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Novos protestos devem acontecer

Jovens são mortos pela PM durante suposto confronto; parentes e amigos contestam versão oficial

Bruno Souza - Especial para o Portal Bonde
17 fev 2025 às 16:41

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Arquivo pessoal/ imagens cedidas
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Dois jovens foram mortos pela PM (Polícia Militar) durante um suposto confronto ocorrido na noite do último sábado (15), no Jardim Santiago, Zona Oeste de Londrina. De acordo com a polícia, Wender da Costa, 20, e um adolescente de 16 anos estariam armados em um veículo furtado, hipótese que familiares e amigos questionam. 


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Segundo o boletim oficial disponibilizado pela PM, eles estariam em um veículo com características semelhantes ao de um automóvel suspeito de envolvimento em furtos a residências no momento em que foi identificado por uma equipe em patrulhamento. Ainda de acordo com a PM, ao tentar abordar os suspeitos, os ocupantes do veículo teriam reagido, resultando no confronto. As mortes foram confirmadas no local.

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Após o ocorrido, entretanto, diversos vídeos viralizaram nas redes sociais sobre a abordagem dos agentes de segurança. A reportagem teve acesso às imagens que mostram a reação dos moradores do bairro com a abordagem. "Matou uma criança de 15 anos, irmão. Uma criança, seu vagabundo! Você tem noção? [Ele] Trabalhou o dia inteiro lavando carro. O que vocês fizeram?", disse um homem para os policiais.


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Também nas redes sociais, um vídeo do adolescente trabalhando num lava rápido foi compartilhado por diversas pessoas, juntamente com críticas ao suposto confronto. "Londrina pede justiça. A polícia é paga para proteger e não para assassinar inocentes. Estamos cansados dessa opressão. Cadê os direitos humanos? Dois jovens trabalhadores, sem envolvimento nenhum no crime. Confronto onde a polícia nunca toma um tiro? Chega dessa palhaçada", escreveu a colega de uma das vítimas.


A irmã do menor de idade morto também criticou o que denomina como "ação truculenta dos policiais". "Que dor! Que momento difícil. Meu irmão não era criminoso. Ele nunca foi. Pode puxar a ficha criminal dele que vai ver". Em seu Instagram, ela desabafou sobre a perda. "Aqui se encerra mais uma vida ceifada inocentemente. Meu irmão foi embora e não vai voltar mais. Só queremos justiça [...] Estava tão empolgado que estava trabalhando", lamentou.

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Uma tia do adolescente, que prefere não ser identificada, também demonstrou revolta. "O meu sobrinho trabalhava no lava-rápido. Realmente ele correu da polícia. Ele tinha acabado de comprar a moto dele para ir trabalhar. Com medo, ele saiu correndo para não perder a moto, porque estava parcelada, mas ele não tem passagem nenhuma", disse, ressaltando que a sua irmã levou um tiro de borracha ao tentar reconhecer o corpo do filho.

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Os velórios e os enterros aconteceram na manhã desta segunda-feira, no cemitério Jardim da Saudade, Zona Norte de Londrina. Pelo menos quatro protestos devem acontecer na tarde desta segunda-feira em diferentes pontos do município.

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Zona Sul: av. Guilherme de Almeida - em frente à pavilon

Zona Norte:

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- rod. João Carlos Strass, no. 800 - entrada do Felicidade 

- rua Christovam Gimenez - entrada do Flores do Campo

Zona Oeste: sinaleiro da Bratac

Zona Leste: BR 369- próximo a entrada da Vila Marisa


FURTOS NA REGIÃO NORTE E ATAQUE A ÔNIBUS


A PM se manifestou novamente no início da tarde desta segunda. Segundo o capitão Emerson Castro, do 5º Batalhão da PM de Londrina, os dois jovens eram suspeitos de ter cometido um arrombamento com violência no bairro Parigot de Souza, na Zona Norte. 


Segundo Castro, ainda na noite deste domingo (16), um ônibus da Viação Catarinense, que seguia de Maringá para São Paulo, foi atingido por pedras enquanto estava parado no semáforo próximo à Bratac, nos arredores de onde os dois jovens foram mortos.


O ataque causou danos aos vidros do veículo, e os estilhaços atingiram dois ocupantes, o motorista e uma passageira, que tiveram escoriações.


A PM recebeu apoio da PRF (Polícia Rodoviária Federal). O Siate (Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência) prestou socorro às vítimas no local e ambos os feridos receberam atendimento médico e não apresentaram lesões graves. O ônibus foi substituído e seguiu viagem para São Paulo. Castro confirmou que o protesto teve ligação com as mortes.


"Manifestantes pararam a via e com pedaços de pau, pedras e armas de fogo. Ameaçaram o motorista e depredaram o patrimônio da empresa. Esses criminosos supostamente estavam protestando contra o resultado da intervenção policial com dois óbitos. Essas pessoas são criminosas e comprometeram a segurança dos trabalhadores e a ordem pública. A polícia procura pelos suspeitos", afirmou Castro. 


'Rotina de medo, insegurança e terror' na periferia


O coordenador do CDH (Centro de Direitos Humanos) de Londrina e membro do Coped-PR (Conselho Permanente de Direitos Humanos do Estado do Paraná), Alisson Poças, afirma que a ação da PM e reação da população no Jardim Santiago não deve ser encarado como um fato isolado. “Infelizmente, os supostos ‘confrontos’ têm se tornado rotina em Londrina. Fazem parte do cotidiano o medo, a insegurança e o terror que as comunidades periféricas têm das forças de segurança”, afirma.


Para ele, quando a violência ocorre em bairros periféricos, o fato acaba sendo normalizado e frisa que o tratamento dado pelas forças policiais a moradores de bairros mais valorizados, como a Gleba Palhano, é “diferenciado”. “Tem-se a impressão de que algumas vidas valem mais e outras, menos. E uma característica marcante aqui em Londrina é que, sobretudo, jovens, na flor da idade, estão tendo seus sonhos interrompidos pela brutalidade das forças de segurança. É preciso dar um basta nessa violência”, dispara.


Poças diz que o Coped-PR esteve em Londrina nesta segunda justamente para ouvir membros do Grupo Justiça por Almas, criado por duas mães que também tiveram seus filhos mortos em uma ação policial em maio de 2022. O Conselho planeja se reunir com familiares do episódio do Jardim Santiago nos próximos dias.


A PMPR, em nota divulgada às 22h20 desta segunda, diz que apurará, através de um IPM (Inquérito Policial Militar), as circunstâncias do fato, "reafirmando seu compromisso com a legalidade e os protocolos da atividade policial".  A reportagem também entrou em contato com o MPPR (Ministério Público do Paraná) e a Sesp (secretaria de Estado de Segurança Pública) e aguarda a manifestação via assessoria de imprensa. 


(Colaborou Luís Fernando Wiltemburg)


Atualizada às 22h32


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