A Sema (Secretaria Municipal do Ambiente) localizou um condomínio residencial na Gleba Palhano, área nobre na Zona Sul de Londrina, que faz o lançamento clandestino de esgoto direto nas águas que compõem o Lago Igapó 2. A fiscalização começou após o lago ter adquirido uma coloração verde, fruto do excesso de nutrientes que chega através do esgoto e piora com a escassez de chuvas.
A informação foi confirmada em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (17) pelo secretário municipal do Ambiente, Gilmar Pereira. No local, a reportagem pôde conferir pessoalmente uma espuma saindo pela tubulação, o que indica que, naquele momento, o condomínio estaria passando por uma limpeza com auxílio de produtos como o detergente.
Receba nossas notícias NO CELULAR
WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp.Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.
Pereira explica que o condomínio residencial está localizado na Rua Caracas e que a identificação aconteceu durante a fiscalização por meio da aplicação de um corante dentro de um vaso sanitário na área comum do prédio. Com isso, foi possível visualizar o líquido azul indo parar direto em um ponto de lançamento no Lago Igapó 2, próximo ao parque infantil.
Ele aponta que os responsáveis pelo condomínio foram notificados informalmente ainda na tarde desta quinta-feira (16) e de maneira formal na manhã desta sexta. O documento dá o prazo de 24 horas para que o condomínio interrompa o lançamento do esgoto.
Por ser crime ambiental, o empreendimento vai ser multado de acordo com a gravidade da ocorrência e também com os valores gastos pelo município. “Nós temos um relatório com a quantidade de dias, homens, horas de máquinas e uma série de procedimentos que o município terá de realizar ainda daqui por diante”, complementa. Segundo o secretário, a multa pode variar de R$ 50 a R$ 50 milhões.
“Nós tivemos diversos problemas com relação ao Lago Igapó, tivemos uma contaminação exacerbada de microalgas e estamos com uma superpopulação de macrófitas, que são as alfaces d’água”, detalha, complementando que um laudo da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) também identificou a possível presença de dois tipos de cianobactérias, o que agrava ainda mais o problema.
Ele detalha que análises da água do lago já mostravam concentrações acima do normal de fósforo, nitrogênio e de coliformes fecais, o que era um indicativo de um possível descarte clandestino. O também já foi comunicado ao Ministério Público do Meio Ambiente.
Ele alerta que a fiscalização no entorno da bacia do Lago Igapó deve continuar, desde o trecho da nascente na divisa com o município de Cambé, para coibir os lançamentos clandestinos de esgoto.
“Independente de dolo ou não por parte do condomínio, nós temos uma certeza: trata-se de uma crime ambiental”, afirma. Ele explica que o condomínio é que deve ser multado e, a partir daí, poderá procurar a construtora para uma possível identificação dos responsáveis pelo projeto de drenagem e coleta de esgoto.
Pereira explica que a escassez hídrica dos últimos meses no município fez com que a lâmina d’água diminuísse ao longo de todo o Lago Igapó, o que aumentou o tempo de detenção da água.
“Quanto mais tempo a água fica parada no reservatório, maior a quantidade de insolação, maior a quantidade de fotossíntese sendo realizada”, detalha, explicando que permite com que as algas se multipliquem. “Com a contribuição do esgoto, você tem uma oferta de nutrientes muito maior, o que retroalimenta o sistema”, explica.
“Por mais que as chuvas demonstraram uma melhora significativa no Lago Igapó, se nós não coibirmos esse tipo de prática criminosa, o lago vai continuar doente”, afirma.
Lago Norte
No final da tarde desta sexta, a Sema também identificou um vazamento de esgoto em uma galeria pluvial que deságua no Lago Norte. O mesmo método foi utilizado e, durante a vistoria, o teste com corante confirmou a ligação irregular do sistema de esgoto de um condomínio com a galeria de água do lago.
Segundo nota da Prefeitura à imprensa "o condomínio será notificado para tomar as providências imediatas e cessar o lançamento de esgoto na rede pluvial. Em seguida, a Sema fará a autuação e comunicará os órgãos competentes para a reparação dos danos ambientais".
(Atualizada às 18h48)