Após quase 14 meses, o processo criminal contra Gabriel Augusto Bermudes de Faveri, de 27 anos, vai ter andamento novamente. Ele está preso desde 18 de maio do ano passado no Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, pela tentativa de feminicídio contra a influenciadora Daniele Gonçalves. Um laudo, no entanto, concluiu que ele tinha consciência dos próprios atos no momento do crime e que pode ser encaminhado para um presídio comum.
No dia 9 de maio de 2023, Daniele Gonçalves foi atingida por diversos golpes de facão no rosto e braço enquanto chegava em casa, na região central de Londrina. O suspeito Gabriel de Faveri, com quem Gonçalves teve um relacionamento, foi preso dois dias depois do crime, em Maringá. Ele foi transferido no dia 18 de maio para o Complexo Médico Penal de Pinhais após a defesa ter protocolado um pedido de incidente de insanidade mental, alegando que ele estaria em um surto psicótico no momento do ataque. O processo criminal estava suspenso desde 25 de maio do ano passado.
Faveri foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e pela condição de mulher em situação de violência doméstica. A vítima passou por diversos procedimentos cirúrgicos no braço e enfrenta sequelas físicas e psicológicas.
Leia mais:
Feto é encontrado nas grades de limpeza de estação de tratamento da Sanepar
Homem morre em confronto com a PM durante cumprimento de mandado de prisão em Cambé
Homem denunciado por estupro contra adolescente de Cornélio é preso no Amapá
Homem é preso com peixes e patas de capivara em Operação Piracema em Jaboti
Juiz da 1ª Vara Criminal de Londrina, Paulo Sérgio Roldão pediu a transferência imediata do réu para uma penitenciária da Comarca de Londrina no dia 26 de junho, com a indicação de que ele deveria ser assistido pela rede de atenção psicossocial. A defesa chegou a protocolar um pedido para que Faveri continuasse no Complexo Médico Penal, que foi negado tanto pelo magistrado quanto pelo Ministério Público.
Na decisão, o juiz afirmou que “além de ter sido constatado que o réu não era inimputável ao tempo do crime, foi consignado pela própria perita que o mesmo está apto a deixar o Complexo Médico Penal, desde que continue tomando a medicação prescrita, na penitenciária, e que realize acompanhamento psiquiátrico periódico”. Por fim, ele considerou que “as necessidades poderão ser supridas em um estabelecimento prisional comum”.
Advogado de defesa, Sérgio Barroso explica que Faveri permanece em Pinhais e ainda não tem data para ser transferido, já que isso depende da logística da Polícia Penal. De forma provisória, ele deve ser encaminhado para a Casa de Custódia de Londrina até ser transferido para uma penitenciária da região.
Barroso aponta que o pedido para que o réu permanecesse no complexo é justificado pelo fato de ele fazer uso de mais de 10 medicações diárias, sendo 5 para tratamento de crises psicóticas. Ele diz não ter certeza de que a medicação possa ser administrada da maneira correta em uma penitenciária comum. “São remédios de uso controlado e que têm que ser tomados no horário certo. Não pode deixar a caixa [com a medicação] com ele porque se não ele toma tudo de uma vez”, aponta.
Barroso discorda do laudo da médica perita, que concluiu que o réu não estava em surto no momento dos fatos. Segundo ele, não há garantia de que o cliente vá seguir fazendo uso dos medicamentos na penitenciária. “Nós estamos preocupados com a saúde dele e de outros presos”, ressalta. A partir de agora, ele aponta que ainda serão analisadas as medidas a serem tomadas.
Advogada de Daniele Gonçalves, Mariana Amaral afirma que já esperava por esse resultado. “Nós sempre afirmamos que o Gabriel fez em plena consciência e que ele tentou, conscientemente, matar a Daniele”, ressalta. Desde o início, a intenção era de que ele fosse encaminhado para um presídio comum e que, dessa forma, pudesse ir a júri popular. Agora, a audiência de instrução e julgamento deve ser marcada em um prazo de até 60 dias, em que será ouvida a vítima e testemunhas e, ao final, o juiz pode decidir pelo tribunal do júri.
Apesar de considerar uma vitória, a advogada afirma que Gonçalves permanece muito abalada e que o crime ainda traz muita dor, já que ela vai precisar de pelo menos mais três cirurgias para reparar os danos causados pelo ataque. “O braço ficou com bastante sequela, ela perdeu a mobilidade dos dedos”, lamenta.