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Morte de jovens pela PM em Londrina completa 1 mês; comunidade segue protestando

Bruno Souza - Especial para o Portal Bonde
15 mar 2025 às 10:50

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@mais.amor.murais (Rafael +amor e Rabiskos Spadini) - imagem cedida
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Ocorrido por volta das 22h do dia 15 de fevereiro, um suposto confronto entre quatro agentes da PM (Polícia Militar) e dois jovens desencadeou um dos maiores e mais duradouros atos de manifestação popular da história recente de Londrina. Wender da Costa, de 20 anos, e Kelvin dos Santos, de 16, trafegavam pelo jardim Santiago (Zona Oeste) em um veículo - pertencente a um cliente do lava-rápido que trabalhavam - quando foram alvejados com 18 tiros, resultando na morte imediata dos dois. 


Desde então, amigos, vizinhos e familiares dos jovens não descansam em busca daquilo que chamam de justiça. Já a PM segue mantendo a versão inicial, a de que Wender e Kelvin estavam armados e os tiros foram motivados por legítima defesa. A reportagem apurou que, durante esse intervalo de um mês, pelo menos 24 atos de protesto foram feitos. A maior parte deles aconteceu de maneira concentrada no dia 17 de fevereiro, uma segunda-feira que ficou marcada por incêndios a veículos e manifestações em todas as regiões da cidade.

O Portal Bonde preparou uma linha do tempo com todos os acontecimentos do período, que direcionaram, de maneira extraordinária, os olhos da Segurança Pública do estado do Paraná para Londrina, a fim de conter os revoltosos contra as ações policiais.

Resposta ao suposto confronto - 15 e 16 de fevereiro

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Após o suposto confronto no jardim Santiago, os moradores do Nossa Senhora da Paz, popularmente conhecido como Bratac, responderam imediatamente à abordagem policial. Amigos e familiares passaram a questionar a atitude dos agentes no local, o que provocou uma confusão com tiros de balas de borracha e bombas de efeito moral. Sirlene Vieira, mãe de Kelvin, ao tentar se aproximar do corpo do filho, foi atingida por um dos disparos na perna.

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Wender e Kelvin

Policiais envolvidos na morte de jovens da Bratac voltam a trabalhar em Londrina


Segundo Emerson Castro, capitão do 5º BPM (Batalhão da Polícia Militar), depois da exaltação dos ânimos na madrugada de sábado (15) para domingo (16), um ônibus da Viação Catarinense, que seguia de Maringá para São Paulo, foi atingido por pedras enquanto estava parado no semáforo próximo à Bratac. O ataque causou danos aos vidros do veículo, e os estilhaços atingiram dois ocupantes: o motorista e uma passageira, que tiveram escoriações. As famílias dos jovens não assumiram os atos de vandalismo.

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Arquivo pessoal/ imagens cedidas

Boletim da PM, protestos e incêndios - 17 de fevereiro


O boletim oficial da PM sobre o suposto confronto foi disponibilizado à imprensa ainda no domingo (16), mas Castro, após repercussão, deu mais detalhes sobre o caso na segunda-feira (17). Segundo o documento, Wender e Kelvin estariam em um veículo com características semelhantes ao de um automóvel suspeito de envolvimento em furtos a residências. Castro, na oportunidade, ressaltou que os jovens eram suspeitos de terem cometido um arrombamento com violência no bairro Parigot de Souza, na Zona Norte. Essa hipótese foi negada pouco tempo depois pela advogada das famílias. Ela afirmou que o veículo não era o mesmo citado inicialmente pela PM e não tinha qualquer ligação com o crime.

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Após velório e enterro de Kelvin e Wender, os familiares organizaram cinco protestos nas zonas Leste, Oeste, Norte e Sul de Londrina. O Portal Bonde esteve presente na reunião principal, feita na avenida Brasília no dia 17 de fevereiro, que recebeu cerca de 200 pessoas. A avenida foi parcialmente interditada por algumas horas e populares colocaram fogo em pneus e móveis. A polícia se manteve a cerca de 100 metros dos manifestantes. Não houve novos confrontos na ocasião.

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Entretanto, o que deveriam ser atos pacíficos, tornaram-se movimentos de violência e caos espalhados por todo o município. O Corpo de Bombeiros registrou 17 chamadas de incêndio vindas de pontos de protesto na cidade. Pelo menos dois ônibus foram incendiados, o que forçou as empresas de transporte coletivo a suspenderem a circulação dos veículos das 20h de segunda às 6h de terça-feira (18).


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Roberto Custódio
Roberto Custódio

Policiamento reforçado e mães no MP - 18 de fevereiro


No dia seguinte à noite de caos, uma Operação Integrada foi lançada pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná para conter a desordem na cidade. A reportagem apurou que mais de 100 policiais se deslocaram de outros municípios a Londrina.

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Enquanto a PM ostentava os reforços no Calçadão, as mães dos jovens e dezenas de apoiadores estiveram na sede do Ministério Público para falar com o delegado do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e pedir imparcialidade nas investigações, causas que foram correspondidas pelo órgão.


