A imposição de tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, que deve entrar em vigor a partir de 1º de agosto, acendeu um sinal de alerta no agronegócio nacional. Embora os efeitos diretos recaiam sobre itens como carne bovina, suco de laranja e café, a cadeia da soja também pode ser impactada, ainda que de forma indireta.
O Brasil é o principal produtor de soja do mundo. Segundo dados fornecidos pela Embrapa Soja a partir da estimativa do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a safra 2024/2025 deve somar 420 milhões de toneladas no mundo. Desse montante, o Brasil deve colher 169 milhões - pouco mais de 40% da produção global. Estados Unidos e Argentina estão na sequência da lista, com 118 milhões e 49 milhões, respectivamente.
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Para Guilherme Bastos, coordenador do Centro de Estudos do Agronegócio da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o cenário de instabilidade internacional provocado pela medida pode abrir uma janela de oportunidade para o Paraná.
Bastos reconhece que o estado não está entre os maiores exportadores dos produtos diretamente atingidos nos EUA, mas que pode haver um reposicionamento do Brasil no comércio internacional da soja. “Na verdade, nessa instabilidade do comércio bilateral, pode ser que a China venha a procurar mais soja, inclusive, do Paraná”, explica.
O especialista lembra que o estado tem uma estrutura logística favorável ao escoamento de commodities como soja e milho. Segundo ele, se a China reduzir ainda mais as compras dos EUA e buscar uma relação mais estreita com o Brasil, o Paraná pode se beneficiar diretamente por sua capacidade de atender rapidamente à demanda internacional.