Em uma sentença de exatas 157 páginas, a juíza da Vara Criminal de Cambé, Jéssica Valeria Catabriga Guarnier, condenou na última segunda-feira (13) 14 pessoas presas pelas Polícias Civil e Militar em março de 2018 na Operação Égide, deflagrada para barrar duas quadrilhas que comandavam a comercialização de droga no jardim Ana Rosa e no Parque Manella. Uma terceira também foi investigada no trabalho que contou com a participação de 200 policiais de Londrina, Arapongas, Apucarana, Maringá e Paranavaí.
Foram expedidos 47 mandados de prisão, 45 mandados de busca e apreensão, dois de internamento de adolescente e sequestro de bens dos traficantes. Onze foram sentenciadas por tráfico e três por associação ao tráfico. Alguns cumprirão a pena em regime semiaberto, outros foram soltos e parte continuará detida. As investigações desvendaram que um grupo era coordenado por André Cerdeira, detido em Campo Grande (MS) e Adilson Celestino de Jesus, que estava escondido em Umuarama (PR), ditavam as regras de como o esquema deveria funcionar para os outros comparsas.
A segunda associação criminosa era capitaneada por Mateus Cerdeira, filho de André. Os três pegaram as condenações mais pesadas. Conforme a decisão, André deverá ficar 16 anos e seis meses na cadeia, Adilson 16 anos e seis e Mateus 12 anos, todos no sistema fechado. A polícia descobriu como a quadrilha agia depois de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça.
Nelas, ficou demonstrado que havia o recrutamento de adolescentes para o comércio de droga, popularmente conhecidos no meio criminal como "mulas" ou "aviões", distribuição dos entorpecentes em pontos específicos dos bairros e armazenamento do dinheiro obtido com a venda em estabelecimentos comerciais.
O monitoramento da Polícia Civil durou cinco meses. Segundo a juíza, "pelo grau de eficiência, o grupo certamente vinha traficando há bastante tempo. o desmantelamento da organização criminosa foi fruto de intenso e elogiável dos investigadores e do delegado de Cambé, Roberto Fernandes de Lima, que tiveram apoio do Serviço Reservado da Polícia Militar", elogiou.
O que dizem os citados
O advogado de Mateus Cerdeira, Danilo André de Souza, disse que "tomou ciência da sentença e da pena aplicada, porém todos os atos praticados seguiram o devido processo, não havendo nulidades a serem levantadas. Irei analisar para depois verificar as possibilidades de um possível recurso, para o momento manifesto-me inconformado com tamanha pena aplicada sem o mínimo razoável de provas".
A defesa de André Cerdeira e Adilson Celestino disse que não irá se manifestar porque não foi intimada oficialmente do despacho.
(Atualizada às 11h)