O Grito dos Excluídos, movimento da Igreja Católica que está completando 31 anos em 2025, reuniu lideranças religiosas, pastorais sociais, partidos políticos, coletivos de sindicatos, MST e a Central de Movimentos Populares, na manhã deste sábado (6), no Calçadão de Londrina, antecipando um ato realizado tradicionalmente na data cívica de 7 de setembro.
Embora realizado pela Igreja Católica, o Grito dos Excluídos é considerado um movimento ecumênico e plural ao reunir diferentes segmentos em torno de causas de interesse em comum.
O tema deste ano, "Vida em Primeiro Lugar" enfatiza a defesa do meio ambiente e do planeta, nossa "Casa Comum", mas amplia a pauta para reivindicações em defesa da democracia, além de temas políticos e sociais contemporâneos, como o fim da escala 6X1 e a defesa da redução do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, em discussão no Congresso Nacional.
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O arcebispo de Londrina, Dom Geremias Steinmetz, foi um dos primeiros a falar no ato que começou em frente ao Teatro Ouro Verde, às 9h, com a leitura de passagens bíblicas, na apresentação da palavra do apóstolo Tiago, tomadas como um momento de reflexão. O arcebispo alicerçou sua fala na defesa da vida, da democracia e da dignidade para todos.
Dom Geremias lembrou que "as grandes questões de interesse humanitário passam sempre pelos movimentos sociais, nos quais as pessoas podem manifestar seu desejo e seus anseios." Ele enfatizou também a defesa da democracia que "deve ser levada às últimas consequências" nesta fase delicada da vida nacional na qual esse princípio está fortemente ameaçado.
Antes, em entrevista à FOLHA, ele lembrou a presença da Igreja na vida política nacional desde a promulgação da Constituição em 1988, destacando um princípio alemão, segundo o qual os governos e representantes políticos, de modo geral, "não podem fazer o que querem, mas o que está na lei." Segundo ele, é preciso atentar à Constituição, o que nem sempre ocorre em nossas câmaras de vereadores e deputados que agem de forma inconstitucional.
PLEBISCITO POPULAR
Em sua fala no Grito dos Excluídos, Dom Geremias também enfatizou a importância do plesbicito popular que está sendo realizado pela Igreja Católica e se direciona a dois temas em debate atualmente: o fim da escala 6x1 para os trabalhadores e a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil reais.
No Calçadão, foram colocadas urnas para receber o voto físico para o plesbiscito que vem sendo realizado, mas também é possivel votar de forma on-line.
O padre Dirceu Luiz Fumagalli, da Paróquia da Nossa Senhora Aparecida - Km 9 - e vigário social da Igreja, destacou a importância da comunidade participar do plebiscito em curso, que começou em julho e deve prosseguir.
As pautas do plebiscito também foram lembradas pela deputada federal Lenir de Assis (PT-PR) que veio a Londrina e se referiu ao Grito dos Excluídos "como um movimento que historicamente leva à sociedade a temas pujantes, como a violência e a violação dos direitos das minorias."
Ao discursar, a deputada falou da "importância da defesa da soberania nacional contra o ataque do capital e de nações como os Estados Unidos" que se intrometem em assuntos exclusivamente nacionais.
A presidente do PT em Londrina, Isabel Diniz, ainda falou sobre a importância da articulação do Grito dos Excluídos pelas pastorais sociais da Igreja e lembrou que "o momento é importante para fortalecer a democracia e a soberania nacional".
Ela também colocou a defesa da vida como tema primordial do ato este ano, lembrando a importância dos "movimentos sociais estarem nas ruas e praças", como neste sábado em Londrina e no domingo (7) em outras cidades e capitais do Brasil.
Ainda se manifestou o padre Manoel Joaquim dos Santos, da arquidiocese de Londrina. Escritor, formado em Filosofia pela Universidade de Lisboa e em Teologia pela Universidade Fderal do Paraná (UFPR), o padre Manuel é um colaborador assíduo da FOLHA.
Sua fala foi dedicada exclusivamente à democracia brasileira como princípio que "vem sendo atacado internamente no Congresso Nacional que, neste momento, faz um movimento em favor da anistia de pessoas que praticaram crimes, sem prestigiar a questão democrática." Mas ele afirmou que, neste momento, o Brasil também dá uma lição de democracia ao mundo.
Ele enfatizou que "a democracia está vulnerável não só no Brasil, mas em outros países. E comparou "os ataques a Cavalos de Tróia que tem por objetivo minar as instituições por dentro." Para ele, "é como se a democracia não entregasse aquilo que recebeu" pelo voto popular.
DISTRIBUIÇÃO DE MUDAS
Após as falas, o cortejo do Grito dos Excluídos seguiu pelo Calçadão, acompanhado pela bateria do MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - de Londrina e região, e por vários segmentos dos movimentos sociais, parando em frente às agências bancárias, onde ocorreram outras falas. Várias vezes, também se ouviram gritos de "sem anistia" e outras palavras de ordem de forte expressão política.
O cortejo terminou no chafariz, na esquina da rua Prefeito Hugo Cabral, em torno das 11h30, onde foram distribuídas mudas de árvores à população para destacar a importância da preservação ambiental, tema da manifestação este ano que foi enfatizado pela Irmã Brenda ao falar, no ínicio do ato, sobre "A Casa Comum", uma referência ecológica e planetária.
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