O turismo funciona como um eficiente termômetro para medir o quanto a economia está aquecida. Os números do setor, como fluxo de visitantes, gastos médios, ocupação hoteleira, geração de empregos e arrecadação de impostos, são indicadores importantes que ajudam na compreensão do desempenho econômico de um país, região, estado ou município.
Olhando para os dados do turismo no Paraná, o que se tem são resultados expressivos e em avanço crescente. Passado o período da pandemia de Covid-19, os indicadores do turismo no Estado apontam que a atividade ganha fôlego ano a ano.
Em 2024, das 19,9 milhões de viagens domésticas computadas no país, mais de 1,25 milhão foram para destinos paranaenses, uma alta de 9,1% sobre o ano anterior, quando 1,14 milhão de turistas circularam pelo Estado. Os números são da PNAD Contínua, pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realizada em parceria com o Ministério do Turismo e divulgada no início de outubro.
“O turismo está muito ligado à atividade econômica e ao funcionamento e dinâmica do mercado de trabalho”, avaliou o economista e assessor econômico da Fecomércio PR (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná), Lucas Dezordi.
Quando o bolso aperta, um dos primeiros gastos a serem cortados é com lazer. E quando o orçamento começa a ficar mais folgado, a população passa a viajar mais. Como a economia paranaense está aquecida e com um nível de desemprego muito baixo, de apenas 4,0%, a demanda por serviços de turismo cresceu, acompanhando o bom momento econômico.
Os números do turismo no Estado em 2024 mostraram um crescimento de 7,2%, o dobro da média nacional, de 3,5%, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE.
Além dos fatores econômicos, esse crescimento também é atribuído a um investimento massivo feito por órgãos públicos e empresas privadas no sentido de atrair turistas para outros pontos do Estado além das Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu (Oeste), e do turismo de eventos, que movimenta a capital e as cidades mais populosas do interior.
“É uma soma de detalhes e um esforço do governo estadual em transformar o Estado em uma potência do turismo”, avaliou o vice-presidente de Marketing e Eventos da Abav-PR (Associação Brasileira das Agências de Viagens do Paraná), João Guilherme Rebellato. Entre os “detalhes”, estão os investimentos em infraestrutura em todas as áreas relacionadas ao setor turístico, como maior oferta de voos, inclusive internacionais, ampliação da rede hoteleira e ampla oferta de restaurantes e de atrativos culturais, para citar alguns exemplos. O Natal de Curitiba, famoso em todo o país, neste ano promete ser o maior da história, com mais de 150 atrações e 2,4 milhões de espectadores, entre os quais, 322 mil turistas.
O índice inflacionário mais baixo que a média nacional e os preços mais acessíveis, ajudam a impulsionar o turismo no Paraná, destacou Rebellato. “O crescimento do turismo no Estado vem acontecendo de forma sustentável, nos últimos quatro, cinco anos, como resultado de um planejamento.”
“O Paraná é um novo polo turístico na economia nacional”, afirmou Dezordi. Na Região Sul, o turismo paranaense é o que mais se sobressai. Na PNAD Contínua, o Paraná surge entre os cinco estados brasileiros que mais recebem turistas, atrás apenas de São Paulo, com 4,3 milhões de viagens nacionais, Minas Gerais (2 milhões), Bahia (1,9 milhão) e Rio de Janeiro (1,3 milhão).
Por sua forte contribuição no desenvolvimento econômico de uma cidade, estado ou região, o turismo é chamado de “indústria sem chaminé”. “É um setor intensivo no emprego de mão de obra. Quando se captura o movimento de contratação do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), principalmente as contratações formais, há uma grande demanda nesse setor por garçons, auxiliares de cozinha, atendentes, vendedores, pessoal de limpeza, operador de caixa. Há uma demanda muito forte na questão operacional, onde o turismo se encaixa bem”, destacou o assessor econômico da Fecomércio PR.
“É um setor limpo, que emprega muita gente e é perene”, disse Rebellato. “E ainda tem muito espaço para crescer. A média de crescimento do turismo no Brasil é 6,5%. No Paraná, foi de 7,5% nos últimos 12 meses, até setembro. No nosso ramo, existe uma demanda grande por agentes de viagem.”
Um aspecto bastante positivo ressaltado por Dezordi em relação às contratações do setor é que os serviços relacionados às atividades turísticas funcionam como porta de entrada para o mercado de trabalho. “Muitas vezes, os jovens com pouca experiência e formação até o ensino médio conseguem uma oportunidade.”
Divulgada na semana passada, a sondagem realizada pela Fecomércio PR em parceria com o Sebrae/PR mostrou a disposição dos empresários do Estado para contratar trabalhadores para preenchimento de vagas temporárias no final do ano.
O levantamento revelou que 12% pretendem abrir vagas para trabalhadores temporários e o turismo é o que mais projeta novas contratações, com 27,1% das empresas planejando ampliar seu quadro funcional. Em segundo lugar, mas bem atrás, está o varejo, com 12,8%. As empresas de prestação de serviços ficaram na terceira colocação, com 6,1%.
A região de Ponta Grossa deverá liderar as contratações, com 20%, seguida pelo Sudoeste (14,8%) e Oeste (14,3%). Londrina é a região com menor intenção de contratação temporária, com 8,6%. A média de contratação é de três profissionais por empresa, prevê a sondagem. “Ponta Grossa tem um crescimento bom, de serviços, acima da média regional, do Estado do Paraná. Vai ter um nível de contratação maior, muito relacionado ao crescimento dessa região”, apontou Dezordi.
Os cargos de vendedor (27,9%) e atendente geral (25,6%) devem absorver o maior número de profissionais , além de funções na gastronomia, como auxiliar de cozinha (20,9%) e garçom (11,6%), indicando a expectativa do setor de bares e restaurantes em relação ao aumento do movimento de frequentadores em razão das festas de final de ano. Do total das vagas que serão oferecidas, 39,5% exigem o ensino médio. Outras 27,9% não especificam escolaridade e 25,6% requisitam apenas o ensino fundamental.
Um dado significativo é que 59,5% das empresas não exigem experiência anterior na função. E quem conseguir uma das vagas poderá iniciar 2026 com emprego permanente garantido já que 69,8% dos empresários afirmaram ter intenção de efetivar os temporários.
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