Uma estudante do Colégio Estadual Profª Roseli Piotto Roehrig, localizado na Zona Norte de Londrina, foi contemplada pelo programa Ganhando o Mundo, do Governo do Paraná, para fazer um intercâmbio de cinco meses na Escócia, país integrante do Reino Unido. Ana Laura Costa, de 16 anos, sempre estudou em escolas públicas e, pela primeira vez, terá a oportunidade de sair do país para aprimorar a língua inglesa, que aprendeu sozinha, sem a ajuda de cursinhos.
Morando atualmente no Residencial do Café (Zona Norte), a adolescente n
asceu em Cornélio Procópio (Norte Pioneiro) e foi criada em Rancho Alegre (Norte Pioneiro). Ela chegou a Londrina há 1 ano já com o objetivo de conquistar a bolsa para o programa, que conheceu por meio de uma professora da sua cidade.
"Fiquei sabendo do programa por uma professora de Rancho Alegre. Ela disse para eu me empenhar bastante no 9º ano [Ensino Fundamental], pois as notas serviriam para eu passar no programa quando tivesse no 1º [ano do Ensino Médio]. Agora, estou no 2º ano [Ensino Médio], ou seja, foram três anos de preparação", disse Ana Laura, em entrevista ao Portal Bonde nesta quarta-feira (31).
O caminho até a jovem conquistar a vaga foi longo. Para ter chances de ser selecionada, ela precisou prestar serviços como voluntária nos colégios em que estudou, a fim de ganhar certificados de monitora. Além disso, Ana Laura também se dedicou ao máximo nas atividades das plataformas Inglês Paraná High (Ensino Médio) e Inglês Paraná Teens (Ensino Fundamental), fundamentais para a seleção ao programa.
"Todos os alunos do Paraná precisam estudar na plataforma de Inglês, mas os que são destaque vão adquirindo certificados ao longo do tempo". Além da plataforma de inglês, ela também fez outros cursos e monitorias para agregar no currículo. "Comecei por inglês, redação e leitura. Em seguida, trabalhei como bibliotecária, porque o meu colégio não tinha bibliotecária. Também fui assistente de professora do PMA [Programa Mais Aprendizagem]. Esses três anos de certificados e essas horas foram extremamente importantes para eu conseguir entrar no programa", frisou.
Ainda em Rancho Alegre, onde estudava no Colégio Estadual Paulina Pacífico Borsari, a adolescente não media esforços para se dedicar aos estudos, ficando em tempo integral dentro da escola, ao lado daqueles que lhe compartilhavam ainda mais conhecimento.
"Sempre gostei de ficar no colégio e, como não tinha muita coisa para fazer lá em Rancho Alegre, gostava de ficar com os professores, de conversar, de ter essa troca, porque vale a pena, né? São pessoas vividas e com experiência. Sempre me deram ótimos conselhos."
Ana Laura sairá de Londrina dia 15 de agosto rumo a Dalkeith, na Escócia, onde permanecerá até 10 de janeiro. A ansiedade, segundo ela, é incontrolável. A experiência é a primeira do tipo na vida da jovem.
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"Eu estou mais ansiosa para ver como é a cultura. Quero realmente ficar imersa na cultura escocesa e trazer tudo para o Brasil e para os meus pais. Quero explicar como as coisas funcionam por lá, além de aperfeiçoar o meu inglês, que é o meu maior objetivo."
Ana Laura e outros intercambistas do Paraná estudarão em colégios regulares do país europeu. A proposta é que eles entendam e se adequem às metodologias locais. O Governo do Paraná custeará as passagens, planos de saúde e ortodôntico, um kit com mochila e roupa, um voucher de R$ 1,6 mil no primeiro mês e R$ 800 nos meses seguintes, além de alimentação, energia elétrica e alojamento. "Até agora, não tivemos que gastar com nada", salientou a estudante.
A jovem da Zona Norte de Londrina se surpreendeu positivamente ao contar aos familiares, amigos e professores a notícia de que havia sido selecionada para o programa. Para ela, o apoio foi fundamental para seguir rumo ao sonho.
"Foi muito importante ver como os professores acreditavam no meu potencial. Quando saiu o meu resultado, foi uma felicidade, tanto para mim quanto para eles, porque o maior objetivo do professor é se realizar por meio do aluno. Tanto em Rancho Alegre quanto aqui. Alguns inclusive se dispuseram a fazer o que for necessário enquanto eu estiver lá."
Mesmo com a preocupação de ficarem longe da filha, os pais de Ana Laura também deram total apoio a ela. "A minha mãe ficou bem feliz e disse para eu viver a minha vida, aprender uma profissão. O meu pai foi o que mais ficou preocupado, mas, depois de um tempo, a minha mãe foi conversando e ele aceitou."
"De igual, o mundo está cheio. Faça diferente, filha". Este sempre foi o conselho dado a Ana Laura pelo seu pai, Paulo Roberto Costa, de 54 anos. Em relato ao Portal Bonde, o empresário do ramo de reciclagem demonstrou o orgulho que sente pela conquista da filha, mas destacou que o mérito é exclusivo dela.
"Sempre falei uma frase marcante para ela: "De igual o mundo está cheio. Faça diferente". Ela tem uma mãe que sempre deu suporte dentro de casa, cuidou bem dela, enquanto eu ficava mais ausente. A gente fez de tudo para facilitar a vida dela. Eu fico muito orgulhoso. É uma recompensa. Mas quero frisar que o mérito é todo dela!", pontuou.
Ele relembrou os períodos em que a adolescente ficava longe de casa por longas horas para ficar na escola. O que era preocupação na época, hoje se tornou admiração pela jornada da filha.
"Às vezes, a gente ficava até bravo, porque ela se ausentava muito de casa. Éramos de cidade pequena e ficávamos preocupados. É difícil soltar uma menina de 13 ou 14 anos assim, né? Sempre que a gente ligava, ela estava na escola, auxiliando os professores", contou Paulo.
Segundo o empresário, a seriedade que ele e a sua esposa deram à educação de Ana Laura foi importantíssima para que a jovem continuasse no "caminho correto" e alcançasse os seus objetivos por meio dos estudos.
"Nós sempre fomos bem rígidos em relação ao comportamento dela na escola. Não somos pais que brigam com o professor quando acontece alguma coisa. Pelo contrário. Estamos presentes em toda reunião de pais para saber o que está acontecendo. Quero que ela saia daqui uma adolescente e volte uma mulher."
A mãe de Ana Laura, Andreia Aparecida Costa, de 46 anos, ficou emocionada com a notícia de que a sua filha sairia do Brasil por quase um semestre inteiro, mas nunca pensou em barrar a conquista, após tantos anos de dedicação.
"A gente que é mãe fica com aquele sentimento de ninho vazio quando o filho sai de casa. Ao mesmo tempo, estou contente porque ela vai realizar um sonho que a gente não teve condições de proporcionar, de bancar um intercâmbio. Mas tudo foi mérito dela. Não vamos tirar isso. Seria muito egoísmo meu tirar uma oportunidade que ela conquistou e que a gente não pôde dar", disse.
A preocupação maior agora é manter a estudante na Escócia, pois, mesmo com o apoio financeiro do governo, eles estão cientes que precisarão enviar recursos para ajudar na estadia.
"Estamos nos preparando também, porque sei que os R$ 800 transformados em libras não vão ser suficientes. Nós vamos mandar mais dinheiro para ela aproveitar a vida enquanto estiver lá. É uma oportunidade única, que ela seja feliz!", complementou o pai.