grupo de crianças e adolescentes, o que o advogado e os líderes da congregação negam.

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A vítima ainda relatou que o episódio chegou ao conhecimento dos líderes pastorais, que se reuniram com o adolescente na presença do acusado. "Ele ficou o tempo todo chorando no canto da sala. Alguns pastores chegaram a falar que ele tinha que ser mandado embora, mas ele falou que não queria sair e pediu desculpas, dizendo que queria ficar, que era função da igreja recuperá-lo", relatou o garoto. A mãe dele disse que também foi procurada pelos líderes da congregação. Eles teriam dito que o rapaz não era pastor na igreja, já que não teria sido ungido para a função, mas que iriam tomar providências. "Eles afastaram o pastor, deixaram ele morando na casa paroquial, mas algum tempo depois ele voltou à mesma função normalmente. Nós sentimos que eles tinham intenção de abafar o caso", relatou a mãe, acrescentando que decidiu procurar o Ministério Público quando sentiu que nenhuma providência foi tomada pelos líderes da congregação.

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Igreja nega que suspeito seja pastor



Em conversa com a Folha, o advogado e líderes da congregação garantiram que o rapaz acusado de abusar sexualmente de dois adolescentes não é pastor na igreja. Segundo o pastor responsável pela evangelização de crianças e adolescentes, ele não foi ungido na congregação. "Ele de fato foi pastor em uma outra congregação fora de Londrina, assim como o pai dele. Nós tínhamos conhecimento de alguns fatos, ele veio até nós pedir ajuda e nós o acolhemos. Como qualquer outro jovem e membro da igreja ele dava seus testemunhos, mas o responsável pelo trabalho com os adolescentes sou eu. Ele não é pastor aqui", afirmou o líder pastoral. Questionado sobre quais fatos pregressos envolvendo o acusado a igreja tinha conhecimento, o pastor afirmou que não saberia dizer. Os líderes pastorais informaram que a congregação realiza trabalhos de recuperação e reabilitação com diversas pessoas e que não foi diferente com o suposto pastor. Depois do episódio envolvendo o adolescente, o suspeito foi afastado do convívio dos membros da congregação. A igreja também negou que tivesse tentado abafar o caso. "Nós nos mobilizamos e procuramos a família. Falamos para ele que o que ele fez foi inaceitável e que se tivesse que responder à lei dos homens, iria responder. E quem daria essa direção era a família do garoto. Conversamos com a família e houve um entendimento", afirmou um membro da congregação.

O advogado Daniel Viana reiterou que o suposto abuso, se ocorreu, foi fora dos domínios da igreja, em uma atividade que não foi organizada pelos líderes pastorais. "A igreja não pode se responsabilizar por algo feito fora dos domínios dela. A família tem o direito de ir à policia relatar os fatos, mas toda igreja tem a liberdade de associação e culto previsto em Constituição, ela não pode denunciar algo de que não teve participação", disse. Em relação à outra denúncia de abuso investigada pelo MP contra o mesmo acusado, os líderes pastorais afirmaram desconhecer o caso.


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