Por se tratar de uma ocorrência envolvendo militares em serviço, a PM passou a investigar o caso, mas, para garantir isenção e imparcialidade, ficou decidido que o IPM (Inquérito Policial Militar) seria conduzido por uma equipe de Maringá (Noroeste). Já a Polícia Civil assumiu dois inquéritos: para investigar o suposto confronto e as mortes e outro para analisar o excesso das manifestações.

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Bruno Souza

Governador do Paraná em Londrina - 20 de fevereiro


O governador do Paraná, Ratinho Junior, em visita a Londrina cinco dias após o suposto confronto, prometeu que as investigações sobre a morte dos dois jovens seriam apuradas de maneira isenta. Ele também prestou solidariedade às famílias, mas enfatizou que o policial do estado é treinado para reagir se for atacado.


Prisão de suspeitos e novo protesto - 21 de fevereiro


A PM, em ação conjunta com a Polícia Civil e a Guarda Municipal, prendeu na sexta-feira (21) cinco suspeitos da participação do atentado ao ônibus na madrugada de domingo (16). Os homens foram reconhecidos por meio das câmeras de segurança do veículo. Nas imagens, eles apareciam com armas brancas e de fogo.


De acordo com a Polícia Civil, os procurados já tinham mandado de prisão preventiva em aberto pelos crimes de organização criminosa, roubo agravado e dano agravado.


No fim da tarde, o deputado estadual Renato Freitas (PT) esteve em Londrina para ouvir os relatos de Viviane da Costa e Sirlene Vieira, mães dos jovens mortos. Eles se juntaram em um novo protesto que fechou mais uma vez a avenida Brasília.


Felipe Barbosa/Alep

Manifestação no jardim Santiago - 22 de fevereiro


No dia seguinte, um sábado, os moradores locais se reuniram novamente para pedir justiça. Desta vez, eles se direcionaram ao jardim Santiago, onde os jovens foram alvejados pela polícia. Apoiadores da causa soltaram dezenas de balões brancos, simbolizando, de acordo com eles, um anseio por paz nas comunidades.


Atos no Calçadão - 1º e 8 de março


Uma semana depois, um novo ato foi feito no Calçadão de Londrina. Estiveram presentes moradores da Bratac e familiares de diversos jovens mortos em ações policiais, todos integrantes do grupo Mães de Luto em Luta, que reúne casos parecidos para cobrar justiça. No sábado seguinte, os manifestantes marcaram presença no Calçadão mais uma vez com cartazes e palavras de ordem contra a PM.


Policiais seguem trabalhando e família protesta - 10 de março


Na última segunda-feira (10), outro grande movimento interrompeu o trânsito de veículos na avenida Brasília. Na oportunidade, as mães de Kelvin e Wender denunciaram que os policiais Julio César da Silva, Luiz Ricardo Monteiro da Silva, Jeferson Fontes Longas e Gabriel Ferreira de Lima Bosso - os quatro PMs envolvidos no suposto confronto - continuam trabalhando. A informação foi confirmada pelo advogado dos agentes, Eduardo Miléo.


A Polícia Militar, procurada pela reportagem, explicou como funciona o processo de afastamento de policiais envolvidos em confronto:


"Quando há uma intervenção policial com resultado morte, a PMPR imediatamente afasta os policiais que atuaram na ocorrência até que passem por uma avaliação psicológica. Após isto, caso estejam aptos ao trabalho, eles retornam às suas atividades. No caso em tela, não existe, até o momento, algo que desabone a conduta dos policiais militares. Desta forma, em respeito ao princípio da presunção da inocência, eles regressaram às suas atividades após o período de afastamento protocolar citado acima."


O IPM que apura o caso segue em andamento e tem o prazo de 40 dias para conclusão. Como foi aberto no dia 18 de fevereiro, deve ser concluído até a última semana de março. Miléo, que defende os policiais, declarou que vai aguardar as investigações para poder se manifestar.


O secretário de Segurança Pública do estado, Hudson Teixeira, garantiu, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (14), que a pasta está acompanhando de perto o caso e ressaltou que essa é uma investigação que vem ocorrendo de maneira “imparcial” e “sem juízo de valor”.


Teixeira também deixou claro que toda a situação em relação aos protestos vem sendo acompanhada pelo setor de inteligência da Polícia Civil e que a população tem o direito de se manifestar e a lutar pelo que elas acham justo, desde que de maneira ordeira e pacífica.


Em relação às câmeras corporais, disse que já há um prazo estipulado para a conclusão do estudo do projeto piloto, mas não deu mais detalhes. Além disso, o objetivo é ir além, segundo ele, e instalar câmeras também nas viaturas para que elas possam identificar veículos roubados e fazer o reconhecimento facial de suspeitos. “Tudo isso está sendo visto com muito respeito uma vez que é muito caro e é um recurso público, que é do povo, então a gente vai aplicar da melhor forma possível”, destacou.


Nas redes sociais, Viviane e Sirlene denunciaram "a truculência e perseguição" que policiais estão promovendo nas regiões onde as duas vivem. A advogada das famílias, Iassodara Ribeiro, ressaltou à reportagem que esteve no Ministério Público nesta quinta-feira (13) para oficializar essa demanda apresentada pelas mães ao Gaeco.


Roberto Custódio
@mais.amor.murais (Rafael +amor e Rabiskos Spadini) - imagem cedida
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