Londrina registrou 50 mortes em decorrência de confronto policial no ano de 2022, segundo dados apurados pelo Gaeco (Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado). O recorte dessa letalidade policial mostra que maioria dessas pessoas são jovens até 29 anos (59%), moram na periferia e são de negros (58%).
Para lutar contra essa estatística que cresceu 56% em 2022 ante 2021 e continua provocando vítimas, o Movimento 'Justiça por Almas, Mães de Luto em Luta' - formada por familiares de jovens mortos pela polícia - realizou na tarde dessa quinta-feira (15) uma manifestação na praça localizada na esquina da Avenida Duque de Caxias com a Rua Desembargador Clotário Portugal, na Vila Recreio, reguçai central de Londrina.
O protesto marcou os aniversários de morte de dois adolescentes resultados da violência: Davi Gregório Ferraz dos Santos, de 15 anos, e Gabriel Sartori, de 17 anos. Ambos foram mortos por tiros que partiram da polícia. O primeiro, em 15 de junho do ano passado, e o segundo, no mesmo dia, há seis anos.
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As mães e familiares que organizam o protesto pedem por Justiça em razão de histórias de vidas que foram interrompidas como a do adolescente Davi Gregório Ferraz dos Santos que foi morto, aos 15 anos, pela Polícia Militar há exatamente um ano - dia dia 15 de junho de 2022. O corpo foi encontrado num imóvel da Avenida Duque de Caxias, na Vila Recreio, onde supostamente ele tinha ido comprar maconha. Segundo a mãe, a agente comunitária de saúde Marilene Ferraz da Silva Santos, a polícia foi ao local, atendendo uma chamada, a procura de um traficante e não de Davi.
A versão oficial é de que o adolescente teria sacado um revólver 38 durante a abordagem. A mãe tem convicção de que o adolescente jamais pegou na arma que os policiais alegam que ele usou. O revólver não estava no local do óbito. Foi entregue aos peritos pelos PMs posteriormente. “Os PMs já chegaram atirando”, afirma a mãe. Assustado, Davi teria buscado se esconder na casa onde foi assassinado. De acordo com a mãe, foram disparados 15 projéteis nas regiões torácica e lombar e no antebraço direito do jovem. “O Estado vem e mata seu filho e você é obrigado a conviver com essa dor todos os dias”, desabafa Marilene.
Os familiares não acreditam na versão da polícia de que as mortes ocorreram em confrontos nos quais as vítimas reagiram à abordagem com armas em punho. Todas alegam que os jovens foram executados.
“Nossa luta é grande. Não pretendemos desistir nunca. Queremos mostrar para a sociedade o que realmente acontece na nossa cidade. Queremos justiça, que os culpados sejam punidos”, afirma Marilene.
Entre as reivindicações das famílias, está a constituição de uma força-tarefa para investigar os casos; o uso obrigatório de câmeras nos uniformes dos policias e obrigatoriedade de exames toxicológicos periódico para esses profissionais. “Nossos filhos e parentes se foram e jamais voltarão, mas não podemos permitir que os assassinos continuem impunes e matando. As mortes não param”, reclama Marilene.