Polícia

Especializado em combate a sequestros, grupo Tigre completa 35 anos de criação

30 out 2025 às 10:50

O Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial), unidade de elite da PCPR (Polícia Civil do Paraná), completa 35 anos de fundação nesta quinta-feira (30). Especializado em operações contra sequestros, extorsões mediante sequestro e resgate de reféns, a unidade é referência nacional e internacional em técnicas de negociação, apoio técnico e ações de resgate.


Criado em 1990 por meio do Decreto Estadual nº 7.397, o Tigre surgiu em um período em que os sequestros eram frequentes no País. Desde então, a unidade mantém o histórico de sucesso em todas as ocorrências em que atuou, sem registro de casos não solucionados.


O grupo é composto por três equipes. A de negociação mantém o contato direto com sequestradores e repassa informações às demais equipes. A de apoio técnico realiza a investigação e fornece suporte estratégico à chefia da operação. Já a equipe de resgate atua nas ações táticas de libertação de reféns quando se esgotam as possibilidades de negociação.


Além das ocorrências de sequestro, o Tigre é acionado para cumprir mandados de prisão e busca e apreensão de alta complexidade, em apoio a outras unidades da PCPR. A agilidade e o rigor técnico são marcas do grupo, que mantém treinamentos constantes e já treinou, inclusive, com forças policiais internacionais, como a SWAT (Special Weapons And Tactics) e o FBI (Federal Bureau of Investigation).


Treinamento intenso


As rotinas de preparação do Tigre incluem tiro de precisão com armas curtas e longas, inclusive em ambientes adversos, com pouca ou nenhuma luminosidade, chuva, vegetação densa ou espaço restrito. Os policiais também são capacitados em rapel, mergulho, primeiros socorros, artes marciais e uso de armamento químico em situações de alto risco.


Para integrar o Tigre, os policiais precisam concluir o curso de operações táticas especiais da unidade, com duração de 60 a 90 dias. “Todas as equipes mantêm o mesmo nível técnico devido à exigência de treinamentos semanais. A unidade também possui um setor dedicado à atualização de técnicas, inclusive com intercâmbio em outros países, fortalecendo a doutrina própria e tornando o Tigre uma referência para forças de segurança de todo o Brasil”, explica Teixeira.


Neste ano, o Tigre formou a primeira mulher que passou a integrar a unidade. Ela foi a única a concluir o IX Curso de Operações Táticas Especiais (Cote), ministrado pelo Tigre durante 62 dias e que qualificou 15 policiais de forças de segurança do país para missões críticas, como resgate de reféns, combate ao crime organizado, incursões em ambientes de alto risco e tomada de decisões sob pressão.


Ocorrências recentes


Em 2024, o Tigre foi acionado em 11 ocorrências de sequestro e extorsão mediante sequestro. Também prestou apoio a outras unidades em ações de alto risco, como o cumprimento de mandados contra criminosos armados e com histórico de violência.


Em janeiro deste ano, a equipe participou de uma operação em uma chácara nos Campos Gerais, contra seis criminosos fortemente armados. No local, foram apreendidos fuzis, pistolas, uma metralhadora .50 de uso restrito do Exército, munições, coletes balísticos e cerca de 20 quilos de explosivos, material que seria utilizado em assaltos a bancos, carros-fortes e caixas eletrônicos.


Nesta operação o grupo atuou em conjunto com uma unidade de elite da PMPR (Polícia Militar do Paraná), o COE (Comandos e Operações Especiais). “Outra ação marcante foi o resgate de uma criança de um ano e meio sequestrada em Curitiba e devolvida aos pais após o início das investigações conduzidas pelo grupo. Desde o aviso da ocorrência até o resgate se passaram menos de 24 horas”, conta Teixeira.


Outra ocorrência que envolveu risco elevado para os policiais do Tigre foi a operação para prender um dos suspeitos pela execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes. Após troca de informações entre a PCPR com a instituição paulista, a equipe do Tigre chegou ao local onde o suspeito estava escondido, em São José dos Pinhais. Ele resistiu à ordem de prisão, disparou contra o grupo e morreu no confronto.


História


O Tigre foi idealizado pelo então delegado Adauto Abreu de Oliveira, no contexto do aumento de sequestros no final da década de 1980. O grupo iniciou oficialmente suas atividades em 30 de outubro de 1990, com apoio do Exército Brasileiro, que forneceu treinamento em armamento de precisão e sobrevivência em áreas de mata. O Corpo de Bombeiros Militar do Paraná contribuiu com instruções em rapel, mergulho, resgate e primeiros socorros.


Ao longo de 35 anos, o grupo consolidou-se como uma das unidades de operações especiais mais respeitadas do país, mantendo como prioridade a preservação da vida e a excelência técnica em todas as missões. O surgimento da unidade aconteceu após uma turma de delegados participar de um curso no Rio de Janeiro em 1987 ministrado por uma das mais respeitadas unidades de elite antiterrorismo e antissequestro do mundo – o Grupo Especial de Operaciones (GEO), da Espanha.


Durante três anos, os delegados que participaram do curso organizaram no Paraná a estrutura que seria a base da existência do Tigre. Foram selecionados os integrantes da PCPR que fariam parte do grupo e só então a unidade foi formalizada. Já nos cinco primeiros anos de existência, os sequestros, modalidade de crime relativamente comum durante os anos 1980 em todo o Brasil, foram reduzidos drasticamente no Paraná, caindo de 20 registros para cinco.

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