Durante muito tempo acreditou-se no mito de que pessoas negras não precisavam usar filtro solar. Essa crença surgiu devido à maior quantidade de melanina na pele, que, embora ofereça alguma proteção, não bloqueia todos os raios solares prejudiciais.
A eumelanina, responsável pela pigmentação escura da pele e pela absorção da luz, garante uma proteção natural limitada, que não é suficiente para barrar a radiação ultravioleta e a luz visível. Essa pigmentação reduz os riscos de queimaduras solares e de cânceres de pele não melanoma, mas não elimina esses riscos.
Embora a incidência do câncer de pele seja menor em pessoas negras, ele ainda pode ocorrer. "Isso impacta diretamente no tempo de diagnóstico, que muitas vezes acontece em estágios mais avançados, dificultando o tratamento", afirma a dermatologista Camila Rosa, integrante da Sociedade Brasileira de Dermatologia e especialista em pele negra.
Leia mais:
Baleias são capazes de ultrapassar os 130 anos de vida, segundo estudo
Acidente em Minas Gerais é o mais fatal em rodovias federais, segundo série histórica da PRF
Carga de carreta em acidente em Minas Gerais estava acima do peso, diz polícia
Motorista envolvido em acidente em MG estava com CNH cassada e polícia quer prendê-lo
Além do câncer, a exposição aos raios UV agrava a hiperpigmentação, como melasma e manchas pós-inflamatórias, comuns em peles negras. Também contribui para o envelhecimento precoce e danos cumulativos, como alterações de colágeno e elastina.
Escolher o protetor solar adequado envolve conhecer siglas e termos presentes nas embalagens para determinar a proteção necessária. São eles:
- UVB: Penetra superficialmente na pele, causando queimaduras solares que são parcialmente bloqueadas pela melanina.
"Por isso a gente bronzeia em vez de queimar", explica a dermatologista Jaci Santana, dedicada ao estudo da pele negra e integrante da Skin of Color Society. Essa radiação é mais intensa entre as 10h e as 16h e está mais associada ao câncer de pele.
- UVA: Penetra profundamente, estimulando a pigmentação (melanogênese) e acelerando o envelhecimento da pele. Está presente durante todo o dia, inclusive nos dias nublados. Essa radiação intensifica manchas em pessoas de pele negra, que já têm tendência a hiperpigmentação, segundo Santana.
- Luz visível: Origina-se de fontes naturais, como o Sol, e artificiais, como lâmpadas e telas. "Para pessoas de pele negra, ela agrava ainda mais manchas e melasma", destaca Camila Rosa.
COMO ESCOLHER O PROTETOR SOLAR IDEAL?
Muitas pessoas se preocupam apenas com o FPS (Fator de Proteção Solar), que mede a proteção contra os raios UVB. Mas esse não deve ser o único critério quando se trata da pele negra.
É essencial verificar também a proteção contra os raios UVA, indicada como PPD (Persistent Pigment Darkening, ou escurecimento pigmentar persistente, em português).
Segundo normas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o PPD deve corresponder a pelo menos um terço do FPS.
O PPD é representado pela escala PA+, que varia de PA+ (leve) a PA++++ (muito alta). Quanto maior, melhor. Nem todas as embalagens informam essa escala, mas indicam a presença de proteção UVA.
"O protetor solar ideal para a pele negra, de fototipos mais altos, deve ter FPS 30 ou mais, para proteger contra UVB, e PPD 20 para proteger contra UVA", afirma Santana.
Também é importante escolher produtos com texturas adequadas ao tipo de pele –oleosa, mista ou seca.
PROTEÇÃO CONTRA A LUZ VISÍVEL
Estamos constantemente expostos à luz visível, e especialmente para pessoas com fototipo alto, se proteger é crucial. Protetores com cor oferecem maior eficácia nesse aspecto, especialmente para quem tem tendência à hiperpigmentação, devido à presença de óxido de ferro e titânio, afirma Santana.
Entretanto, a oferta de protetores com cor que atendam a uma ampla gama de tons de pele é limitada, dificultando a escolha.
Para quem não encontra a tonalidade ideal, Santana sugere usar um protetor sem cor combinado a uma base que seja usada no dia a dia. E ressalta que bases com FPS não substituem o protetor solar.
A indústria de protetores solares precisa avançar nesse quesito, afirma Rosa. "Nem todos os filtros com cor atendem a uma ampla diversidade de tons, e os produtos específicos ainda são escassos."
Outro ponto alvo de críticas é o resíduo esbranquiçado deixado por muitos filtros, causado por dióxido de titânio ou óxido de zinco. Muitas marcas têm desenvolvido fórmulas que evitam esse efeito, com tonalidades mais adaptáveis à pele negra.