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Musk chama agência de ajuda externa dos EUA de criminosa e fala em fechá-la

03 fev 2025 às 16:53

O bilionário Elon Musk, um dos mais influentes membros da nova gestão Donald Trump nos Estados Unidos, afirmou neste domingo (2) que pretende fechar a Usaid, agência americana para o desenvolvimento internacional - que ele chamou de "organização criminosa".


"É hora de ela morrer", escreveu Musk em uma das muitas publicações que compartilhou sobre a Usaid no X, plataforma de que é dono, recentemente.


Ele comentou, por exemplo, um vídeo em que a Usaid é acusada de estar envolvida "em trabalhos sujos da CIA", a agência de inteligência americana, e na "censura à internet". Também fez acusações disfarçadas de perguntas a seus 215 milhões de seguidores: "Sabiam que a Usaid, usando seus impostos, financiou pesquisas de armas biológicas, incluindo a Covid-19, que matou milhões de pessoas?", questionou, sem apresentar evidências.


Musk lidera o Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), iniciativa que, apesar do nome, não é um departamento propriamente dito, e sim uma equipe dentro do governo. Ela foi desenhada para buscar maneiras de cortar gastos federais.


Os limites da atuação do Doge são incertos, o que lança dúvidas sobre a validade das declarações de Musk. Na manhã desta segunda-feira (3), porém, o bilionário disse que o fechamento da Usaid foi aprovado por Trump em um evento transmitido no X. "Eu conversei com ele em detalhes, e ele concordou que deveríamos encerrar [o programa]", afirmou. "Então, estamos encerrando."


No domingo, Trump afirmou a jornalistas que a agência é administrada por "lunáticos radicais". No entanto, tergiversou ao falar sobre o fechamento dela. "Vamos tirá-los de lá e depois tomaremos uma decisão."


Parte da equipe de mais de 10 mil pessoas da Usaid já foi afastada. A gestão Trump suspendeu dezenas de funcionários do alto escalão da agência e emitiu ordens que levaram à demissão de centenas de contratados.


Além disso, no sábado (1º), os dois principais funcionários de segurança da agência foram postos em licença administrativa após se recusarem a dar acesso aos sistemas internos dele a membros do Doge, segundo disseram pessoas com conhecimento do assunto.


A medida faz parte da política conhecida como "América Primeiro" de Trump, que ordenou um congelamento global na maior parte da ajuda externa dos EUA, impactando grupos humanitários de todo o mundo. Hospitais de campanha em campos de refugiados na Tailândia e programas de distribuição de medicamentos para quem sofre de doenças como o HIV estão entre as iniciativas em risco, que incluem organizações brasileiras.


No ano fiscal de 2023, a Usaid gastou cerca de US$ 38,1 bilhões (mais de R$ 222 bilhões) em serviços de saúde, assistência a desastres e outros programas, o que representa menos de 1% do orçamento federal americano.


Também nesta segunda, Musk afirmou que a redução de despesas governamentais pode diminuir a previsão de déficit do próximo ano em US$ 1 trilhão. Ele ainda disse, sem apresentar provas, que "profissionais em fraude estrangeira" estariam roubando grandes somas de dinheiro público se passando por cidadãos do país.


As afirmações ocorrem após o controverso acesso de Musk ao sistema do Tesouro, que faz pagamentos da ordem de mais de US$ 6 trilhões anuais em nome de agências federais e que contém informações pessoais de milhões de americanos que recebem pagamentos da Previdência Social, reembolsos de impostos e outros.


O democrata Peter Welch, membro do Comitê de Finanças do Senado, pediu explicações sobre o motivo de Musk obter acesso ao sistema de pagamentos. "É um abuso grosseiro de poder por parte de um burocrata não eleito e mostra que o dinheiro pode comprar poder na Casa Branca de Trump", disse Welch em um comunicado.


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