Paraná

Biofábrica de mosquitos Wolbitos de combate à dengue está sendo construída em Curitiba

30 out 2024 às 17:03

Mais uma fábrica de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia (Wolbitos) para controle de arboviroses, em especial a dengue, chikungunya e Zika está sendo implantada no Paraná. Considerada a maior de todas as unidades já construídas, a nova biofábrica, instalada em Curitiba está com 35% das obras concluídas, e deve entrar em operação em 2025.

As atualizações do projeto foram anunciadas nesta quarta-feira (30), no auditório do Tecpar, na Cidade Industrial de Curitiba, em um evento comemorativo dos dez anos da implementação do Método Wolbachia no Brasil. 

A nova unidade é a maior do mundo e está localizada na área do Parque Tecnológico da Saúde. Ela atenderá à demanda vinda do Ministério da Saúde e da Fiocruz, com uma expectativa de produção de cerca de 100 milhões de ovos de mosquitos por semana, priorizando municípios com alto risco de dengue.

A previsão é de que ao longo de 10 anos de atividade, aproximadamente 140 milhões de brasileiros possam ser beneficiados com a implementação do método em diversos municípios do país, só com esta fábrica. 

“No Paraná, temos dois municípios, nas regiões Oeste e Norte que estão sendo beneficiadas por essa tecnologia. As fábricas foram  inauguradas há pouco tempo e é uma das estratégias de enfrentamento à dengue”, disse a coordenadora da Vigilância Ambiental da Sesa, Ivana Lucia Belmonte.

Os mosquitos com Wolbachia são soltos em diversos locais no Brasil e no mundo. No Paraná, desde que as biofábricas para soltura inauguraram, em julho, já foram soltos cerca de 13 milhões de Wolbitos em Londrina e 7 milhões em Foz do Iguaçu. Atualmente, Joinville (SC), Presidente Prudente (SP), Uberlândia (MG) e Natal (RN), são os outros municípios selecionados pelo Ministério da Saúde onde o método é aplicado. 

“A estratégia é uma das alternativas que encontramos para o enfrentamento a dengue. Em Niterói, onde iniciou o projeto, os resultados foram muito positivos. Esperamos abranger outros municípios do país com essa tecnologia, que é sustentável e efetiva”, ressaltou Livia Vinhal, coordenadora-geral de Vigilância de Arboviroses do Ministério da Saúde. 

Método


Desenvolvido na Austrália, o método é usado no Brasil porque, desde 2014, o país é um dos 14 que compõem o Programa Mundial de Mosquitos - WMP (World Mosquito Program). A iniciativa internacional  é conduzida pela Fiocruz, com financiamento do Ministério da Saúde, em parceria com os governos locais.

Para Luciano Moreira, líder do Método Wolbachia no Brasil, esses dez anos desenvolvendo o projeto trouxeram resultados significativos de redução do mosquito transmissor. “ Quando  iniciamos, respaldados na ciência, tivemos resultados de quase 60% na redução de casos. O método não faz mal à população e o envolvimento de todos é essencial para o sucesso do projeto”. 

A Wolbachia é uma bactéria presente em aproximadamente 60% dos insetos no mundo. Em laboratório, os pesquisadores do WMP conseguiram introduzir esta bactéria dentro dos ovos de Aedes. aegypti. Foi comprovado que, quando a bactéria está presente no mosquito, estes vírus não se desenvolvem bem, reduzindo a sua transmissão.

“Já solicitamos que a estratégia seja aplicada a outros municípios, além dos já selecionados no estado. Não existe uma definição ainda, dependemos do Ministério da Saúde para essa escolha”, complementou a coordenadora da Sesa.

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