Paraná

Paranaense doa sangue raro Kell-Null para tentar salvar piauiense

30 mar 2023 às 17:27

Um paranaense que tem um tipo raro de sangue, o “Kell-Null”, foi doador em uma força-tarefa nacional para salvar a vida de uma paciente de 38 anos, internada com anemia em estado grave, em Teresina, capital do Piauí. A doação ocorreu na quarta-feira (29).


No início deste mês, a CGSH (Coordenação-Geral de Sangue e Hemoderivados) do Ministério da Saúde acionou os hemocentros de todo o Brasil para identificar possíveis doadores. No País, de acordo com o CNSR (Cadastro Nacional de Sangue Raro) há somente três pessoas cadastradas com este tipo sanguíneo e uma delas é um paranaense de Foz do Iguaçu (Oeste). Esse doador prefere não se identificar,  mas colaborou ao ser convocado pela Hemorrede.


Em seguida, o sangue doado será enviado para o Hemepar (Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná) em Curitiba. De lá, o Ministério da Saúde vai providenciar o transporte para o Piauí. Da doação em Foz até a receptora em Teresina, a bolsa com o "Kell-Null" vai percorrer mais de três mil quilômetros.


“Esperamos que esse gesto toque o coração de todos os paranaenses para que continuem sendo solidários e doando seu sangue em prol da vida de alguém”, comentou o secretário de Estado da Saúde, César Neves.


Tipos sanguíneos


Além dos mais conhecidos A, B, AB e O, positivos e negativos, que se enquadram no sistema ABO (combinado com o Rh), pelo menos 43 sistemas descrevem mais de 373 antígenos sanguíneos diferentes já identificados pela Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue (ISBT - International Society of Blood Transfusion). O que os difere é, principalmente, a variação das proteínas que os compõem.


O “Kell-Null” ou “fenótipo Bombaim” é parte de uma subvariação do sistema Kell e é extremamente raro, - é encontrado em somente 0,01% da população mundial, com destaque para países como Finlândia, Japão e Reino Unido. Quem possui esse fenótipo só pode receber doações de pessoas que tenham a mesma variação, o que dificulta, e muito, a procura por sangue compatível.


“O Hemepar sempre se preocupou em identificar os tipos sanguíneos para garantir transfusões cada vez mais eficazes, e com o apoio da Sesa, temos insumos e materiais suficientes para realizar as fenotipagens, que é a identificação do sangue. Hoje temos quase 45 mil doadores cadastrados com fenótipos”, detalhou a diretora do Hemepar, Liana Labres de Souza.


Processamento


O Hemepar é credenciado no CNSR para identificr doadores com fenótipos raros. Toda vez que uma pessoa faz uma doação, o sangue é encaminhado para processamento, em que ocorrem s separações do sangue em componentes (eritrocitários, plaquetários e plasmáticos), bem como testes e fracionamento dos hemocomponentes para armazenamento.


“Temos características no sangue que nos diferem de uma pessoa para outra e a descoberta desses doadores raros pode ser realizada por meio de um exame chamado biologia molecular, entre outros. O Hemepar realiza esses testes desde 1991 e aos poucos fomos estendendo isso também para as Regionais de Saúde”, pontuou a chefe de Divisão de Hemoterapia do Hemepar, Renata Pavese.

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