O Governo do Paraná estuda ampliar as reservas para pesca esportiva no Paraná. A iniciativa se baseia no sucesso da Reserva de Pesca Esportiva do rio Ivaí, a primeira do Paraná, instalada ao longo de 200 quilômetros do rio que corta 27 municípios paranaenses.
Implementada em março de 2022 por meio da Sedest (Secretaria do Desenvolvimento Sustentável), a área de proteção é um case de preservação do ecossistema local. Além disso, ajuda a gerar emprego e renda na região.
Quatro espécies, considerados peixes nobres, são protegidos ao longo da reserva: dourado, pintado, piracanjuba e jaú. Ou seja, só podem ser capturados no modelo pesque e solte, incentivando a pesca esportiva em substituição ao conceito extrativista.
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O coordenador técnico da SDBH, Roald Andretta explica que essa atividade em prol da preservação do Ivaí não acontece à toa. O rio, diz ele, é de extrema importância para a ictiofauna paranaense, o conjunto de diferentes espécies de peixes que vivem naquela região específica. “O Ivaí é o maior rio situado totalmente dentro do Paraná. Ao cuidar dele, estamos cuidando de uma ampla área ambiental do Estado”, afirma.
“Há ainda o fato de o rio não possuir nenhuma barragem para a geração de energia elétrica, algo incomum. Esses equipamentos atrapalham muito o processo de acasalamento de peixes reofílicos, que são dependentes da migração para se reproduzir. Sem as barragens, essas quatro espécies protegidas podem realizar a migração necessária para a procriação”, acrescenta.
Além de incentivar a sustentabilidade, a proposta inclui diversas ações de educação ambiental, em especial com crianças de até seis anos. As atividades são uma parceria com o Projeto Rio Vivo e incluem a soltura de peixes, plantio de mudas de espécies nativas, explicações sobre a importância da mata ciliar e dos cuidados com o meio ambiente, entre outros.
Para Andretta, trabalhar a educação ambiental com as crianças é um dos pontos mais importantes dentre as ações incentivadas pela Reserva do Ivaí. “Quando a gente consegue a participação dessa faixa etária, estamos conseguindo um retorno que é muito maior do que qualquer pessoa possa imaginar. As crianças têm o poder de repassar com leveza todas as informações aprendidas nas atividades”, destaca.
ECONOMIA
O coordenador ressalta ainda a movimentação econômica gerada pela substituição do extrativismo pela pesca esportiva. Segundo ele, um peixe que seria vendido como alimento por R$ 35 chega a render até R$ 940 na atividade esportiva — quase 27 vezes mais. Essa valorização acontece por diversos motivos. Um deles é a possibilidade de “revender” o mesmo peixe diversas vezes, já que um único peixe pode ser pescado continuamente após ser solto no rio.
Outro ponto é a geração de renda para os pescadores da região que, com a implementação da reserva, passaram a trabalhar como condutores de turistas, um grupo formado em sua maioria por ex-pescadores extrativistas.
Alguns condutores têm seus próprios barcos que são locados para turistas, outros pilotam as embarcações dos viajantes. Todos com licença da Marinha brasileira e cadastro nas prefeituras municipais. Além disso, eles também desempenham o papel de guias turísticos, auxiliando na difícil navegação pelo rio, garantindo uma pesca segura aos aventureiros. “Agora, ao invés de vender os peixes, eles vendem sua experiência no rio e na pesca”, diz o coordenador.
“O turista não vai gastar só com o condutor, ele vai se hospedar, almoçar, jantar, tomar café da manhã, abastecer o carro, então toda a sociedade sente esse impacto positivo na economia local”, complementa Andretta.
COMO PARTICIPAR
Para praticar a pesca na Reserva de Pesca Esportiva do rio Ivaí, o turista não precisa pagar nenhuma taxa adicional. Existem diversos pontos de acesso ao trecho protegido do rio, através de rampas públicas e de balsas.